Para oGol, Miranda lembra das raízes vascaínas e projeta futuro no clube: 'Deixar legado'

O Vasco joga domingo, contra o Botafogo, pela final da Taça Rio. Para quem acompanha de fora, o torneio pode ficar em segundo plano, como um prêmio de consolação para quem já não está mais na briga pelo Campeonato Carioca. Mas para o zagueiro Miranda, que está no Cruz-Maltino desde os seis anos e viveu de tudo um pouco na Colina, a final é encarada com seriedade, como a chance de levantar uma taça diante de um rival tradicional. 

Miranda, hoje com 21 anos, já soma 40 partidas como profissional. Mas a cruz de malta está no peito do jovem há muito mais tempo. Desde a época em que a mãe do zagueiro sofria com os chutes na bola dentro de casa. 

"Eu sempre gostei de jogar bola. Corria pela casa, fazia as mesas de gol, quebrava tudo (risos). Ela (mãe) brigava muito comido (risos). Então minha mãe me levou para minha primeira escolinha, no Caxiense, em Caxias, aos quatro anos. Depois, aos cinco anos, fui para o Clube dos 500, também em Caxias. Fiquei lá até os 6 anos, quando um olheiro me viu jogar e me levou para o Vasco", contou o jovem em conversa com a reportagem de oGol. 

Raízes na Colina

São Januário recebeu não só um zagueiro promissor, com qualidade técnica e capacidade física, mas também um líder, que seria capitão do clube nas categorias de base. 

"Sempre tive a personalidade forte, desde pequeno. Sempre gostei de me impor, de mostrar que eu estou ali. Acho que vai muito da minha criação também, meus pais são bastante assim", revelou.

Miranda sempre recebeu o apoio da família. Teve o aval para, em São Januário, se formar não apenas como atleta, mas como pessoa, passando a maior parte dos dias no clube. 

©Ale Vianna/Divulgação

"O Vasco é minha casa, conheço tudo em São Januário, cada detalhe. Eu chegava de manhã no Vasco e só saía a noite. Chegava de manhã para estudar no colégio, treinava a tarde no campo e futsal de noite. Essa era minha rotina até os 11, 12 anos, que foi quando eu decidi parar com o futsal. Eu sou muito grato ao Vasco, tudo que tenho é por conta desse clube", ressaltou. 

Aluno do Colégio Vasco da Gama, escola que o clube mantém dentro de São Januário desde 2004, Miranda se mostrou um bom aluno também dentro das quatro linhas. "Explodiu" na Copinha de 2020, com grandes atuações, e, apesar de ter estreado como profissional em 2018, foi no dia 22 de janeiro de 2020 que sua trajetória no clube mudou. 

O defensor havia feito um jogo pelo profissional em 2018 e outro em 2019. Em 2020, após uma Copinha de destaque, foi convocado para um Vasco x Flamengo, no tal dia 22, quatro dias depois de ter jogado pela Copinha. Miranda foi titular e, apesar da derrota no clássico, aquele jogo ficará para sempre marcado na história do zagueiro. 

"Foi muito especial. Foi meu primeiro jogo profissional no Maracanã, um clássico e com o estádio com torcida. Foi bastante marcante para mim", recordou. 

Ano de afirmação

O futebol ainda seguiria algum tempo até, em meados de março, a pandemia paralisar os campeonatos. O período de inatividade, porém, não abalou a confiança de Miranda, que conseguiu ganhar mais espaço entre os profissionais e terminou a temporada com 27 jogos na equipe principal, 23 como titular. 

"Foi o ano em que eu tive mais sequência. Comecei o Carioca com o Abel e depois consegui uma sequência com o Ramon e o mister Sá Pinto. Consegui mostrar meu futebol e que tenho muito para crescer também. Mesmo sendo um ano difícil, eu adquiri bastante experiência", analisou. 

©Rafael Ribeiro/Vasco

Miranda aproveitou a companhia de Leandro Castán, capitão vascaíno com quem atuou em 23 partidas e a quem coloca entre suas principais referências no esporte. 

"Tenho como referências Thiago Silva, Marquinhos, Cannavaro, o próprio Castán, com quem trabalho diariamente. O Castán é um cara diferente, que quer trabalhar o dia todo e chegar no seu limite todo santo dia. Ele te motiva e pessoas assim te fazem melhorar junto com elas. Me sinto honrado de trabalhar com o Castán e tenho muito a aprender com ele", comentou. 

No final da temporada, porém, Miranda sofreu, como todo vascaíno, com o rebaixamento do clube. O jogador estava relacionado com a equipe sub-20 quando recebeu a notícia da queda. 

"Foi muito triste, lembro que eu não fui para o último jogo, contra o Corinthians, porque eu desci para o sub 20 para jogar a Supercopa. Voltando no ônibus, soube da notícia. Na mesma hora, minha expressão mudou, fiquei muito triste", relembrou.

Uma nova esperança

A nova temporada é uma espécie de nova esperança para Miranda e para o Vasco: a esperança de um futuro melhor, sem que os dramas do passado consigam afetar a projeção do futuro em São Januário. 

Matheus Miranda Total

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No Campeonato Carioca, o Cruz-Maltino, agora dirigido por Marcelo Cabo, encontrou alguma dificuldade e foi eliminado da disputa do título. Ainda assim, Miranda vê pontos positivos na campanha. 

"Não era o que queríamos no início, mas vejo que o Carioca foi bom em alguns aspectos, principalmente para nos fortalecermos como time. Ganhamos rodagem e estamos com mais bagagem para fazermos um bom início de Brasileiro e atingirmos nossos principal objetivo, que é o retorno para Série A", destacou. 

Domingo, às 11h05, como já dito, Vasco e Botafogo decidem a Taça Rio. Miranda quer celebrar o título, independente de não ter sido o principal objetivo no início da temporada. 

"É uma final, um clássico e final o Vasco joga para ganhar todas, não importa o campeonato que seja", defendeu o jogador. 

Na atual temporada, Miranda já fez 11 partidas. O defensor espera, cada vez mais, se firmar no time e escrever uma história bonita em São Januário. História longeva, de idolatria, que começou ainda aos seis anos e que pretende deixar um legado no clube. 

"Quero cada vez mais mostrar o quanto eu estou evoluindo. Treino todo dia o que eu tenho que melhorar e estou evoluindo cada vez mais. Quero ganhar títulos, deixar o legado no Vasco, quero que se lembrem de mim", finalizou.