Para quem acompanha o futebol brasileiro, a reserva de Gio de Arrascaeta era difícil de entender. O técnico Diego Alonso demorou a entender o erro, que custou caro. Com dois gols ainda no primeiro tempo, o craque do Flamengo decretou a vitória sobre Gana, por 2 a 0, mas acabou por lamentar a eliminação ao lado de seus companheiros.
Os gols foram insuficientes para o Uruguai por conta de um capricho do destino. No outro jogo do grupo, a Coreia se aproveitou e derrotou os reservas de Portugal com um gol heroico nos acréscimos. A Coreia deve entrar agora no caminho do Brasil, na segunda-feira, às 16h. Isso, claro, se a equipe de Tite confirmar a liderança de seu grupo mais tarde, como esperado.
Gana e Uruguai só haviam se enfrentado uma vez na história, mas não foi preciso mais que isso para criar um clima de rivalidade. O encontro foi marcado pela polêmica "defesa" de Luís Suárez no último minuto da prorrogação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010. Luisito, em campo novamente em 2022, foi expulso na época, mas saiu daquela Copa construindo sua imagem de "anti-herói" uruguaio. Afinal, Asamoah Gyan desperdiçou a cobrança e a seleção africana acabou eliminada nas penalidades, fazendo valer o "sacrifício" de Suárez.
Quis o destino dar uma chance para Gana se redimir. Em um pênalti confuso aos 18 minutos, com necessidade de consulta ao VAR, a seleção africana teve a chance de se colocar na frente do Uruguai, encaminhando uma vaga nas oitavas de final. André Ayew, no banco em 2010, foi para a cobrança... E desperdiçou como Gyan.
A punição foi cruel. Pouco depois, Pellistri apareceu na ponta direita para cruzar. A defesa ganesa falhou e a bola sobrou para Luís Suárez, logo ele, finalizar. O goleiro ainda evitou o gol no primeiro lance, mas Arrascaeta estava lá para definir no rebote.
Arrascaeta sabe como ser decisivo e os torcedores de Cruzeiro e Flamengo sabem bem disso. Para não deixar mais dúvidas ao técnico uruguaio, o meia reforçou a mensagem com mais um gol no primeiro tempo. Um golaço coletivo. A troca de passes foi de pé em pé, até o toque por cavadinha de Suárez por cima da zaga, que encontrou Arrasca na área para arrematar cruzado e fazer o 2 a 0.
A seleção uruguaia, talvez com a sensação de dever cumprido, diminuiu o ritmo na segunda etapa. O empate entre Coreia e Portugal lhe era favorável, e a equipe de Diego Alonso tratou de controlar o jogo, sem sofrer muitos riscos, como manda a tradição uruguaia.
Para Gana eram precisos ainda dois gols. E os africanos foram com tudo para o ataque. As chances foram muitas. Semenyo quase descontou em bola que raspou a trave. Kudus, um dos melhores em campo, também criou oportunidades e, em uma delas, forçou Sergio Rochet a fazer defesa espetacular.
O que a seleção uruguaia não contava é com um gol coreano nos acréscimos. O desespero tomou conta do Uruguai nos minutos finais, com a necessidade do terceiro gol para avançar. Não houve tempo. Apesar de finalmente ter entregado uma boa exibição, o Uruguai se despediu da Copa... E não pela "vingança" de Gana.
0-2 | ||
De Arrascaeta 26' 31' |