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    A Locomotiva Aurinegra de Klopp: 2008-2015

    Texto por Eduardo Massa
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    Entre 2008 e 2015, o Borussia Dortmund foi de um clube na luta pela sobrevivência para um dos mais vibrantes times da história. A primeira grande obra de Jürgen Klopp transformou o futebol na Alemanha, fez o gigante Bayern de Munique se curvar à Locomotiva Aurinegra e apresentou ao mundo um novo estilo de jogo, o "Gengenpress", com uma intensidade nunca antes vista. 

    A história do Dortmund de Klopp é a do encontro mágico entre um clube em reconstrução, após quase ser levado à falência, com um carismático técnico de "segunda divisão" cuja capacidade ainda era questionada na elite alemã. Um casamento que marcaria época e terminaria com um clube revigorado internacionalmente e um técnico elevado a outro patamar. Nada disso seria possível se não fosse pela intervenção drástica de Hans-Joachim Watzke.

    A reconstrução de Watzke e a aposta em Klopp

    O Borussia Dortmund viveu tempos gloriosos na década de 90. Foi bicampeão entre 95 e 96 da Bundesliga, venceu a Liga dos Campeões e o Mundial em 1997, e parecia estar no caminho para se estabilizar como segunda força do país. A queda foi grande. A má gestão do dinheiro após a abertura de capital levou o clube a colecionar dívidas em um momento em que tentava rivalizar no mercado com o Bayern de Munique. Em 2005, o clube corria o risco de falir, quando Watzke, ex-tesoureiro, assumiu o comando. O diretor executivo ficou conhecido como o homem que tirou o time aurinegro do fundo do poço.

    @Getty / Christof Koepsel
    Salvar o Dortmund da falência, entre 2005 e 2007, foi um grande feito. Mas tentar recolocar o clube no topo da Alemanha seria um desafio ainda maior. Sem dinheiro, o Dortmund precisava valorizar todos os recursos disponíveis. Era preciso pensar diferente. E Watzke decidiu fazer a aposta em Jürgen Klopp, o carismático técnico que havia revolucionado o modesto Mainz. Um treinador promissor, mas com pouca experiência na elite e com fama de motivador. Foi o ponto de virada.

    Em um clima entre a euforia e a desconfiança, Klopp assumiu o Borussia Dortmund em 2008 com a missão de dar nova vida ao futebol sonolento do time nos anos anteriores. Euforia e desconfiança que acompanharam o técnico em seus dois primeiros anos de clube.

    Uma locomotiva desgovernada (2008-2010)

    O impacto de Jürgen Klopp foi imediato. O treinador prometeu que seu time poderia ser tudo, menos enfadonho, e logo isso ficou claro. A estreia foi com vitória na Supercopa sobre o Bayern de Munique, um evento que se tornaria rotineiro nos anos posteriores, seguido de vitórias nas estreias da Copa da Alemanha e da Bundesliga, já com sinais da intensidade que se transformaria na marca da equipe sob o comando do técnico. Mas, como seria também regra até 2010, as vitórias épicas seriam intercaladas por grandes decepções, e a derrota no Signal Iduna Park para a Udinese, pela Liga Europa, e a goleada de 4 a 1 sofrida contra o também revolucionário Hoffenheim de Ralf Rangnick trouxeram o torcedor aurinegro de volta à realidade.

    A revolução de Klopp não foi fácil. Mesmo em crise, as expectativas em Dortmund eram muito superiores às do Mainz. A qualidade técnica do elenco também era superior, e embora alguns atletas, como Subotic, estivessem prontos a atender cegamente as ordens do novo treinador, outros ainda resistiam a seus métodos. O estilo Klopp exigia uma completa entrega física, com treinos desgastantes, e nem todos estavam certos de que o esforço levaria a resultados. E o famoso "Gegenpress" - jogo de pressão constante na retomada de bola e contra-ataque (do contra-ataque) - provou ser de alto risco: bastava uma peça na engrenagem não funcionar, seja por desatenção ou pela falta de entrosamento, para tudo ir abaixo. E a cada derrota desastrosa vinham os questionamentos, da imprensa, da torcida e dos próprios jogadores. Por outro lado, a cada vitória épica, a euforia voltava a tomar conta.

    Com mais altos que baixos, o saldo foi positivo entre 2008 e 2010. A química com o torcedor foi o ponto principal do sucesso inicial de Klopp. O Dortmund pode ter ficado fora das competições europeias em seu primeiro ano, em 2008/09, mas a nova Locomotiva Aurinegra, ainda desgovernada, não conheceu uma derrota na Bundesliga frente a sua "Muralha Amarela". Com o apoio da torcida, Klopp teve tempo para amadurecer o seu sistema de jogo no Dortmund. E o sucesso que se seguiu foi estrondoso.

    O Dortmund domina a Alemanha (2010-2012)

    @Getty / Christof Koepsel
    A temporada 2010/11 começou novamente com desconfiança, depois de derrota em casa para o Bayer Leverkusen, por 2 a 0. Mas desta vez o Dortmund de Klopp estava preparado para grandes feitos, e com dois novos nomes que seriam fundamentais: a aposta polonesa, Robert Lewandowski, e o prodígio da base, Mario Götze. Além disso, outros atletas importantes já estavam habituados aos conceitos do "Gengenpress", como Hummels, Sahin e Barrios.

    A temporada 2010/11 acabou com título da Bundesliga para o Borussia Dortmund, o primeiro desde 2002. E com alguma folga: foram 75 pontos conquistados, sete de vantagem sobre o Bayer Leverkusen e 10 sobre o Bayern de Munique. Os resultados na Copa e na Europa não foram dos melhores, mas ninguém se importou com isso.

    O auge, no entanto, viria no ano seguinte. Novamente o Dortmund começou titubeante, com três derrotas em seus primeiros seis jogos. Mas a confiança agora era grande, e o time não perdeu um jogo sequer depois disso, em uma campanha recorde até então na Bundesliga.

    O momento mais marcante seria a goleada histórica sobre o Bayern de Munique na final da Copa da Alemanha, por 5 a 2. Uma goleada que merece um capítulo à parte. Foi também a quinta vitória em sequência do Dortmund sobre o gigante bávaro, um recorde no confronto. Foi também o início do fim para o lendário time de Klopp.

    O fim da magia e a retomada do Bayern (2012-2015)

    Depois da dobradinha em 2012, restava ao Borussia Dortmund recuperar seu prestígio internacional. Klopp até conseguiu isso, mas falhou em levar o clube aurinegro de volta ao topo da Europa. E tudo por conta de um "monstro" que ajudou a criar - o melhor Bayern de Munique da história. O gigante bávaro aprendeu - muito bem - a lição de futebol depois do 5 a 2.

    Em 2012/13, o Dortmund mostrou o seu vibrante futebol, com uma intensidade poucas vezes vista na história, para todo o mundo. O time, que já havia conquistado um espaço como "segunda equipe" de boa parte dos torcedores na Alemanha, conquistou corações também pela Europa e pelo mundo com sua campanha na Liga dos Campeões. Mas o sonho terminaria nas mãos do rival Bayern.

    @Getty / Alex Grimm
    O mesmo Bayern de Munique de Jupp Heynckes, goleado na final da Copa da Alemanha em 2012, se reinventou, igualando a intensidade e pressão de Klopp, mas com mais dinheiro, mais talento individual e com as qualidades adicionais do experiente técnico Heynckes. O Bayern dominou a Bundesliga de ponta a ponta, com apenas uma derrota no caminho. Venceu a Copa da Alemanha deixando o Dortmund para trás nas quartas. E se vingou de vez do time aurinegro na primeira final alemã da Liga dos Campeões. De quebra, ainda passaria a se fortalecer nos anos posteriores com os melhores jogadores do rival - Götze, Lewandowski e Hummels estiveram entre os que trocaram em algum momento o Vale do Ruhr por Munique.

    O Borussia Dortmund não conseguiu mais repetir o sucesso dos anos anteriores. O futebol alemão como um todo aprendeu com as contribuições de Klopp, assim como as de outros técnicos da geração, como Rangnick. Uma contribuição que começou ainda em seus tempos de Mainz, mas que só se tornou popular por seu sucesso no time aurinegro.

    Em 2015, com a comoção geral na cidade de Dortmund, um desgastado Klopp se despediu entre lágrimas, com a sensação de dever cumprido. O técnico decidiu por uma nova experiência na Inglaterra, pelo Liverpool, onde daria prosseguimento a sua lenda. Mas essa é outra história... A intensidade e o futebol ofensivo seguiriam como marcas do novo Dortmund, estabilizado como segunda potência da Alemanha.

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