Heróis nos gramados agora lutando pela vida. Também a deles, mas principalmente a dos outros. Esta é a rotina de protagonistas nas ligas de futebol amadoras na Espanha que agora tentam salvar vidas na pandemia do coronavírus.
Em equipes da terceira divisão para baixo, o futebol espanhol ainda é amador. Jogadores, treinadores e árbitros têm outras profissões fora do esporte. Alguns deles são protagonistas no cenário atual em outro jogo: o da luta contra a Covid-19.
Fernando Estévez é treinador do Burgos CF, que conta com dois brasileiros no elenco e está na metade da tabela da terceira divisão, conhecida como Segunda B. Fernando é, também, médico, e sabe que o futebol, hoje, está em segundo plano.
"Até que isso não acabe, que isso não seja controlado... É algo maior que o futebol. O futebol passa para o segundo plano", disse Fernando, que está na linha de frente na luta contra a Covid-19.
Mesmo que não esteja nos bancos de reservas, Fernando tem instruções. O treinador, agora concentrado em sua função como médico, pede a todos muito foco na luta contra o coronavírus.
"Se não estivermos concentrados, atentos, seguindo essa obrigação, de ser responsável e ficar em casa, isso pode se complicar", alertou para o canal oficial da Liga.
Diego Cervero é o maior artilheiro em atividade na terceira divisão espanhola. Atualmente no Barakaldo, anota seis gols na atual edição. Mas os gols que quer marcar, agora, são feitos fora de campo, como médico.
"Sou o goleador máximo em atividade da segunda B e, de verdade, queria poder marcar um gol no coronavírus e poder ajudar todas essas pessoas", revelou.
Diego quer ajudar de qualquer forma: "empurrando macas, recolhendo dados, medindo a temperatura". O atacante diz que o futebol é uma paixão, mas ser médico, uma vocação.
"Para mim, o futebol é minha paixão. A medicina é uma vocação. Vem do meu avô, meus tios, meus primos são médicos... Mas, sobretudo, meu pai, que é um ídolo para mim", contou.
Daniel Yuste é árbitro da Segunda B e também médico. É mais um atuando na linha de frente na atual batalha da humanidade contra o vírus. E garante usar conhecimentos adquiridos em campo nessa luta.
"Na medicina, a arbitragem ajuda muito. São muitas decisões, pouco tempo para tomá-las... São decisões importantes e se você se equivoca, há consequências importantes", analisou.
Daniel reúne, com ele, a vontade de toda a humanidade: "dar um cartão vermelho para a Covid-19". O médico mostra confiança e garante: a vitória é questão de tempo.
"Tenho muita vontade de aplicar um cartão vermelho à Covid-19. Seria o melhor cartão que eu dei na minha carreira. É uma partida que não sabemos quando vai terminar, mas sabemos que o resultado vai ser favorável a nós".
En nuestro fútbol, durante el parón, entrenadores, árbitros o incluso futbolistas están trabajando ahora como sanitarios anónimos en la lucha contra el #Coronavirus. Son nuestros héroes, también fuera del estadio. #Balompédicos pic.twitter.com/9ZFy5c4xn4
— Footters 🏠 (@footters) April 17, 2020