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    Histórias do Futebol
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    São Caetano, o fenômeno 'Azulão' que ficou no quase

    Texto por Ryann Gomes
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    As zebras sempre aparecem no futebol, seja no Brasil, seja em qualquer lugar do mundo. Nuances que fazem o futebol ainda mais atraente, e comprovam que, nem sempre, favoritismo ganha jogo. Mas no período entre 2000 e 2002 foi muito mais do que isso. Um time do ABC paulista, da noite para o dia, deixou de ser apenas um time do interior e se tornou um dos mais temidos do Brasil: São Caetano.

    Se não conquistaram títulos, os jogadores do Azulão entraram para história e se transformaram, neste período, o segundo time de todo torcedor brasileiro. Com um futebol solidário, competitivo e muito organizado, o São Caetano causou estragos não apenas em seu estádio, o pacato Anacleto Campanella, mas sim no Beira-Rio, Maracanã, Mineirão...

    No meio da 'bagunça' surge o esquadrão azul

    A ascensão do time do São Caetano iniciou a participação na Copa João Havelange em 2000. Entrando na competição pelo módulo amarelo o que era equivalente a segunda divisão nacional.

    Vale lembrar que a Copa João Havelange foi o maior Campeonato Nacional que já tivemos, reuniu ao todo 116 clubes de três divisões com quatro módulos ( Azul, Amarelo, Verde e Branco) na primeira fase. A grande quantidade de times se deu devido a uma proibição judicial da CBF organizar o campeonato, por conta das irregularidades no caso Sandro Hiroshi, passando tal responsabilidade para o Clube dos 13, que não utilizou critérios de acesso e descenso do ano anterior.

    Durante a competição, o Azulão teve campanha regular e chegou ao vice campeonato no respectivo módulo, perdendo para o time do Paraná, por 3 a 1. E, mesmo sendo derrotado conseguiu, o acesso ao mata-mata da competição e a oportunidade de enfrentar os “grandes times” do futebol brasileiro.

    O mítico time comandado por Jair Picerni protagonizou seu primeiro ato diante do Fluminense, tradicionalíssima equipe carioca, que chegou com status de favorito no confronto. No primeiro confronto, um 3 a 3 no Palestra Itália ainda manteve o ar de "já ganhou" para o Tricolor das Laranjeiras. Entretanto, no jogo de volta no Maracanã, diante de quase 70 mil pessoas, o São Caetano mostrou que estava disposto a fazer história e, com uma atuação imponente e um golaço de Adhemar, venceu por 1 a 0 e causou um alvoroço na crítica esportiva brasileira.

    Nas quartas de final, o time do ABC seguiu sua trajetória de sucesso e derrubou mais um gigante: o Palmeiras. Depois de duas atuações brilhantes, o São Caetano superou o Alviverde e mandou um recado para quem ainda tinha dúvidas sobre o potencial da equipe: era hora de encarar o Grêmio. O Tricolor do menino Ronaldinho era sinônimo de perigo, mas nada parecia parar o esquadrão do ABC Paulista. Adhemar, o homem gol, voltou a brilhar e levou os caetanistas à uma final inimaginável. Porém, o adversário agora era outro: o Vasco de Romário!

    Na grande decisão, após empate em 1 a 1 no jogo de ida, em São Paulo, Vasco e São Caetano foram se enfrentar em São Januário. Durante a partida, que era dominada pelo Azulão, parte do alambrado da arquibancada do estádio cedeu e centenas pessoas se feriram. No meio do caos, apesar da vontade do presidente cruz-maltino, Eurico Miranda, de continuar com o jogo, a final foi adiada por óbvias questões de segurança. A final fora ocorrer apenas em janeiro do ano seguinte, no Maracanã. O resultado: 3 a 1 e título vascaíno. Seria o fim do legado azulino?

    Magia devastada por um certo Furacão

    Em 2001, ainda se recuperando da derrota para o Vasco, o São Caetano não manteve o mesmo desempenho no início de temporada. No Campeonato Paulista, a equipe de Jair Picerni terminou apenas na quinta colocação, enquanto na Libertadores acabou eliminado ainda nas oitavas de final para o Palmeiras.

    A má fase, no entanto, durou pouco. Com o trunfo da manutenção do equilibrado elenco, somado a contratações pontuais como a de Adaílson, Mancini, Simão e Marcos Paulo, o time do ABC Paulista voltou a encantar no Campeonato Brasileiro. Para se ter uma ideia, o Azulão emplacou 18 vitórias, cinco empates e apenas quatro derrotas na primeira fase, garantindo, com sobras, a melhor campanha da competição.

    Com o belíssimo desempenho, a equipe do interior paulista conquistou o direito de jogar pelo empate em todas as fases finais do Brasileiro. Nas quartas de final, por exemplo, o time de Picerni utilizou a vantagem obtida na primeira fase e eliminou o Bahia por conta de um empate sem gols. Nas semifinais, diante do tradicional Atlético Mineiro, o São Caetano saiu perdendo, mas contou com dois gols de Magrão para avançar à grande final. Mais uma!

    Em mais uma decisão, os paulistas, diferente do que ocorrera na última temporada, teriam direito de decidir o Brasileiro em sua casa. No entanto, do outro lado estava o Atlético Paranaense, que contava com um verdadeiro alçapão na Arena da Baixada, em Curitiba. Tanto que, no jogo de ida, o Azulão, que chegou a estar vencendo por 2 a 1, viu o artilheiro Alex Mineiro anotar um hat-trick e deixar a vida azulina ainda mais difícil.

    No jogo de volta, debaixo de chuva no ABC, o São Caetano foi vítima dos próprios erros, do nervosismo e da marcação do Atlético, que se defendeu com qualidade e ainda contou com mais um gol do matador Alex Mineiro para dar fim de vez ao sonho azul de chegar ao topo do país. Pela segunda vez seguida, o Azulão deixava o título brasileiro escapar.

    O quase topo da América

    Depois de dois vice-campeonatos nacionais, exibições fantásticas e algumas doses de azar, o Azulão voltou, ainda forte, para o ano de 2002. Apesar do insucesso na Copa Rio-São Paulo, onde fora eliminado nas semifinais, a prioridade era outro: a Copa Libertadores da América.

    Na primeira fase, num grupo que contava com Alianza Lima, do Peru, Cobreloa, do Chile, e Cerro Porteño, do Paraguai, os brasileiros, após com quatro vitórias e apenas duas derrotas, terminaram na primeira colocação da chave.

    Logo nas oitavas, o duelo foi contra os chilenos do Universidad Católica e, depois de dois empates, a classificação veio através da disputa por pênaltis. O pior ainda estava por vir. Nas quartas de final, o São Caetano esteve frente a frente com o todo poderoso Peñarol, um dos mais tradicionais clubes do continente. Será que o Azulão tremeu? Que nada! Apesar da derrota no jogo de ida, a equipe paulista deu o troco em São Paulo e carimbou sua vaga às semifinais, mais uma vez, nas penalidades.

    O América do México, dono de melhor campanha na fase de grupos, foi o adversário nas semifinais. Na primeira partida, em São Paulo, Adãozinho e Somália deram o recado e o time paulista abriu importante vantagem. Já na Cidade do México, apesar da pressão aplicada pelo time da casa, o Azulão segurou um empate em 1 a 1 e garantiu uma classificação histórica para a decisão da Libertadores. Quem iria imaginar que um time com apenas 13 anos de existência estaria credenciado a um jogo deste quilate.

    No maior jogo de sua história, os azulinos teriam pela frente o Olímpia, do Paraguai, até então bicampeão da competição. O tricampeonato era a obsessão para os paraguaios, que comemoravam o centenário do clube. O jogo de ida causou grande rebuliço no continente. O 'desconhecido' São Caetano, com o gol de Ailton, calou o tradicional Defensores Del Chaco e trouxe a vantagem para o Brasil.

    Para aumentar ainda mais a euforia brasileira, no jogo de volta, Ailton brilhou novamente e o Azulão fora ao intervalo vencendo por 1 a 0. O clima de "já ganhou" tomou conta do Pacaembu. Porém, a história mudaria de rumo na segunda etapa. Sem Jair Picerni, expulso ainda no primeiro tempo, o São Caetano se deixou levar pelo nervosismo e acabou levando, de forma inacreditável, a virada do Olímpia. 

    Sem o critério do gol marcado fora, a partida foi ser decidida nas penalidades. Nas cobranças, os paraguaios foram perfeitos. Do outro lado, não aconteceu o mesmo. Com os desperdícios de Marlon e Serginho, o São Caetano viu a taça escapar mais uma vez. Nesta que foi a pior de todas as derrotas... a Taça nunca esteve tão perto, mas foi perdida.

    Com mais uma perda de título, o belo elenco azulino acabou desmantelado, inclusive com saída do mentor Jair Picerni, que fora assumir outros desafios. Um fim melancólico para um geração que marcou história, mesmo sem ter levantado um único troféu.

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