Brasil, Itália e Alemanha têm muito em comum no futebol. Juntas, as três seleções compartilham 13 troféus de Copa do Mundo, um passado repleto de craques e muita tradição. Quando olhamos para 2023, os três países seguem unidos, mas pelos dessabores.
Única pentacampeã e presente em todas as edições do Mundial, a seleção brasileira vive um impasse. Ainda à espera de Carlo Ancelotti, que não dá indícios de deixar o Real Madrid ao fim de seu vínculo, o Brasil acumula resultados negativos sob opções provisórias.
Depois da saída de Tite, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, deu uma "promoção" a Ramon Menezes, então técnico da seleção olímpica. O saldo foi de uma vitória e duas derrotas, sendo uma delas acachapante, diante do Senegal em amistoso.
A opção Ramon deu lugar ao interino Fernando Diniz, que acumula a função também de técnico do Fluminense. Após quatro jogos pelas Eliminatórias para a Copa, o Brasil venceu dois adversários de baixo nível técnico, Bolívia e Peru, empatou com a Venezuela, em casa, e foi superado pelo Uruguai, no estádio Centenário, algo que não acontecia há 22 anos.
Sem uma direção clara e comando, a seleção reflete essa fase de transição tanto organizacional, quanto em campo. Em seis anos de Tite, a seleção jamais perdeu um duelo nas Eliminatórias e sofreu, ao todo, oito gols - já são quatro em apenas quatro jogos. O sistema de jogo tão singular de Diniz demanda tempo e as Datas Fifa não dão grande margem para treinamentos.
Solução emergencial alemã
Desde o troféu da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, a tetracampeã Alemanha só vem descendo de nível. Nos dois mundiais seguintes, a seleção ficou marcada por eliminações ainda na fase de grupos, primeiro com Joachim Low e depois com Hansi Flick. Ainda assim, a federação do país bancava a permanência do treinador para mais um ciclo. Esse plano ruiu depois de cinco resultados negativos em sequência, com direito a goleada sofrida para o Japão.
Livre desde que foi demitido pelo Bayern de Munique, Julian Nagelsmann chegou a ser apontado ao PSG e ao Tottenham, mas não chegou a um acordo com ambos os clubes. O jovem treinador aceitou o convite para comandar a seleção alemã até o fim da Eurocopa de 2024, onde é o país-sede e tem vaga garantida.
Nos dois primeiros jogos à frente da seleção nacional, ambos amistosos, Nagelsmann obteve um triunfo contra os Estados Unidos e ficou no empate contra o México. Exposta defensivamente, a equipe seguiu a tendência recente e sofreu gols nas duas partidas. Aliás, a única seleção a não balançar as redes germânicas em 2023 foi o Peru. Neste ano, em nove confrontos, foram incríveis 17 gols sofridos.
Azzurra com campeão nacional
Também tetracampeã mundial, a Itália sequer participa da principal competição do futebol desde 2014. Nas duas últimas vezes em que esteve em uma Copa, a Azzurra fez figuração e caiu ainda na fase de grupos.
Se muitos países lamentam a dificuldade em contar com treinadores gabaritados para o cargo, os italianos tiveram Roberto Mancini, três vezes campeão na Serie A e campeão com o Manchester City, na Inglaterra, durante quatro anos.
O ponto alto da passagem de Mancini no comando da Itália foi a conquista da Eurocopa, mas o experiente treinador falhou o objetivo de classificar a seleção ao Mundial do Catar. Ele deixou o cargo recentemente e deu lugar a Luciano Spaletti, campeão italiano com o Napoli na temporada 2022/23.
Como tem sido habitual nos últimos anos, exceto na decisão europeia de 2020, a Itália fraqueja contra adversários de expressão e em duelos decisivos. Lembrando que os italianos ficaram de fora das últimas Copas com direito a revezes para Suécia e Macedônia do Norte. Spaletti venceu na estreia, contra Malta, mas viu sua equipe ser derrotada pelos ingleses pelo placar de 3 a 1.
A escassez de talentos no futebol italiano tem sido tanta, que a rede de observação e captação tem sido cada vez mais utilizada pelo país, com destaque para a descoberta recente Mateo Retegui, nascido na Argentina. Lucas Piton, do Vasco, chegou a ser pré-convocado e Carlos Augusto, que também estava na mira, preferiu aguardar o chamado da seleção brasileira - o que aconteceu.
Unidos pela tradição no futebol, Brasil, Itália e Alemanha se acostumaram a não dar chances a seus adversários. Como numa espécie de relação matrimonial, as três seleções seguem unidas não só na alegria, mas também na tristeza. Nem só de vitórias se vive o esporte.