Gianno Infantino, presidente da Fifa, apareceu quase de surpresa (pelo menos para o público em geral nos Estados Unidos) no Hard Rock Cafe Stadium, em Miami, para anunciar que o Inter Miami jogará o "Super Mundial" da Fifa ano que vem. Uma manobra escancarada da entidade para ter Lionel Messi em um torneio que ainda busca o apoio financeiro necessário para reunir os principais clubes do mundo.
Na verdade, poderíamos falar de muita coisa na coluna desta semana. Ressaltar, inclusive, o Inter Miami, que conseguiu a maior campanha da história da temporada regular da Major League Soccer com a goleada sobre o New England Revolution, acompanhada de perto pelo mandatário da Fifa.
Foi mais uma noite sublime para Luisito Suárez, dois gols e duas assistências, e Lionel Messi, que marcou um hat-trick e se consolidou como o maior artilheiro da história do clube, com 33 gols em 36 jogos, dois a mais que Leonardo Campana e quatro a mais que Gonzalo Higuaín. Suárez, por sinal, tem 24 (e contando...).
Há três semanas, falamos aqui neste espaço sobre a iminente conquista de Messi e companhia da Supporter's Shield, troféu simbólico criado por torcedores para presentear a melhor equipe da temporada regular (clique aqui para saber mais). Afinal, o campeão da MLS só sai no mata-mata, com a decisão da MLS Cup. O mata-mata, inclusive, começa nesta segunda, com Montréal x Atlanta United nos playoffs.
O título da Supporter's Shield, portanto, equivale ao mesmo título simbólico de um "campeão de inverno" em uma liga na Europa, ou do campeão do primeiro turno no Brasileirão. Só que, com o apoio dos fãs, ganhou uma salva de prata simbólica.
Infantino, entretanto, não quis correr riscos. Afinal, apenas sete "campeões" da temporada regular terminaram, de fato, campeões da MLS. Se antecipou a tudo, e a todos, pegou um avião para Miami e decretou: o Inter Miami estará no mundial de clubes. Com o seguinte discurso:
"Vocês mostraram que, nos Estados Unidos, são o melhor time em campo, então tenho orgulho em anunciar que, como um dos melhores clubes do mundo, vocês, com justiça, vão participar do novo Mundial de Clubes da Fifa em 2025", declarou o cartola, ovacionado pela torcida local que, claro, não poderia reagir de outra forma. Se ele vai em São Januário com o mesmo discurso, também seria aplaudido.
O Inter Miami ficou com a vaga estipulada para a equipe representante do país sede. Pode, inclusive, jogar um dos jogos em casa, já que o Hard Rock Cafe Stadium é um dos palcos do evento. Historicamente, desde a criação do Mundial de Clubes da Fifa, sempre houve um representante local. Sempre o campeão nacional, do Corinthians, campeão brasileiro de 1999 e campeão mundial em 2000, ao Al Ittihad, campeão saudita e representante do país em 2023.
Dessa vez, porém, a urgência em confirmar Messi, em meio a dúvidas quanto a força financeira do torneio, falou mais alto. Seja quem for o campeão da MLS, e mesmo sem considerar a U.S Open Cup, que é a única competição chancelada pela federação estadunidense só com equipes do país (e com as principais equipes do país), o representante local do Mundial de Clubes será o vencedor de um título simbólico, criado por fãs.
Vale ressaltar que, no regulamento quando estipulou o número de vagas e como elas seriam preenchidas, a entidade máxima do futebol definiu, apenas, que uma vaga seria do país-sede, sem estipular exatamente como ela seria distribuída.
Mesmo a crítica nos Estados Unidos foi dura quanto a escolha, e o jornal The New York Times classificou como "ridícula" a decisão. "A Fifa não está nem mesmo escondendo. Quando você está desesperado e precisa de um grande contrato em poucos meses, não há tempo para 'sutilezas' e o Lionel Messi Inter Miami está classificado", lê-se no artigo sobre o tema.
Desesperada para a validação (financeira) de um novo torneio, sem o apoio europeu, a Fifa tenta usar o nome de Messi para gerar a receita necessária para "convencer" quem for necessário de sua nova ideia. E ter Messi no Mundial até faz sentido, mas a forma arbitrária como a decisão foi tomada é que torna tudo um grande problema. Será que Infantino ainda encontrará tempo para fazer o mesmo com Ronaldo?