Sábado, dia 16 de maio de 2015, final de tarde na Inglaterra. Um momento de festa, emoção e ao mesmo tempo de tristeza. Anfield teve suas arquibancadas lotadas para se despedir de um filho ilustre. Steven Gerrard vestiu pela última vez a camisa do Liverpool diante de sua fanática torcida. Para trás ficou, embora eternizada, uma trajetória de lealdade, conquistas e idolatria.
Não que tenha sido uma caminhada repleta de títulos, aliás, foram tantas decepções como alegrias a nível coletivo. Gerrard deixou os Reds com o sabor amargo de nunca ter se sagrado campeão da Premier League. Mas na vitória ou na derrota, o capitão sempre foi elogiado por sua entrega em campo. E foi assim que se formou um ídolo.
O surgimento do ídolo
Sua estreia como profissional aconteceu no dia 29 de novembro de 1998, aos 18 anos de idade, quando entrou em campo aos 44 minutos do segundo tempo, na vitória por 2 a 0 contra o Blakburn, em Anfield. Poucos dias depois, fez o primeiro jogo como titular, diante do Tottenham.
O primeiro festejo
O primeiro gol foi um momento bastante especial e aconteceu na 25ª partida com a camisa do Reds. No duelo contra o Sheffield Wednesday, o Liverpool vencia por 2 a 1 quando Gerrard recebeu passe de Rigobert Song, deixou dois defensores para trás e chutou rasteiro no canto, sem chances para o goleiro. Foi euforia e festa total em Anfield. Era apenas o primeiro dos mais de 180 gols que o meia já fez pela equipe, o que o colocou entre os cinco maiores artilheiros da história, após ter ultrapassado o também ídolo Robbie Fowler.
O seu repertório de gols inclui cinco hat-tricks, todos eles em Anfield. O primeiro em 2005, diante do modesto TNS, pelos playoffs da Liga dos Campeões. Um deles em especial foi no jogo considerado pelo próprio Gerrard como o mais memorável diante de sua torcida. Em 2012, balançou as redes três vezes na vitória por 3 a 0 diante do Everton, o rival da cidade.
Os anos de glória
Das 17 temporadas em que Gerrard já vestiu a camisa do Liverpool, duas foram muito especiais para o clube. A primeira foi a de 2000/01, quando os Reds conquistaram cinco títulos: Copa da Inglaterra, Copa da Liga Inglesa, Copa Uefa, Supercopa da Inglaterra e Supercopa Europeia.
Na Liga dos Campeões de 2004/05, após uma final épica diante do Milan, onde perdiam por 3 a 0 ao intervalo, o camisa 8 liderou a reação dos Reds na segunda etapa, ajudando a equipe a conseguir um empate improvável. A consagração veio na disputa por pênaltis. Ali acabava um jejum de 21 anos sem conquistar o maior torneio de clubes da Europa.
Final de ciclo amargo
A conquista esteve perto na temporada 2013/14, quando o Liverpool, que ainda contava com o inspirado Luis Suárez, liderava a competição até as últimas rodadas, mas uma derrota no clássico contra o Chelsea botou tudo a perder. Quis o destino, de forma ingrata, que Gerrard falhasse na partida decisiva, escorregando com a bola no campo de defesa e permitindo que Demba Ba roubasse e marcasse o gol que abriu o caminho para a vitória dos Blues. Foi o lance mais memorável da competição, que acabou custando caro para os Reds.
Entre alegrias e tristezas, a história chegou ao final com um enorme reconhecimento e idolatria por parte da torcida. Antes de pendurar as chuteiras, Gerrard se aventurou no futebol dos Estados Unidos, pelo LA Galaxy, mas a página mais marcante de sua trajetória já tinha sido escrita e finalizada.