Quique Setién parece ter encontrado a resposta para contar com a melhor versão de Antoine Griezmann e, sem surpresas, ela passa por Lionel Messi, como quase tudo no Barcelona. Se o francês não soube se adaptar ao jogo do argentino, coube a estrela da equipe encontrar um "novo velho" espaço no campo.
Toda a polêmica recente envolvendo a pouca utilização de Griezmann parece ter mexido com Setién, que tem tentado encontrar soluções táticas para utilizar o atacante em sua melhor versão. O problema, para o técnico, era como fazer isso sem desequilibrar o jogo do clube, com Luis Suárez e Lionel Messi intocáveis. A atuação do trio na goleada contra o Villarreal, por 4 a 1, mostrou que é possível jogar com os três juntos, com adaptações ao tradicional 4-3-3 anterior.
No jogo posicional do Barcelona, Griezmann se viu obrigado a cumprir uma função que não lhe caiu muito bem. Aberto pela ponta esquerda, o francês tinha menos tempo que o costume na zona central e não encontrou soluções para isso. O resultado foram atuações decepcionantes individualmente, e com comprometimento na engrenagem ofensiva do Barça.
Para Setién, Suárez, embora sem viver sua melhor fase, segue intocável como centroavante. Griezmann acabou no banco. Mas o Barcelona seguiu inconsistente e o fato de manter a maior contratação da temporada fora da equipe fez Setién sofrer duras críticas. O técnico então decidiu apostar em uma nova versão da equipe, com Suárez e Griezmann centralizados. Coube ao mais talentoso do trio de ataque, Messi, readaptar seu jogo.
A "nova" posição de Messi não chega a ser novidade. O argentino foi recuado para atuar atrás da dupla, também centralizado, embora com muita liberdade. Uma espécie de 4-4-2 na versão diamante, com o craque como um típico camisa 10 da velha guarda, como a ponta do diamante.
Griezmann também teve sua dose de "sacrifício" em troca. Para manter a combatividade na marcação, o atacante por muitas vezes recuou para fechar linhas, dando mais liberdade para Messi seguir sempre pronto para atormentar as defesas no campo ofensivo e nos contra-ataques. O meio-campo com Vidal, Busquets e Sergi Roberto, esse último também em destaque, sustentou o trio ofensivo, com Semedo e Alba dando a profundidade pelos lados perdida pela ausência de "pontas".
O resultado final foi uma das melhores atuações do Barcelona na temporada e provavelmente a melhor com Quique Setién. O golaço de cobertura de Griezmann, com toque de calcanhar de Lionel Messi, foi uma amostra de como a parceria pode dar certo se houver entrosamento. O argentino conseguiu explorar a melhor versão do seu companheiro.
Messi ainda foi responsável pela assistência para o gol de Suárez. Desta forma, chegou às 19 assistências na Liga Espanhola, onde é o líder com sobras, em sua melhor marca em uma temporada no torneio.
A competência de Messi de frente para o gol - é o artilheiro do Espanhol e segundo maior em atividade atrás de Cristiano Ronaldo - muitas vezes nos faz esquecer de sua faceta criativa. Mas atuar recuado não é novidade para o argentino, que durante a carreira já provou poder atuar em qualquer função no setor ofensivo com maestria.
Ainda é cedo para dizer que Setién encontrou resposta definitiva para o Barcelona e o próprio treinador admitiu ainda ser preciso entender como o trio centralizado funcionaria contra sistemas de jogo mais fechados. Ao menos, o técnico ganhou tempo para respirar e o torcedor ganhou esperanças para melhores exibições na Liga dos Campeões e talvez até um novo título Espanhol, embora na dependência de um tropeço do Real Madrid.
1-4 | ||
Pau Torres 3' (g.c.) Gerard Moreno 14' | Luis Suárez 20' Antoine Griezmann 45' Ansu Fati 86' |