Liberdade dos jogadores brasileiros começou com briga de Afonsinho com Zagallo

Durante muitas décadas, desde a profissionalização do futebol brasileiro, e desde que o Governo normatizou o esporte, o jogador foi propriedade do clube e, com contrato, só sairia para algum lugar caso o clube quisesse. Isso só mudaria já na década de 1990, com a Lei Pelé. Mas Afonsinho, ex-jogador do Botafogo, teve tudo a ver com isso. 

Afonsinho era um craque de personalidade, sem levar desaforo para casa. E o Botafogo tinha Gerson, que era também craque, de personalidade, e preferido de Zagallo. Para o Velho Lobo, só um jogaria: Gerson ou Afonsinho. E Gerson era o favorito do treinador. 

Afonsinho não gostava nada disso, mas esperou a sua vez. Quando Gerson foi negociado com o São Paulo, Afonsinho virou titular, mas acabou se lesionando. Quando ficou apto novamente, Zagallo voltou a colocar o meia atrás na fila para jogar.

Afonsinho não gostou, e brigou com Zagallo. Seria uma das primeiras brigas do craque no clube. A outra foi com a diretoria, que queria obrigar o atleta a fazer a barba e o cabelo. O meia achou que aquilo não era direito do clube, bateu o pé e, de "castigo", acabou emprestado ao Olaria. Na volta, o Botafogo suspendeu o contrato e impediu Afonsinho de trabalhar. 

O jogador, então, foi buscar seus direitos na Justiça. Pela cultura que existia na época, a chance de derrota era enorme. E Afonsinho, que pedia o passe livre, perdeu no TJD da Federação Carioca. Apelou, em seguida, para o TJD da então Confederação Brasileira de Desportos e ganhou, no dia 04 de março de 1971. 

Livre para decidir seu futuro, Afonsinho jogou no Vasco, no Santos, no Flamengo, no América Mineiro e no Fluminense. Depois dele, outros nomes se seguiram nos anos seguintes, até que a discussão ficou mais forte, com a criação primeiro da Lei Zico, e depois da derradeira Lei Pelé.