Sete de dezembro de 2008 nunca sairá da memória dos torcedores vascaínos. Quando o árbitro apitou o fim da partida (2 a 0 para o Vitória), o caos tomou conta das arquibancadas de São Januário. Um torcedor ameaçou suicídio em cima da marquise do estádio. Sinalizadores foram lançados ao campo para acertar os jogadores. Bombas e tiros de borracha disparados pela polícia. Em alguns cantos era possível ver pessoas alheias ao caos, aos prantos. Pela primeira vez na história, o Vasco foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. Pouco mais de 12 anos depois, o clube pode ser rebaixado pela quarta vez na tarde deste domingo, contra o Corinthians, em Itaquera.
Administrações calamitosas afundaram o Cruz-Maltino nos últimos anos. Eurico Miranda saiu e voltou, opositores tentaram reverter o quadro, mas foram poucos os anos que o Gigante da Colina foi, de fato, gigante nas últimas temporadas. Em 2013, o segundo rebaixamento. Em 2015, o terceiro.
O caos se manteve no cenário político, as dívidas só cresceram e a crise financeira ceifou qualquer esperança de craques em campo nos últimos anos. A atípica temporada de 2020, que acaba só neste mês, já em 2021, viu os mesmos erros se repetirem em São Januário. Salários atrasaram, treinadores substituídos, eleições decididas na Justiça. Em campo, o reflexo: campanha medíocre.
Sob o comando de Ramón Menezes, o Vasco chegou a liderar o Campeonato Brasileiro. Mas bastou uma sequência de derrotas para o técnico ser demitido. No lugar dele, Ricardo Sá Pinto. O time não reagiu, e pelo contrário: só caiu de desempenho. Vanderlei Luxemburgo foi chamado a seguir para apagar o incêndio, como fizera na temporada passada. Mas dessa vez, nem o experiente treinador conseguiu recuperar a confiança do grupo de jogadores.
O Vasco vem de cinco partidas sem vencer, com três derrotas no período. Empatou em casa com o Bahia e perdeu para o Fortaleza, rivais diretos na luta contra o rebaixamento. Rivais que agora estão a quatro pontos de distância. E faltam apenas dois jogos para o Cruz-Maltino se salvar.
Ou seja, se perder para o Corinthians, em Itaquera, na tarde deste domingo, o Vasco estará, pela quarta vez em sua história, rebaixado no Campeonato Brasileiro. Se empatar, mantém chances remotas, já que ainda pode alcançar o Fortaleza em pontos e em número de vitórias em caso de derrota cearense na quinta, contra o Fluminense. Só que além de contar com o tropeço do rival, os cariocas terão de reverter a enorme diferença no saldo de gols (o saldo do Leão é de oito gols negativos, enquanto o Cruz-Maltino tem 20 gols negativos).
Mais uma vez, o torcedor vascaíno está à espera de um milagre. À espera que o gigante desperte. À espera que o pesadelo acabe. De uma vez por todas. Tudo depende do que acontecer na "batalha de Itaquera".
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