Em algum lugar, mesmo que lá de cima, Luciano do Valle ainda não deve ter encontrado palavras para descrever Marta. Ainda assim, de lá, de onde quer que esteja, o lendário narrador deve ter relatado, com a mesma emoção de sempre, o golaço de Marta contra o Kansas City. Como se o tempo não conseguisse agir com sua impiedosa máquina de envelhecimento. A voz de Luciano talvez venha do nosso subconsciente. Mas Marta nos gramados (ainda) é uma imagem real.
A Rainha Marta, a alagoana que tanto nos fez sorrir, parece receber as homenagens do futebol por tudo o que fez ao longo das últimas duas décadas. Por tudo o que nos deu: a nós, não só brasileiros, mas fãs do futebol.
É daqueles finais de filme perfeitos, dignos de Hollywood: a história da heroína que, mesmo após muito sofrer, conseguiu o final feliz.
Sofria o Orlando Pride, com o gol de Debinha, compatriota de Marta. Mesmo quando a fenomenal Barbra Banda virou o placar, ainda estava tudo em aberto: o Kansas City estava no jogo.
Até que, aos 82 minutos, ou 37 do segundo tempo, Banda roubou bola no campo de ataque. E Marta, como se tivesse 25 anos, arrancou em velocidade. Seria normal se ela não tivesse esse tempo de carreira. Se não fosse o final do jogo. Mas ela venceu o tempo.
Depois venceu também as marcadoras: deixou duas caídas no chão, já na área. E tirou também da goleira. A Super Marta deixando as "vilãs" pelo caminho para escrever o conto de fadas perfeito. O Orlando Pride venceu por 3 a 2.
Ainda resta uma página em branco no roteiro do filme. Que parece perfeito: nesta segunda, Marta foi eleita, pela segunda vez na carreira, para a seleção da NWSL. Aos 38 anos, a craque vai para sua primeira final de NWSL. Assim como o Orlando Pride. No próximo sábado, o Washington Spirit vai tentar ser o vilão da história. Mas o final perfeito já está nos nossos sonhos: não há palavras para descrever!
Marta is simply magical🪄
— National Women’s Soccer League (@NWSL) November 17, 2024
This one will be on repeat forever! #NWSLPlayoffs pic.twitter.com/MZh3gJryCL