A Copa do Mundo de 1962 voltou a ser sediada na América do Sul após três edições. A Taça Jules Rimet foi disputada no Chile, já que a última tinha acontecido no Brasil, em 1950 e a escolha do país-sede foi feita em Lisboa, em 1956, graças ao brasileiro filho de chilenos Carlos Dittborn.
Depois do terremoto que deixou mais de dois milhões de vítimas, entre mortos, desabrigados e feridos, em 1960, a FIFA quase mudou de ideia. Entretanto, o dirigente Dittborn garantiu a realização da competição, porém, ele faleceu um mês antes do início. Ele recebeu a homenagem no nome do estádio em Arica.
Atual campeão, o selecionado brasileiro chegou ao Chile com o status de time a ser batido. E não era para menos. Com a base mantida por Vicente Deola, que deixou o cargo por problemas de saúde e deu lugar ao Aymoré Moreira, o Brasil mostrou toda sua força já na primeira fase, quando encarou México, Tchecoslováquia e Espanha. Com duas vitórias e um empate, somou cinco pontos e terminou em primeiro lugar.
Apesar de confirmar o favoritismo na fase inicial, os brasileiros sofreram uma catastrófica baixa: Pelé, o Rei, sofreu uma contusão na primeira etapa do segundo jogo, contra a Tchecoslováquia. O provável protagonista da Copa estava fora da edição... a partir daí, entra o "Mané" Garrincha em ação. Vale lembrar também que, Amarildo, o substituto do eterno camisa 10, foi peça fundamental ao longo da campanha.
No início do mata-mata, o Garrincha chamou a responsabilidade e comandou a vitória sobre a Inglaterra, indigesto adversário em 1958, na Suécia, que, desta vez, foi presa fácil nos pés da estrela da cidade de Pau Grande. Resultado? 3 a 1 e baile brasileiro em Viña del Mar.
Nas semifinais, os anfitriões chilenos já planejavam uma futura classificação para a final como citado pela imprensa do país que comemorariam "tomando um autêntico café brasileiro". Esqueceram de contar com a alta performance da seleção e a inspiração de Garrincha. O "gênio das pernas tortas" marcou dois gols e ainda tomou cartão vermelho após revidar agressão do adversário.
A partida terminou com a vitória brasileira por 4 a 2. Vavá também balançou a rede duas vezes. Como o bandeira do jogo, Esteban Marino, não foi encontrado no dia do julgamento, o ponta-direita do Botafogo estava confirmado para a final.
Sem Pelé e com Garrincha gripado e jogando no sacrifício, o Brasil entrou em campo contra a Tchecoslováquia e fez uma partida equilibrada. Se o primeiro tempo terminou empatado por 1 a 1, na etapa final, a seleção canarinho mostrou o bom futebol daquela Copa, comandada por Garrincha e se impôs.
Vavá, artilheiro do Brasil da edição ao lado de Mané Garrincha, desempatou a decisão e se consagrou o primeiro jogador, naquela época, a marcar em duas finais de Copa do Mundo. Zito ampliou e o Brasil venceu por 3 a 1. A seleção sagrou-se bicampeã do mundial, ficando empatada com Uruguai e Itália, dois títulos cada.
Se Maradona carregou a Argentina nas costas em 1986, Garrincha fez isso muito antes, em 1962, com o Brasil. Sem Pelé, contundido, foi o camisa 7, aos plenos 28 anos, que tomou conta do Mundial. E o repertório não apresentou apenas dribles impossíveis, o Mané fez gols, cruzamentos perfeitos, cobrou faltas magistrais, escanteios perigosíssimos... um verdadeiro CRAQUE!