Já haviam sido jogados 110 minutos de futebol. As pernas já não corriam mais, e as cabeças estavam quentes. Tanto que a do astro Zinedine Zidane foi parar no peito de Marco Materazzi. Foi o último ato do camisa 10 em uma Copa. Naquela partida, França e Itália decidiam a Copa de 2006. O meia havia marcado um gol, o zagueiro, outro. A decisão do título acabou resolvida nos pênaltis, e dessa vez a "loteria" das penalidades sorriu para a Azzurra, que se tornava tetracampeã do mundo em Berlim.
"Disse algumas palavras estúpidas a Zidane, que não eram suficientes para provocar tal reação. Em qualquer campo de Roma, Nápoles, Milão ou Paris se escutam coisas bem piores. Falei da irmã dele", disse Materazzi, anos depois, sobre o lance que virou até estátua na capital francesa.
A decisão teve o protagonismo de Materazzi e de Zidane, mas não só. A França tinha Henry, Ribéry, Makélélé, Thuram. A Itália Fabio Cannavaro, eleito o melhor do mundo naquele ano, Andrea Pirlo, Francesco Totti, Gianluigi Buffon... Não foi fácil decidir o campeão do mundo...
A final
O apitador argentino Horacio Elizondo foi muito acionado aquele dia. Tanto que o jogo começou com uma falta de Cannavaro em Henry, e teve um pênalti logo aos cinco minutos.
Malouda invadiu a área pela canhota, trançou pernas com Materazzi e caiu. Elizondo marcou a penalidade. Na cobrança, Zidane, que mandou uma cavadinha que bateu no travessão, quicou dentro do gol e depois foi parar nas mãos de Buffon. Mas era tarde: o gol foi confirmado.
Os italianos responderam na bola parada. Andrea Pirlo cobrou escanteio na área e Materazzi ganhou no alto da defesa inimiga para deixar tudo igual.
A bola parada foi o grande pesadelo francês, e Luca Toni quase virou aproveitando outro escanteio da direita de Pirlo. O atacante mandou no travessão.
Toni chegou a mandar bola para a rede no segundo tempo, mas teve o tento anulado. Os Azuis buscavam responder com a habilidade de Henry, que parou em defesa de Buffon.
Chances não faltaram para o campeão sair no tempo normal. Ou na prorrogação. Zidane teve uma das mais claras ao receber cruzamento com liberdade na área. A cabeçada foi violenta, mas Buffon espalmou.
A cabeçada mais violenta do craque, entretanto, foi pouco depois, em Materazzi, que acabou com a expulsão do 10 francês. A Itália ainda teve uns minutos com um a mais, mas não evitou as penalidades.
A Azzurra teve de exorcizar o fantasma de 1994. E o fez com maestria: ninguém falhou um pênalti. A lição estava aprendida. Depois de Trezeguet desperdiçar uma cobrança, Fabio Grosso deu o último chute e garantiu o tetra italiano.
1-1 (5-3 Pen.) | ||
Marco Materazzi 19' | Zinedine Zidane 7' (pen.) |