Bragantino aproveita 'receita' da Red Bull para 'ganhar asas' no Brasileirão

Depois de vencer o Corinthians, em Itaquera, e agora o Flamengo, no Maracanã, o Bragantino dormiu o sábado na liderança isolada do Campeonato Brasileiro, com 11 pontos. O Massa Bruta usa bem a "receita" da Red Bull para "ganhar asas" no Brasileirão. 

Receita, diga-se, não apenas falando em valores financeiros. Os milhões investidos pela empresa, que é dona de clubes ao redor do mundo, foram, de fato, importantes na formação de um elenco qualificado. Mas a receita mais importante no projeto de Bragança é a fórmula seguida pelo Braga. 

O sucesso começa no banco

Não vamos aqui abordar a reestruturação das categorias de base do Bragantino, feita pela Red Bull, com alta integração com o profissional para lapidar as jovens promessas de acordo com as características buscadas na equipe principal. Isso é conversa para outro dia. Mas para falar do sucesso do Bragantino no Brasileirão, temos de falar, necessariamente, da escolha de Maurício Barbieri como técnico. 

Ao contrário de muitos clubes no Brasil, que buscam o técnico de acordo com oportunidades de mercado, deixando de lado a avaliação estratégica do comandante e a relação desta com os objetivos e filosofias do clube, a procura por técnico em Bragança seguiu a receita do sucesso dos demais projetos da Red Bull pelo mundo.

Se na Alemanha o RB Leipzig foi dirigido nos últimos anos por Julian Nagelsmann, que tem apenas 33 anos e já possui uma carreira prestigiada ao ponto de ser contratado pelo Bayern de Munique, Jesse Marsch, que será o substituto de Julian em Leipzig, começou também muito jovem no projeto da Red Bull em Nova York, migrando a seguir para o Red Bull Salzburg, da Áustria. 

No futebol austríaco, Marsch teve a responsabilidade de lapidar nomes como Haaland, Dominik Szoboszla, Minamino e Daka, só para citar alguns. O projeto da Red Bull privilegia treinadores com alta capacitação para trabalhar com jovens em desenvolvimento, aguçando a evolução dos mesmos dentro da metodologia proposta pelo grupo. 

Barbieri conhece bem a metodologia da Red Bull, já que trabalhou no Red Bull Brasil entre 2014 e 2016. É, também, reconhecido por ter grande capacidade de trabalhar com jovens promessas. Após estágio no Porto, de Portugal, com José Mourinho, voltou ao Brasil e trabalhou por anos na base do projeto do Audax, onde mais tarde teve a chance de ser treinador na equipe carioca do grupo.

Com 40 anos, Barbieri é um estudioso, assim como Nagelsmann e Marsch, é profundo conhecedor da filosofia da Red Bull e faz parte da nova geração de técnicos brasileiros. Ou seja, o perfil certo para comandar a equipe. 

Os jovens talentos 

Seja em qual liga for: nos Estados Unidos, na Áustria, ou na Alemanha, os projetos da Red Bull são conhecidos por apostar em jovens talentos. É uma aposta mercadológica, também, mas que se prova sustentável e, ainda, traz resultados dentro de campo. E, como vimos, com os nomes certos como mentores, a chance de se colher frutos a médio prazo aumenta de forma considerável... 

O elenco do Bragantino tem a quarta menor média de idade entre os clubes da Série A (24,27 anos), atrás apenas de Ceará (23,85), Santos (23,58) e Athletico Paranaense (23,56). 

A média de idade no elenco de cerca de 24 anos segue o padrão dos outros times do grupo pelo mundo: o Leipzig teve média de idade na última temporada de 24,44 anos; o Salzburg 24,08 e o NY Red Bulls tem, na atual temporada da MLS, média de 25,02. 

Contra o Flamengo, o Bragantino contou com dois gols de atletas de 20 anos: Chrigor e Eric Ramires. Artur (23) e Helinho (21) deram assistências. 

O Bragantino não tem o elenco mais forte do futebol brasileiro. Não tem o maior investimento. Está longe de ser o favorito para conquistar o Brasileirão. Mas, por outro lado, tem um caminho claro. Sabe onde quer chegar, e tem a receita para isso, com sucesso comprovado em diferentes cenários. E saber onde quer chegar, no futebol brasileiro, é uma raridade...