Debandada? O que devem fazer os brasileiros que atuam no futebol chinês

O coronavírus e seus efeitos no futebol foram assunto no podcast oGol Pelo Mundo desta terça-feira. A situação dos brasileiros que atuam por lá é motivo de dúvida, até porque nada é certo e a epidemia ainda está fora do controle. 

Ao longo do podcast, o jornalista Leonardo Hartung, especialista em futebol chinês, botou um ponto de interrogação sobre o futuro dos brasileiros na China. Hartung destacou que, depois de o início da temporada no país ter sido adiado, nada está definido. 

"Vai depender muito do até que ponto a epidemia vai ser controlada. A previsão é que até abril tudo esteja normalizado. E se não tiver? Algum jogador estaria disposto a passar quase seis meses sem jogar futebol? Ainda mais os selecionáveis... Se isso durar além de um semestre, vai ter muita gente pedindo para sair e é difícil para os chineses negar empréstimo", disse Leonardo. 

Hartung, entretanto, evita falar em "debandada". O jornalista viu os casos de recentes saídas, como de Zivkovic ao Sheffield, Ighalo ao Manchester United e Carrasco ao Atlético de Madrid como negócios ocasionais, já que a confiança na China é de que tudo se resolva logo. 

"Quase todos os profissionais ligados a algum clube chinês trazem uma ótica de um certo controle da situação. Quem falou com eles, dirigentes, enfim, deu uma confiança que a epidemia está sendo controlada e vai tudo se resolver. Por isso não dá nem para ver as saídas da última janela como uma debandada". 

Em contraponto, porém, há a situação do experiente zagueiro brasileiro Naldo. Depois de deixar o Monaco, o jogador chegou a treinar com o Qingdao, mas acabou abandonando o clube depois que a epidemia se espalhou pelo país. 

"Ele estava treinando com o elenco do Qingdao Hunghai, já com o início da epidemia, e, para a segunda parte da pré-temporada do time, que está em Dubai, o Naldo não continuou. Preferiu não prosseguir e falou, em entrevista, que não tinha interesse em assinar contrato por conta do coronavírus, pela família etc", explicou Hartung, que viu em Alan Kardec o contraponto. 

"O Alan Kardec, que tinha vínculo com o Chongqing Dangdai, renovou contrato por mais dois anos. Não dá para a gente dizer: 'com o coronavírus, todo mundo vai sair da China?' Não, não vai. Os jogadores selecionáveis vão ter esse medo de quanto tempo vão ficar sem jogar, enquanto os outros podem ver de outra forma. O Alan Kardec poderia ter recusado a renovação, mas não, ficou", explicou.

O atacante Rafael Silva, ex-Coritiba e que joga no Wuhan Zall, equipe que fica na cidade que é o epicentro do vírus, está com o clube em pré-temporada na Espanha, não sabe se volta para a China mas, nas últimas entrevistas que deu, garantiu ter a confiança de que a situação vai ser controlada. 

Nomes especulados no Brasil

Anderson Talisca e Ricardo Goulart, do Guangzhou Evergrande, e Hulk, do Shanghai SIPG, tiveram seus nomes recentemente vinculados a equipes do Brasil. Talisca, que assim como Hulk foi especulado no Palmeiras, já divulgou nas redes sociais que não pretende deixar a China. 

"Não estou negociando minha ida para nenhum clube brasileiro. O Palmeiras é um grande clube, mas vou ao Brasil de férias, por causa da situação na China. Para vocês que estavam preocupados no Brasil, não tem nada a ver com Corinthians, Flamengo ou Palmeiras", afirmou o jogador. 

Ricardo Goulart foi especulado no Atlético Mineiro, mas, como explica Hartung, ele, Talisca, Paulinho, Aloísio e Fernandinho foram liberados pelo Guangzhou por conta da epidemia, mas já têm uma data para a reapresentação e só devem, de fato, negociar com outras equipes caso o coronavírus não seja controlado. 

"O Guangzhou anunciou férias aos jogadores. Dia 5 de fevereiro, a equipe e a comissão técnica comandada pelo Fabio Cannavaro decretaram férias aos jogadores até o dia 23. Dia 23 eles voltam para se encontrar possivelmente em Dubai. Ainda não foi confirmado onde, mas deve ser em Dubai. Os estrangeiros fora liberados para voltarem aos seus países. Então Anderson Talisca, Ricardo Goulart, a gente viu eles aqui no Brasil", destacou.