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      D'Alessandro, o craque sanguíneo

      Texto por Gustavo Bica
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      O coração sanguíneo e vibrante de Andrés D'Alessandro adotou o Internacional como a sua casa. No mais autêntico estilo argentino, o meia conquistou a torcida colorada com o seu jeito enérgico dentro de campo, aliando raça e qualidade técnica. Decisivo em Gre-Nais e protagonista nas grandes conquistas, El Cabezón eternizou seu nome dentro do Beira-Rio.

      D'Ale começou sua carreira na Argentina, ganhou destaque pelo River Plate, passou pela seleção e até se aventurou pelo futebol europeu, mas foi com a camisa colorada que virou ídolo.

      Prodígio do River 

      Nascido no bairro de La Paternal, em Buenos Aires, Andrés D'Alessandro foi mais uma joia argentina lapidada pelo River Plate. O meia estreou profissionalmente em 2000, mas começou a ganhar destaque no time principal apenas duas temporadas mais tarde.

      Antes de ganhar sequência pelos Millonarios, o prodígio despontou com a camisa albiceleste. Ao lado de Saviola e Maxi Rodríguez, D'Ale levou a seleção argentina ao título mundial sub-20 em 2001 e alavancou as expectativas geradas sobre seu futuro.

      De volta ao River, o argentino ganhou a tão sonhada sequência como titular e deslanchou com o seu talento. Junto com nomes importantes para a história do clube, como Ortega, Coudet e Cambiasso, D'Ale ajudou o River Plate a conquistar dois títulos nacionais, antes de ser vendido ao futebol europeu.

      O meia desembarcou inicialmente na Bundesliga e atuou por duas temporadas e meia no Wolfsburg. Embora o bom início e a titularidade na chegada, o meia perdeu espaço aos poucos e não demorou para rodar por empréstimos a Portsmouth e Real Zaragoza. 

      Apegado às origens, o argentino encontrou um ambiente "familiar" na Espanha e reencontrou o bom futebol. No elenco com Pablo Aimar e os irmãos Gabriel e Diego Milito, D'Ale completou sua temporada com mais jogos no futebol europeu e ajudou a levar o time espanhol à 6ª posição de La Liga.

      A passagem, apesar de promissora no primeiro ano, durou apenas seis meses após a sua contratação em definitivo e terminou com um retorno para a Argentina, desta vez para atuar no San Lorenzo. A trajetória pelo Ciclón, no ano do centenário do clube, também passou rapidamente, mas abriu o caminho para um novo e duradouro destino.

      Em 2008, D'Alessandro despertou o interesse de clubes sul-americanos e provocou uma disputa pela sua contratação. O San Lorenzo tentou sua permanência, o River buscou o seu retorno e até o Grêmio, seu futuro rival, flertou com a transferência, mas foi o Inter que venceu a batalha.

      Protagonista das conquistas e decisivo nos clássicos

      D'Alessandro desembarcou em Porto Alegre no dia 30 de julho de 2008, poucos dias após as saídas de Fernandão e Iarley. O gringo chegou com a expectativa de ocupar a lacuna deixada pelos protagonistas da primeira Libertadores e Mundial do Inter e dar sequência a fase vitoriosa que o clube passava

      Quis o destino que a estreia do argentino acontecesse justamente em um clássico Gre-Nal. Ainda sem o protagonismo que viria a ter, D'Alessandro ajudou o Internacional a eliminar o Grêmio na Copa Sul-Americana e dar o primeiro passo ao título inédito.

      Na sua temporada de estreia, o argentino se tornou um coadjuvante de luxo ao lado de Nilmar, Taison e Alex para cumprir o primeiro objetivo no Beira-Rio e manter o Internacional na rotina de títulos. Campeão da Sul-Americana, D'ale participou da reformulação do elenco colorado e assumiu o protagonismo esperado logo na sequência.

      Sempre ligado ao exagero quando o assunto era temperamento, D'Alessandro nunca se incomodou com o rótulo e conquistou a torcida pela sua entrega dentro de campo. Ao lado de companheiros com características parecidas como Pablo Guiñazú e Rafael Sóbis, D'Alessandro liderou o Internacional ao bi da América dois anos após a sua chegada e quatro anos depois do primeiro título.

      O argentino não precisou marcar um gol sequer para esbanjar seu protagonismo dentro de campo. Na campanha que levou a conquista da Libertadores, D'ale liderou o meio-campo colorado e virou o símbolo do título. O camisa 10 foi eleito o Rei da América na mesma temporada e se tornou o segundo jogador colorado a receber o prêmio, ao lado de Don Elias Figueroa.

      O título da Libertadores levou D'Alessandro a conquista da Recopa no ano seguinte, mas também reservou o episódio mais amargo da passagem do ídolo colorado. No sonho do segundo título mundial, o meia argentino foi mais um a sucumbir diante do Mazembe e não conseguir impedir a eliminação na semifinal.

      A página traumática não borrou a imagem de idolatria do argentino, que colecionou muito mais momentos felizes do que tristes na sua passagem pelo Beira-Rio. Além das conquistas continentais, o argentino também enfileirou sete campeonatos estaduais, sendo seis em sequência.

      A soberania estadual simbolizou a marcante participação de D'Alessandro quando o assunto era clássico. Durante sua passagem, o meia se tornou no maior algoz do rival colorado e transformou o Grêmio na principal vítima dos seus gols. Das 92 vezes que balançou as redes, em nove oportunidades foram contra o Tricolor. 

      Além de ser impiedoso dentro de campo, o argentino também mostrou o espírito provocador e sempre deixou a tensão do clássico nas alturas. D'Ale provocou a torcida em comemorações, arranjou discussão durante o sorteio antes do início de uma partida e até recebeu cartão vermelho no banco de reservas. O meia sempre foi protagonista em clássicos.

      Um fim digno após as crises

      Após viver uma lua-de-mel no Internacional, D'Alessandro enfrentou sua principal crise no clube em 2016. Em rota de colisão com a diretoria da época, o argentino decidiu dar um tempo na relação e optou por retornar para a sua antiga casa em busca de aconchego.

      De volta ao River, o argentino assistiu de longe as suas próprias convicções se confirmarem com o Inter conhecendo o fundo do poço no seu primeiro rebaixamento. Enquanto o Inter vivia seu calvário, D'Ale voltava a ser decisivo e ajudava o clube que o formou a conquistar uma Copa da Argentina e uma Recopa Sul-Americana.

      No retorno ao Beira-Rio no ano seguinte, o ídolo encontrou o Internacional em ruínas e mostrou sua idolatria também nos momentos ruins. Aos 36 anos, superou os problemas físicos, fez sua segunda temporada com mais jogos na carreira e liderou o time gaúcho ao retorno à primeira divisão.

      A dívida de gratidão estava paga e, em 2018, começou a encaminhar a fase final da carreira. Assim como foi recebido por Bolívar, Índio e Alex, D'Alessandro fez questão de participar da transição para o próximo protagonista colorado, mas acabou sofrendo com a dificuldade do clube em encontrar um novo líder.

      Embora as dificuldades físicas, o meia ainda esbanjava qualidade técnica e comandou o Inter até a decisão da Copa do Brasil em 2018. Por conta de problemas musculares, assistiu do banco de reservas o Colorado perder o título para o Athletico Paranaense no Beira-Rio na sua segunda derrota em casa em finais da Copa do Brasil.

      Com a chegada de Coudet, em 2010, acabou perdendo espaço no clube por conta do estilo de jogo do compatriota, que exigia intensidade, além do que o meia poderia entregar. Antes do final da temporada, D'Ale preparou a torcida para a sua despedida e confirmou que não renovaria seu contrato. 

      Em 19 de dezembro, em duelo contra o Palmeiras, com o Beira-Rio vazio devido à pandemia, o argentino fez a sua primeira despedida oficial, recebeu homenagem do clube pelos serviços prestados e se emocionou com a família sendo a única presença nas arquibancadas.

      Apesar de encerrar sua história, momentaneamente, com o Inter, o argentino descartou pendurar as chuteiras e se aventurou no futebol uruguaio para atuar pelo Nacional. Em 30 jogos pelo Bolso, D'Ale marcou um gol e repetiu sua história de conquistas, faturando a Supercopa nacional.

      Poderia ser ali o final da história de amor e reciprocidade do argentino com a bola, mas, em gesto de gratidão, o Inter convenceu o seu ídolo a retornar pela última vez ao Beira-Rio e se despedir com a casa cheia. Foram 12 jogos, a maioria pelo Campeonato Gaúcho, em um contrato de apenas quatro meses.

      No dia 17 de abril 31 mil colorados compareceram ao Gigante do Beira-Rio para assistir a exibição final de Andrés D'Alessandro. Pela segunda rodada do Brasileirão, o camisa 10 se despediu deixando sua marca na vitória por 2 a 1 sobre o Fortaleza. A última das 518 partidas pelo Inter sintetizou a gloriosa história do ídolo colorado com o habitual protagonismo e entrega que o argentino acostumou o torcedor a ver.

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      Andrés D’Alessandro (ARG)
      Andrés D’Alessandro (ARG)

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