River Plate e Boca Juniors tiveram tempo, montaram projetos e foram ao mercado, mas não conseguiram emplacar as suas estratégias. Os dois clubes começaram a temporada com campanhas decepcionantes no Campeonato Argentino e chegam com expectativas baixas para o Super Mundial.
O ano do Boca Juniors foi de mal a pior dentro e fora de campo. Os Xeneizes fracassaram na Libertadores, sendo eliminados nos pênaltis, em plena Bombonera, para o Alianza Lima na primeira disputa da fase pré.
No Campeonato Argentino, o Boca repetiu a frustração e caiu nas quartas para o Independiente, novamente em casa. As campanhas ruins no primeiro semestre, somado ao clássico perdido para o River Plate, resultaram na demissão de Fernando Gago, às vésperas do Mundial.
Ídolo xeneize, o treinador argentino havia sido recrutado para comandar o projeto para o Mundial. Sem conseguir contornar os problemas internos e sem resultados dentro de campo, Gago perdeu o cargo após seis meses de trabalho.
Embora o trabalho questionável do ex-volante na área técnica, a responsabilidade pelo fracasso ficou na conta de Juan Román Riquelme. O atual presidente do clube sofreu com a crise interna e não conseguiu agradar à torcida com os reforços.
Nas janelas de transferências desta temporada, Riquelme abriu os cofres, mas não conseguiu buscar os reforços de peso desejados. A diretoria xeneize sonhou com nomes de seleção como Leandro Paredes e Lucas Torreira e acordou com chegadas menos badaladas. Entre os nomes cotados apenas Ander Herrera aceitou o desafio, mas não convenceu em campo.
Carlos Palacios, ex-Inter e Vasco, Rodrigo Battaglia, ex-Atlético, e Marchesín, ex-Grêmio, foram os principais reforços de uma janela decepcionante na Bombonera.
Campeões mundial sem brilho
Se de um lado da capital argentina as estrelas ficaram apenas nos sonhos, do outro o River Plate fez jus ao apelido de Millonario e invejou o rival com as chegadas de campeões mundiais.
Marcos Acuña, Germán Pezzella e Gonzalo Montiel reforçaram o elenco que já contava com Franco Armani entre os nomes vencedores da Copa no Catar. As repatriações de Martínez Quarta e Driussi também elevaram o nível do elenco com peças com passagem pela Albiceleste.
Sem falar em Kevin Castaño e Gonzalo Tapia, jovens contratações das seleções colombiana e chilena, e Matías Rojas e Giuliano Galoppo, jogadores com passagens recentes pelo futebol brasileiro, que também desembarcaram em Buenos Aires nesta temporada.
As estrelas não ficaram apenas nas contratações para o campo. Depois de uma aventura no Arábia Saudita, o River reatou o seu casamento com Marcelo Gallardo para tentar retomar a sinergia para o Mundial.
Parecia ter tudo para dar certo, mas os Millonarios não conseguiram justificar os investimentos feitos e, apesar da escala menor em relação ao rival, também fracassaram com atuações decepcionantes desde a temporada passada.
Além da eliminação no Más Monumental para o modesto Platense no Campeonato Argentino, o River não conseguiu convencer na fase de grupos da Libertadores e avançou sem o brilhantismo esperado.
Grupos acessíveis, mas nem tanto...
O caminho de River e Boca no Super Mundial até poderia ser mais complicado, mas os maiores adversários em uma eventual classificação na primeira fase serão os próprios rendimentos nesta temporada.
No Grupo C, o Boca Juniors estreia na segunda-feira em um duelo decisivo para as suas pretensões no torneio. Os Xeneizes encaram o Benfica na partida que pode definir os rumos da chave em que o Bayern de Munique carrega todo o favoritismo e o Auckland City chega como possível saco de pancadas.
No Grupo E, o caminho do River Plate parece menos desesperado para tentar uma classificação. O time de Marcelo Gallardo começa a sua trajetória na terça-feira contra o Urawa Reds e enfrenta ainda o Monterrey em busca de uma vaga nas oitavas. Japoneses e mexicanos serão os adversários dos Millonarios na chave em que a Internazionale tem tudo para terminar como primeira colocada.