A Espanha tem o futebol mais atraente da Europa, indepentende do título da Euro. Na final após eliminar a França, a seleção de Luis De La Fuente é a grande favorita para levantar a taça, mesmo diante da Inglaterra e seu poderoso elenco. Pelo que apresentou no campo. Com um modelo de jogo que impulsionou um time jovem e insinuante. E com o impacto de um reserva que se tornou protagonista.
Melhor ataque da Eurocopa, a Espanha tem em sua força ofensiva seu grande diferencial. Mas para decidir os lances no último terço, o time tem como plataforma conceitos interessantes de um técnico muito promissor que são aplicados de forma eficiente pelos jogadores.
Algumas coisas são heranças de Luis Enrique para De La Fuente. Embora a Fúria seja, hoje, uma versão melhorada, com adaptações fundamentais para tornar o time mais competitivo. Mas uma escolha de Luis Enrique que segue funcionando com De La Fuente é Unai Simón. A qualidade do goleiro em sair jogando com os pés é fundamental para o sucesso da equipe.
Para a Espanha, tudo começa com uma saída de bola qualificada. E, embora ainda mantenha um jogo de posição com saída sustentada, o faz com muito mais verticalidade. Busca aproximações em alguns momentos, mas cria linhas de passe no corredor central para avançar com mais velocidade.
A Espanha adota como sistema tático o 1-4-2-3-1, ou 1-4-3-3 a depender do momento do jogo. A saída de bola é uma saída 3+1, com Unai Simón atuando entre os zagueiros e Rodri em uma linha mais adiantada. Os laterais dão amplitude, e Dani Olmo e Fabián Ruíz criam linhas de passe no corredor central.
Caso o rival adote uma pressão alta, por conta da amplitude dada pelos laterais e pela verticalidade do jogo dos zagueiros e, também, de Unai, Olmo e Ruíz são capazes de criar linhas de passe no entrelinhas. Recebem com mais liberdade para girar e ficar de frente para o gol adversário, avançando ao último terço em uma posição favorável.
Além de uma saída vertical desde a defesa, outro conceito fundamental para o modelo de jogo de De La Fuente é o conceito de atração. Principalmente no corredor lateral esquerdo: a Espanha atrai o adversário para o setor, criando superioridade numérica com muitos jogadores no setor. Cucurella e Nico Williams ficam mais próximos da linha de fundo, Ruíz aparece também pela esquerda, Olmo e Morata mais centralizados na frente e Rodri por dentro mais recuado. São cinco linhas de passe para o portador da bola.
Com a superioridade numérica criada, e o rival tentando igualar o número de atletas para fechar as linhas de passe, há um espaço enorme do outro lado do campo. Onde se encontra Yamal, o grande destaque individual da Eurocopa até aqui.
Criar superioridade qualitativa para os pontas é outro ponto importante para a Fúria. Tanto Yamal, quanto Nico, são muito fortes no 1 contra 1. Quando acionados, partem sempre para cima do marcador em busca de vencer duelos individuais. Muitas vezes conseguem. Se não conseguirem, o time recomeça, inverte o lado do ataque para abrir a defesa e tentar de novo.
O impacto de Dani Olmo, reserva até a semifinal, também foi fundamental para o time criar mecanismos para superar adversários difíceis. Olmo se tornou o primeiro espanhol a marcar em três jogos seguidos da Euro, balançando as redes contra Geórgia, Alemanha e França, com direito, ainda, a assistência contra os alemães.
Ao contrário de Pedri, que se lesionou no início do jogo das quartas e deu lugar a Olmo, o meia do Leipzig é mais decisivo no último terço, pisa mais na área e consegue definir melhor os lances. Olmo tem 11 gols e sete assistências em 38 jogos pela seleção espanhola, enquanto Pedri somou dois tentos e duas assistências em 24.
Coletivamente funcionando muito bem, com conceitos bem interpretados e executados pelos jogadores, e com destaques individuais que desequilibram, a Espanha se tornou a sensação do futebol de seleções no momento. Chega na decisão da Euro como favorita. Que venha a Inglaterra...