Romário, Ronaldo e Adriano acostumaram mal o torcedor da seleção brasileira. Da mesma forma, a Alemanha teve em sua história recente homens-gol como Klinsmann, Bierhoff e Klose, este último o maior artilheiro em Copas do Mundo em todos os tempos.
Depois de grandes safras de artilheiros, as duas seleções tiveram de conviver com uma queda significativa nesse departamento. O Brasil, agora comandado pelo interino Fernando Diniz, teve Gabriel Jesus e Richarlison no comando de ataque nas duas últimas Copas. Longe de convencer, os dois atletas disputam, ainda em 2023, o posto de camisa 9.
A Alemanha, por sua vez, teve Mario Gómez como referência do ataque em 2018 e, em toda a trajetória até o Mundial do Catar, buscou sem sucesso uma figura que fizesse esse papel. Sem um claro titular, o então técnico alemão, Hansi Flick, tentou mudar a forma de sua equipe jogar. Jogadores como Timo Werner, Thomas Müller e Kai Havertz traziam mobilidade e outro estilo de jogo, mas os gols faziam falta.
Às vésperas da Copa de 2022, Flick apostou em um jogador tido como de "segundo escalão". Niclas Füllkrug soma mais partidas pela segunda divisão alemã do que pela elite, é daqueles "artilheiros tardios", mas era exatamente o que a equipe precisava.
O centroavante balançou as redes em duas oportunidades na vexatória participação da Alemanha na Copa do Catar. O jogador, atualmente no Borussia Dortmund, não evitou a segunda eliminação consecutiva de sua seleção em fase de grupos, mas cada vez mais, pede passagem.
Já com 30 anos de idade, Füllkrug possivelmente é uma solução de vida curta. O atual ciclo pode representar, provavelmente, a última oportunidade do atleta se estabelecer como o camisa 9 alemão em uma Copa. Desde que iniciou sua trajetória na seleção, no ano passado, o centroavante é, de longe, o principal goleador da equipe.
São oito gols marcados em 10 jogos, mas com apenas 440 minutos em campo. Reserva em seis dessas partidas, Füllkrug precisa de apenas 55 minutos em campo para balançar as redes. O vice-artilheiro alemão nesse período é Kai Havertz, com três gols. Ainda com duas assistências, Füllkrug totaliza 10 participações para gol, em uma média de uma por confronto.
A solução Niclas Füllkrug não é das mais apelativas, principalmente em termos de nome, mas é a que mais rende frutos. A Alemanha e o novo técnico Julian Nagelsmann parecem, enfim, ter descoberto um novo homem-gol.
O posto de titular no comando de ataque da seleção brasileira segue vago. Gabriel Jesus, Richarlison, Pedro, Gabigol, Matheus Cunha foram alguns dos atletas testados, sem sucesso. Se Vitor Roque e Endrick serão muito em breve o futuro, o presente exige uma solução emergencial.
Assim como Füllkrug, o atacante do Botafogo, Tiquinho Soares, já está na casa dos 30 anos. O centroavante também não é a opção mais vistosa e muitos acreditam que, para além da idade, o ex-jogador de Porto e Olympiacos não seria um "jogador de seleção". Mas os 27 gols e sete assistências em 43 partidas na temporada podem indicar o contrário.
A experiência recente mostra que mesmo atacantes que atuam nas cinco principais ligas da Europa não têm sido capazes de preencher a lacuna da camisa 9 da seleção. Seria o momento da solução "caseira"? Ainda que indiretamente, a Alemanha pode ter mostrado o caminho para o Brasil e Fernando Diniz. Nome e idade não deveriam ser um impedimento para Tiquinho Soares.