Neymar é a grande estrela da seleção brasileira e seu talento é indiscutível. Ainda assim é difícil entender o (inútil) esforço feito para contar com o atacante do Paris Saint-Germain nos duelos contra Venezuela e Uruguai pelas eliminatórias para a Copa do Mundo. Tite tem outros desafios mais importantes por resolver pensando no futuro.
O corte de Neymar foi confirmado na noite desta quinta-feira, embora Thomas Tuchel tenha avisado muito antes que o retorno na data Fifa não era possível, nem desejável. Entre as preocupações de Tite, essa deveria ser a menor. O técnico já encontrou soluções para lidar com a ausência do atleta, e o Brasil até se portou melhor em determinados momentos sem ele.
Os números em 2019 provam isso. Neymar atuou em cinco partidas pela seleção brasileira. A única vitória foi contra o Catar, quando saiu aos 21 minutos, lesionado. Sem a sua principal estrela, Tite foi campeão da Copa América.
Neymar estava também na única derrota em 2018, contra a Bélgica, que causou a eliminação na Copa do Mundo. Na época, o ataque do Brasil dependia mais de seus gols. Hoje, Tite conta com um Gabriel Jesus mais experiente do que na decepcionante campanha do Mundial, além de Roberto Firmino e Richarlison, que pode fazer a função, e um Pedro que desponta como opção mais fixa no centro do ataque. Nas pontas, Everton, o próprio Richarlison e promessas como Vinícius Júnior fazem a ausência do craque do PSG ser pouco sentido.
Os desafios para Tite estão em outras áreas do campo.
A briga por uma vaga no gol passa pelas fases de Ederson e Alisson. Titulares dos dois últimos campeões da Inglaterra, os goleiros são hoje inquestionáveis no posto. Na defesa, Thiago Silva pode preocupar alguns pela idade avançada - 36 anos - mas o seu impacto no Chelsea mostra que o zagueiro segue entre os melhores do mundo, e sua dupla com o ex-companheiro de PSG, Marquinhos, tem a vantagem do entrosamento. Fora isso, novos nomes tem surgido, como Gabriel Magalhães, e a renovação pós-Thiago deve ser tranquila.
Nas laterais, a questão é mais complexa. Renan Lodi tem cumprido bem seu papel na esquerda, e o salto de Alex Telles para o Manchester United pode ser positivo para a seleção, tornando a passagem de bastão de Marcelo e Filipe Luís mais simples. Na direita, no entanto, substituir Dani Alves tem sido mais complexo.
Em seu primeiro ano como profissional, e ainda atuando a maior parte do tempo como volante, Gabriel Menino foi convocado por Tite para a lateral direita e cortado depois por Covid. Danilo, o titular, não é unanimidade e volta e meia é aproveitado na esquerda na Juventus.
No meio-campo, Tite tem boas opções de volante. Casemiro e Fabinho (ambos desfalques), por exemplo, tem destaque por Real Madrid e Liverpool, e nomes como Douglas Luiz, Arthur e Allan trazem outras características para o jogo. Mas na criação, Philippe Coutinho, em baixa desde que deixou os Reds, segue sendo o principal nome.
Contra a Venezuela, nesta sexta-feira, Éverton Ribeiro, de 31 anos, deve ser o titular pela primeira vez no meio-campo. Coutinho, cortado, deu lugar a Lucas Paquetá, que deixou o Milan recentemente sem justificar o valor pago pelo clube por ele.
Neymar deve voltar em breve à seleção. Já a falta de nomes para o meio-ofensivo e para a lateral deve ser um problema para Tite por mais tempo.
1-0 | ||
Roberto Firmino 67' |