Vitória no clássico mostra caminhos a Sampaoli

Jorge Sampaoli esteve no Mineirão e viu a vitória do Atlético Mineiro sobre o Cruzeiro, por 2 a 1, diante de mais de 50 mil torcedores. O resultado, apesar de ter sido conquistado com um gol só no fim e diante de um rival em reconstrução, mostrou bons caminhos ao treinador. 

Para deixar claro: o Galo ainda tem muito a melhorar não só na estrutura tática (que deve mudar com o novo comandante), como também no elenco. O argentino quer (e precisa de) reforços. Mas o time mostrou no dérbi alguns bons indícios. 

Victor, zagueiros que se completam e laterais ofensivos

A começar pelo gol: Victor fez sua segunda partida seguida. O goleiro, que vem sofrendo com problemas físicos, parece engrenar a sequência que precisa e, apesar de ainda precisar recuperar o ritmo de jogo, mostrou estar recuperado. Além disso, Rafael chegou recentemente e pode ser opção.

A zaga atleticana é um ponto de reflexão. Apesar de um reforço ser necessário (o próprio Dedé já chegou a ser especulado), a dupla de sábado, com Gabriel e Igor Rabello, pareceu se completar. Gabriel mais veloz para dar o combate fora da área (apesar de ter perdido algumas vezes para Moreno); Igor eficiente pelo alto e preciso nos botes perto (e dentro) da área. Ambos têm de mostrar, porém, melhor saída de jogo.

Talvez um dos grandes pontos fortes de Sampaoli neste time sejam as laterais. Guga, com convocações para seleções de base e olímpica, no lado direito; e Arana, campeão brasileiro no Corinthians e com passagens por Sevilla e Atalanta na canhota. No clássico, ambos se mostraram boas opções ofensivas, e com Sampaoli, um técnico ofensivo que gosta de usar o campo em profundidade, podem crescer ainda mais. 

Allan, o ponto de equilíbrio; Otero, o desequilíbrio

No quesito posse de bola, algo fundamental para Sampaoli, Allan aparece em destaque. Sempre que as jogadas pareciam complicadas no dérbi, o volante levantava a cabeça e via uma opção em outra parte do campo, mesmo que distante. Com capacidade no passe curto e longo, Allan pode ser fundamental para a saída de bola com o argentino, como provou ser no clássico. 

Se Allan é o responsável por ligar a engrenagem, sem deixar de lado a importância de Nathan, Otero, mais à frente, é o responsável por fazer o jogo ir além. Otero é a objetividade do Atlético, e também sua eficiência. É incrível ver que, no clássico, o venezuelano mandou todos seus arremates no alvo (seja de qual distância for). Fábio teve de trabalhar bastante, mas não evitou o gol no fim. 

Se Otero pode desequilibrar no tiro de média e longa distância, Jefferson Savarino faz a diferença nos dribles. Em um lance contra o Cruzeiro, chegou a se livrar de três marcadores. Em jogos contra rivais fechados, a individualidade do meia pode ser um fator de desequilíbrio.

O ataque

Boa notícia no clássico também foi a volta de Juan Cazares, outro que pode ajudar muito na criatividade do time (esse agregando mais no passe, achando os espaços que talvez Savarino e Otero não consigam achar). Também voltou ao time, em sua reestreia, Diego Tardelli, e aí entra um pedido de Sampaoli: um centroavante.

Ricardo Oliveira, apagado contra o Cruzeiro, já está na reta final da carreira e um atacante de referência é fundamental para Sampaoli. No Santos, a diretoria demorou para o dar um reforço neste sentido e quando o fez, contratou Uribe. Talvez Uribe seja um pouco parecido com Tardelli: pode ser a referência, mas tem mobilidade para jogar fora da área. Lembrando que Di Santo também está no elenco e é, como Ricardo Oliveira, um homem mais de área, com bom cabeceio.

A vitória contra o Cruzeiro, de bons momentos, mas também de algumas irregularidades, mostrou alguns caminhos que Sampaoli pode, ou não, aproveitar e seguir. O treinador quer colocar o Galo onde o clube merece. Resta saber se terá condições (e como o fará).