Quem via um jogador cabisbaixo, sem intensidade e confiança nas jogadas pelo Real Madrid não imaginaria que James Rodríguez pudesse ter um começo tão favorável na Premier League. Exceto por uma pessoa: Carlo Ancelotti.
O italiano trabalhou com James em Madri e também em Munique, quando ambos defenderam o Bayern. Ancelotti sabe do potencial de James, e como o colombiano pode render mais.
Na manhã deste sábado, na goleada do Everton sobre o West Bromwich, James marcou pela primeira vez no futebol inglês, deu uma assistência e foi protagonista em uma espécie de recomeço de uma carreira que teve altos e baixos na Europa.
O ápice de James em Madri foi com Ancelotti, não pelos títulos, mas por desempenho. Campeão da Supercopa da Europa e do Mundial de Clubes com o italiano, James marcou 17 gols em 46 jogos na temporada 2014/15, sua melhor marca com a camisa merengue.
Na época, alternou como parte da trinca de meias com Toni Kroos e Luka Modric e opção na ponta direita quando Gareth Bale não jogava. Ia bem nas duas.
Nas temporadas seguintes, com Zinedine Zidane, ganhou a Liga dos Campeões e de novo o Mundial, mas perdeu o protagonismo. Marcou metade dos gols (oito) e apareceu em menos partidas (33) em 2015/16. O meio com Casemiro, Kroos e Modric já se consolidava, e apesar das irregularidades de Bale, o galês sempre aparecia quando importava.
James foi para Munique, mas tampouco reencontrou o protagonismo. Jogou os 90 minutos apenas 18 vezes em duas temporadas, e teve um breve reencontro com Ancelotti, que acabou demitido.
James voltou a Madri na temporada passada, mas foi não mais que um reserva de luxo de Zidane, somando apenas 14 jogos e 728 minutos em campo.
A falta de confiança do treinador condicionou o desempenho do colombiano. Ou vice-versa: o desempenho do meia não ganhou a confiança do treinador.
Sem ritmo de jogo, James mostrou uma intensidade notoriamente abaixo que a dos companheiros. Sem confiança, teve muita dificuldade nas tomadas de decisões, hesitando ou escolhendo as piores opções.
Em baixa, recebeu o convite de Ancelotti para jogar na Premier League. Uma liga que é marcada pelo ritmo frenético, com jogos velozes quase que o tempo todo.
A intensidade que não teve em Madri, James mostrou no Goodison Park. A confiança que faltava, é o que sobra na Inglaterra. Dois jogos mostraram um novo James.
Ancelotti optou por usar o colombiano como um ponta pela direita, na linha de três ofensiva que tem Richarlison na canhota e Calvert-Lewin no meio. O treinador apostou que James teria intensidade o suficiente para jogar na ponta, com a cobertura de Doucouré.
Nos dois jogos que fez, o jogador provou que a confiança valeu a pena. Contra o Tottenham, arriscou passes para as infiltrações de Richarlison e chutou três vezes a gol.
Contra o West Bromwich, foi protagonista na goleada por 5 a 2. Marcou o primeiro gol com um chutaço de fora da área, cobrou o escanteio que resultou no hat-trick de Lewin e lançou Richarlison, garçom de Lewin no quarto gol. James diz presente na Premier League, com a bênção de Ancelotti.