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      Rivalidades
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      Atlético x Cruzeiro: o clássico mineiro

      Texto por Paulo Mangerotti
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      Atlético e Cruzeiro, Cruzeiro e Atlético... A polêmica já começaria aí, na ordem de referir os times. Em Minas Gerais, é difícil encontrar um consenso quando o assunto é o clássico. Atleticanos e cruzeirenses rivalizam sobre o que for possível, dentro e fora do futebol: de vitórias no dérbi aos títulos, da eleição de um representante de sala no colégio até a escolha de um parceiro para a vida. É quase (ou como se fosse) uma ideologia.

      Difícil hoje imaginar, porém, que nem sempre foi assim. É que, no passado, leia-se até o início da década de 1950, o grande clássico do estado era entre Atlético e América. Fundados duas décadas antes do Cruzeiro, os clubes dividiam a atenção dos torcedores, eram os mais populares de Minas - tanto que esse confronto era conhecido como o "Clássico das Multidões".

      A ascensão do Cruzeiro se deu em meio ao crescimento da cidade de Belo Horizonte, da construção do estádio Mineirão e da profissionalização do futebol brasileiro. Aos poucos, a Raposa tomou de vez o lugar do Coelho, que nos primeiros anos do futebol mineiro havia sido absoluto.

      Então, lá em 1921, quando Atlético e Cruzeiro se encontraram pela primeira vez, em um amistoso, o confronto ainda estaria longe de se tornar o clássico que é hoje. Mais de 500 jogos depois, é impossível não colocar a rivalidade (quase) centenária entre as maiores do Brasil, quiçá do mundo.

      Campeonato Mineiro é coisa séria

      Como até o final da década de 1950 os campeonatos nacionais ou regionais eram praticamente inexistentes no Brasil, muito valia aquilo que se era disputado a nível estadual. E foi assim que a rivalidade entre Atlético e Cruzeiro cresceu, ano após ano.

      O Galo é o maior campeão do estado, enquanto o Cruzeiro vem logo atrás. Das mais de 100 edições do estadual, um terço delas acabaram decididas entre os rivais, desta vez com vantagem para o lado celeste. Em 1956, algo inédito: os rivais dividiram o título.

      Foi também em Campeonatos Mineiros que o clássico teve seus maiores públicos da história. O Mineirão, coliseu do futebol no estado, recebeu em oito oportunidades mais de 100 mil torcedores que se amontoavam por sua arquibancada de cimento - número impensável para os dias de hoje, em que o estádio comporta cerca de 60 mil pessoas.

      Naquele tempo, como não poderia deixar de ser, os torcedores faziam um clássico próprio fora de campo. Nas arquibancadas, a disputa era sempre para ver quem ocupava a maior parte do estádio. Bastava 1% a mais de público para decretar de quem era a torcida mais apaixonada. 

      Goleadas inesquecíveis

      Se você conhece um atleticano, provavelmente ele já contou de quando o Atlético derrotou o Cruzeiro por 9 a 2. E se você conhece um cruzeirense, certamente ele também não deixou de falar sobre a vitória por 6 a 1. O clássico é recheado de jogos históricos.

      O 9 a 2 tão falado pelos alvinegros aconteceu em 1927, em grande atuação do histórico Trio Maldito, formado por Said, Jairo e Mário de Castro. Foi válido por um Campeonato Mineiro, em que o Atlético acabou como campeão.

      O 6 a 1, referido pelos cruzeirenses, é mais recente, aconteceu em 2011. O ano era péssimo para Cruzeiro e Atlético, ambos lutavam contra o rebaixamento. O Atlético teria a oportunidade de rebaixar o maior rival no Campeonato Brasileiro, mas sofreu a derrota vexatória, que garantiu a Raposa na primeira divisão. Essa foi a maior vitória do Cruzeiro contra o Atlético, que também se gaba de uma vitória por 5 a 0 em pleno ano do centenário atleticano.

      Rei e Gênio, Dentuço e Gaúcho

      De Reinaldo e Tostão a Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, os rivais se acostumaram a ver em campo craques da melhor qualidade. 

      Para os atleticanos, Minas Gerais vive até hoje sob a monarquia de Reinaldo. Maior ídolo do clube, ele é também o maior artilheiro do Mineirão. Os cruzeirenses não deixam de se lembrar de Tostão, que guiou o clube na conquista da Taça Brasil sob o Santos de Pelé - o primeiro título nacional do estado.

      A seleção histórica desse clássico seria de dar inveja em qualquer um. Podendo partir de Raul Plassmann ou Fábio a Taffarel ou Victor; de Piazza e Perfumo a Luizinho e Vantuir; com Nelinho, uma unanimidade; de Nonato a Oldair; de Dirceu Lopes, Tostão e Alex a Cerezo, Paulo Isidoro e Ronaldinho; de Jairzinho, Joãozinho e Natal a Éder, Reinaldo e Dadá...

      A final nacional

      O clássico entre Atlético e Cruzeiro teve vários momentos de auge, mas nenhum deles se compara com a final da Copa do Brasil de 2014. O jogo valia mais que um título inédito para o Galo ou o penta para a Raposa: era a primeira vez que os rivais decidiram o título de tamanha magnitude.

      A final aconteceu na época de ouro do futebol mineiro, em que o Atlético vinha dos títulos da Libertadores e da Recopa, enquanto o Cruzeiro do bicampeonato brasileiro. O alvinegro levou a melhor, vitória nos dois confrontos, e ficou com o título. A finalíssima não foi decidida em um Mineirão meio a meio como outrora, mas em uma casa com ambiente não tão amigável para os alvinegros, com a maioria de 90% cruzeirense.

      A revanche do Cruzeiro, que nunca havia vencido o maior rival em mata-mata a nível nacional, aconteceria cinco anos depois, novamente pela Copa do Brasil. Não era final, mas para os torcedores era como se fosse. Em dois jogos equilibrados, quem levou a melhor foi a Raposa... E é assim, cíclico como o mundo da bola, atleticanos e cruzeirenses seguem em busca do próximo clássico (e motivo) para rivalizarem. 

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