De torcedor a herói, a história de perseverança de Joselu

A semifinal da Liga dos Campeões desta quarta-feira foi de noite mágica no Santiago Bernabéu. Em uma virada improvável, embora inevitável por se tratar de Real Madrid, Joselu marcou duas vezes, nos minutos finais, para derrubar o Bayern de Munique. O atacante é a prova de que perseverança e amor caminham lado a lado na busca por um sonho. 

Joselu nasceu em Stuttgart, na Alemanha, filho de pais espanhóis. Ainda criança, se mudou para a terra dos pais e foi criado na Galícia. Começou a jogar no SD Silleda até se mudar para o Celta, com 11 anos. Estreou no time principal em 2009, na segunda divisão, até ser negociado com o Real Madrid. Era promessa das divisões de base da Espanha, com convocações e participação na Eurocopa sub-19. 

Jogou no Castilla antes de subir ao profissional. Na verdade, antes de fazer uma "aparição especial" com a camisa blanca pela equipe principal. Joselu jogou apenas uma partida de La Liga em sua primeira passagem no Merengue: no dia 21 de maio de 2011, entrou já na reta final da goleada sobre o Almería. Marcou no minuto 87, quase como na noite de quarta, com assistência de Cristiano Ronaldo. Ainda voltou a atuar na temporada seguinte, após 26 gols pelo Castilla, na Copa do Rei. Mas em La Liga, só voltaria a defender o clube mais de uma década depois... 

Joselu voltou para a Alemanha. Defendeu o Hoffenheim, fez uma boa temporada em sua cidade natal, Frankfurt, com 14 gols em 33 jogos pelo Eintracht, e ainda atuou pelo Hannover (dez gols em 32 partidas). Passou quase despercebido no futebol inglês: nunca superou os quatro gols em uma temporada. E jogou três anos lá, por Stoke City e Newcastle. Se divertiu bastante com Peter Crouch em Stoke, e hoje carrega o nome do ex-companheiro como apelido (cortesia de Jude Bellingham). 

Sem espaço nos Magpies, Joselu voltou para a Espanha. Reencontrou os gols em Alavés e Espanyol. Foi rebaixado com ambos, é verdade. Mas sempre superou os dez gols por temporada. Foram 17 na última, pelo clube catalão, até se mudar para Madri. 

Um torcedor dentro de campo

Joselu é, de fato, um verdadeiro "torcedor dentro de campo". Ficaram "virais" na Espanha seus tuítes, de quando jogava na Alemanha, e pedia um link para acompanhar de lá os jogos do Real Madrid. 

Na temporada 2021/22, depois de terminar a campanha com o Alavés, viajou para Paris para acompanhar, como torcedor, da arquibancada, ao lado do pai, o título da Champions do Real Madrid contra o Liverpool, com gol de Vini Júnior. 

A esse fato, vale um contexto: Joselu é casado com Melanie Cañizares, irmã gêmea de Daphne Cañizares, par de Carvajal. Os dois jogadores se conhecem desde o Real Madrid Castilla. Joselu justificou a ida, na época, para apoiar o lateral. 

Agora, em campo, e ao lado de Carvajal, entrou faltando três minutos para o fim do tempo regulamentar na semifinal da Champions contra o Bayern de Munique, no Santiago Bernabéu. Tocou duas vezes na bola. Marcou os dois gols da virada e colocou o Real na decisão, mais uma vez. Realizou o sonho de todo torcedor. "Isso é ser madridista", disse, emocionado, após o encontro. 

Com 17 gols e três assistências em 46 partidas, Joselu igualou sua melhor temporada no futebol profissional, com 20 participações diretas em gol. Só conseguiu números melhores no Castilla. No próximo dia primeiro de junho, ainda poderá coroá-la com a cereja do bolo: a "Orelhuda". Dessa vez, em campo.