A um gol de Raúl, Benzema traz estabilidade a um Real confuso

O Real Madrid atravessa um momento de instabilidade em meio a um difícil processo de renovação. Um cenário conturbado, com pressão até sobre o ídolo e multicampeão Zinedine Zidane. Um nome, no entanto, vem sobressaindo durante o período: Karim Benzema. O francês, que assumiu o protagonismo desde a saída de Cristiano Ronaldo, vem sendo decisivo para o Real e já está a um gol da marca histórica de outra lenda do clube na Liga dos Campeões, Raúl González.

Cristiano Ronaldo pode ter recebido o apelido de "Senhor Champions" por conta de seu histórico na maior competição da Europa. Mas o português não conseguiu levar a Juventus além das oitavas de final em 2020/21. Benzema segue no torneio, e dando esperanças para um Real Madrid que, embora tenha tradição e títulos como nenhum outro clube na Liga dos Campeões, está longe de seus melhores momentos. O patamar de CR7 pode ser impossível de alcançar para o atacante francês, mas a proximidade com Raúl ajuda a entender o tamanho de seus feitos.

O gol na vitória sobre o Atalanta, por 3 a 1, foi o quinto de Benzema em seis partidas na edição 2020/21 da Liga dos Campeões. Foi também o seu gol de número 70 na história do torneio. Raúl foi por longo tempo o artilheiro da competição, com 71 gols, apenas um a mais que o francês. Um recorde que acabou banalizado por CR7 e Lionel Messi, hoje com 134 e 120 gols respectivamente, mas ainda assim um feito considerável para os restantes dos "mortais". Raúl precisou de 142 jogos para atingir a marca, enquanto Benzema apenas 126.

Com CR7 e Messi a uma distância impossível de atingir para Benzema, que já é também um veterano com 33 anos, a disputa por um lugar no pódio parece ser com outro concorrente. Robert Lewandowski é o terceiro da lista, com 72 gols e contando, também em grande fase pelo Bayern de Munique. O polonês chegou na marca com 95 jogos apenas e com média impressionante, mas ambos possuem um ritmo mais próximo quando vemos o tempo necessário em campo para marcar um gol: 112 minutos para Lewa e 127 para Benzema. No top 5, o melhor desempenho no quesito é de Messi, com um gol a cada 103 minutos em campo.

E a história recente mostra que os números de Benzema poderiam ser maiores não fosse coadjuvante por tanto tempo de Ronaldo, embora não haja motivos para lamentar: a parceria lhe rendeu o mais importante, os títulos.

Das críticas ao protagonismo sem CR7

©Getty / Gonzalo Arroyo Moreno

Ao mesmo tempo em que a saída de Ronaldo trouxe problemas ao Real - seria impossível não sentir a falta de um dos maiores atletas da história - para Benzema a mudança significou mais liberdade e reconhecimento. Os números mostram isso. Em 2018/19, primeira temporada sem o companheiro, o francês marcou 30 gols, o mesmo que a soma dos dois anos anteriores.

Em 2019/20, Benzema anotou 27 gols. Na atual temporada já são 21. Mais que isso, os seus gols tem sido decisivos e em um time longe do brilhantismo do passado recente. Com a base envelhecida - craques como Sergio Ramos, Modric e Kroos já passaram do auge - e com uma nova geração ainda sem a maturidade para assumir o protagonismo, como os brasileiros Vinícius Júnior e Rodrygo, Benzema tem dado a estabilidade necessária para manter o Real vivo em todas as frentes.

A sequência atual é uma prova disto. Benzema marcou nos últimos cinco jogos, com seis gols ao todo. Gols como o do empate em 1 a 1 no dérbi contra o Atlético de Madrid, com dois minutos para o fim, e que impediu o Real de se afastar ainda mais da luta pelo título na Liga Espanhola.

Benzema pode não ser o "Senhor Champions" para o Real, mas há um lugar seu por direito entre os nomes mais importantes do clube.