Alemanha e Argentina se enfrentam para fazer história no Maracanã

No dia 16 de julho de 1950, o então maior estádio do mundo, o Municipal do Rio de Janeiro, vulgo Maracanã, começava a entrar na história do futebol com a final da Copa daquele ano, entre Uruguai e Brasil, que terminou com vitória dos uruguaios. Neste 13 de julho, o Novo Maracanã, que surgiu no lugar do antigo, com cara nova mas com a alma do velho, vai iniciar sua trajetória no planeta da bola com a decisão entre Alemanha e Argentina. 

O clima de decisão tomou conta da cidade. Quem anda pelas ruas do Rio de Janeiro sente. Saindo do metrô, torcedores argentinos cantam as músicas de sua seleção em plena quarta, quinta, sexta, sábado... Já faz tempo que os argentinos estão por aqui, no Sambódramo ou na Zona Sul. A festa é garantida seja onde eles estiverem. 

Sempre vestidos com a camisa ou com a bandeira de seu país, e sempre em grupo, eles festejam a final, que não vinha há 24 anos. A camisa que eles vestiram a semana toda vai ser a mesma com que vão assistir a final, seja no Maracanã, no telão em Copacabana ou em algum lugar da cidade. O que importa, como já dito, é a festa. No quesito animação, eles já ganharam. 

Os alemães também estão pela cidade, mas em menor número. Também passeiam pelo Rio de Janeiro com as cores de seu país, mas são mais reservados. Isso até o dia do jogo, pois todos sabem que a torcida alemã é uma das mais vibrantes. Da concentração na Zona Sul, em um bar temático, até o Maracanã, a festa estará garantida. 

Dentro de campo...

No que diz respeito a campo e bola, a trajetória das duas seleções até a final foi bem diferente. O time da América do Sul veio aos trancos e barrancos, com Messi decidindo aqui, Romero salvando nos pênaltis ali... Já o selecionado que tentará ser o primeiro da Europa a conquistar o Mundial no continente sul-americano, começou com goleada sobre Portugal e completou a festa humilhando os donos da casa em jogo que ficará marcado na história do futebol. 

O time de Alejandro Sabella não fez muitos gols na competição e, ofensivamente, dependeu muito de Leo Messi. Por outro lado, a defesa, que foi alvo de muitas críticas, funcionou. E muito. Principalmente com a entrada do experiente defensor Demichelis. Prova disso é El Jefecito Mascherano, um dos destaques do time na competição. Cada dia mais é ídolo em seu país. Até entre os torcedores do Boca, mesmo tento atuado pelo River Plate quando jovem. 

©Rener Pinheiro/VASCO.COM.BR

Para a decisão do Maraca, Alejandro Sabella terá um alento para seu ataque: o treinador contará com a volta de Ángel Di María, principal jogador do time em algumas partidas, ao lado de Messi. Fideo, como é chamado pelos amigos, participou do último treinamento junto com os companheiros, em São Januário, e entre os titulares. 

Motivação não falta

Com ou sem Di María, o selecionado argentino irá muito motivado para a partida. O técnico do time, Alejandor Sabella, que pode deixar o comando após a decisão, falou sobre o sonho e, ao mesmo tempo, da responsabilidade de uma decisão como esta, no Maracanã, com grande presença de sua torcida.

"Chegar na final e, no Brasil, é um feito que nos orgulha ainda mais. É um jogo para o qual não se precisa de motivação. O jogador se motiva sozinho. Vamos dar tudo para que a Argentina volte a ser campeã", declarou o treinador na coletiva de imprensa no estádio. 

A última vez que o principal troféu do futebol mundial foi para a terra do tango foi em 1986, exatamente em uma decisão contra a Alemanha. Na ocasião, a Argentina, comandada por Maradona, venceu por 3 a 2, com o gol do título sendo marcado por Burruchaga. Na ocasião, o estádio Azteca, no México, foi o palco da festa argentina. 

Poderoso ataque alemão

Do outro lado, uma seleção para quebrar preconceitos. Cintura dura? Cara fechada? Frio? Fala pouco? Não, todos esses estereótipos do povo alemão foram quebrados no Brasil. A delegação alemã dançou com os índios, frequentou a praia quase que diariamente na Bahia, mostrou simpatia com o povo brasileiro, viu até novela e, dentro de campo, mostrou muita desenvoltura, um futebol para frente, bonito de se ver. 

©Matheus Alves/VASCO.COM.BR

O time começou a campanha na Copa goleando a seleção portuguesa e, no último jogo antes da final, fez o histórico 7 a 1 diante dos donos da casa. Toni Kroos ditou o ritmo da equipe no meio de campo e Thomas Müller foi um dos principais responsáveis dos gols na frente, com direito ao maior artilheiro das Copas, Miroslav Klose, como um coadjuvante de luxo. 

Os alemães já fizeram história no Brasil, mas querem mais. A geração de Bastian Schweinsteiger, Philipp Lahm, Sami Khedira e companhia quer ficar marcada na história não só pelo placar elástico sobre o time de verde e amarelo, mas pelo título. Título que não veio em nenhuma das Euros disputadas, nem em nenhuma das Copas. Ficou no quase todas as vezes. Schweinsteiger sabe da qualidade do adversário, mas se mostra confiante de que, dessa vez, o troféu irá para Munique. 

"Certamente não vai ser mole para nós, não. Mas eu estou convencido de que, se nós conseguirmos empregar no campo nossas capacidades, que são astúcia e inteligência, acho que vamos conseguir ganhar esse título", declarou o meia do Bayern de Munique. 

No time de Joachim Löw, a tendência é a permanência da equipe que teve a grande atuação diante do Brasil, com Lahm atuando em sua posição original, a lateral-direita, Khedira no meio e Klose como referência. Porém, uma entrada de André Schürrle no lugar de Klose e a colocação de Müller como referência na frente não está descartada.