Manutenção e consolidação: Bahia dá créditos a Roger Machado para o Brasileiro

O futebol brasileiro é marcado pela péssima filosofia da não continuidade dos treinadores no comando das equipes. Basta uma sequência negativa de resultados para uma demissão sumária. Nesta temporada, para se ter uma ideia, até a paralisação, dos 20 clubes que disputarão a Série A do Brasileiro neste ano, sete mudaram de treinador. Na segundona, o quadro é pior: 11 dos 20 já fizeram trocas no comando técnico.

Na contramão desta cultura negativa vem o Bahia. Roger Machado, atual treinador do Esquadrão de Aço, está no comando tricolor há 11 meses, e, no próximo dia 4 de abril, completará um ano à frente da equipe baiana, fato que não ocorre há mais de uma década no clube.

A manutenção de Roger não foi em vão. O técnico, que pertence a nova geração de treinadores brasileiros, traz consigo uma proposta que tem mudado o patamar do Tricolor. No Bahia desde a final do Estadual de 2019, onde conquistou o título, o ex-jogador vem mudando a filosofia de jogo do clube baiano.

Antes com propostas reativas, o jogo tricolor agora é imponente, propositivo, que gosta da bola. Isso pôde ser visto principalmente no primeiro turmo do último Brasileiro, onde, ao fim das primeiras 19 rodadas, a equipe ficou a apenas dois pontos do G4. Mais do que a pontuação, a forma de jogar chamou a atenção. Envolvente tanto dentro como fora da Arena Fonte Nova, Roger Machado mostrou que seus comandados podem ditar o ritmo e comandar as ações onde quer que seja.

Com um time leve, veloz e com um ataque letal, muito por conta das atuações do centroavante Gilberto, o Bahia se manteve fiel ao seu estilo de jogo, mas os resultados já não foram mais os mesmos. Com a queda de rendimento, o Esquadrão acabou o Brasileiro na 11ª posição, com apenas 49 pontos, mas a semente da mudança já estava plantada.

Nesta temporada, o panorama se deu de forma inversa. Nos primeiros compromissos, o Tricolor demorou a embalar e viu o trabalho de seu treinador quase ir por água abaixo após uma eliminação precoce na Copa do Brasil diante do modesto River, do Piauí. Não bastasse a zebra, a equipe perdeu o clássico para o Vitória, que quebrou um longo tabu.

Todos os resultados contribuíram, e muito, para que Roger Machado balançasse no cargo, mas a diretoria, de forma louvável, entendeu que não se avalia um trabalho mediante a alguns tropeços.

Passada a turbulência, as coisas começaram a acontecer na Fonte Nova. Na Sul-Americana, o time baiano atropelou os paraguaios do Nacional e, além de garantir a primeira internacional fora de casa de sua história, avançou à segunda fase da competição. Na Copa do Nordeste, o sucesso se repetiu: grande campanha e classificação assegurada às quartas de final do certame.

O retorno da confiança faz sobressair ainda mais as ideias de Roger Machado, que, com o respaldo da diretoria, se prepara para ir ainda mais longe no Campeonato Brasileiro.