Siga o instagram do oGol
    bet365
    Volante contou para oGol os bastidores do Timão

    Nilton e o Corinthians: o golaço, o título e o aval de Tevez para confusões com Carlos Alberto

    E0

    Nilton é cria da base do Corinthians. No começo de carreira no clube, conviveu com nomes como Carlos Tevez, Javier Mascherano, Carlos Alberto, Roger, Vampeta, Marcelinho Carioca, Amoroso, Fábio Costa e companhia. Em conversa com a reportagem de oGol, o jogador, hoje no CSA, contou bastidores do time que foi campeão brasileiro com algumas dessas estrelas. 

    Por falar no título brasileiro, Nilton jogou seu primeiro jogo profissional naquele campeonato de 2005, tão polêmico. Foi o único jogo do atleta naquela temporada, e como titular, logo em um clássico diante do São Paulo, no Morumbi. Mas Nilton não era nem para ter jogado, como lembrou. 

    "Esse foi meu jogo de estreia no profissional (contra o São Paulo, em 2005). Tinha jogado a Copa Federação pelo time B. A gente estava voltando de Mirassol. O pessoal da comissão técnica chegou em mim e falou que ia para o jogo do principal. Era a oportunidade que eu queria. Naquele momento,  estar com Carlos Alberto, Nilmar, Tevez, Fábio Costa... Me sentia preparado. Quando chego, na preleção, sentei do lado do Roger. Ele ficou olhando para mim para poder ver a minha reação, porque ele sabia que eu ia jogar, mas eu não sabia. Na hora que apareceu na lousa que ia jogar, eu tomei um susto. Ele (Roger) perguntou: 'Está preparado, garoto?'. Eu respondi: 'Estou preparado como nunca'. Mal ele sabia que eu estava nervoso demais. Ia encarar o São Paulo no Morumbi, com Amoroso, Danilo naquele momento voando... A forma de poder começar como profissional foi gratificante", recordou. 

    Na época, empate em 1 a 1 contra o time que seria campeão do mundo. Nilton só jogou aquela partida em 2005, mas viveu diversos outros momentos marcantes no ano. Muitos deles com Carlos Alberto, hoje em dia um de seus grandes amigos. 

    "Todo começo é difícil. Até você se firmar, criar raiz, poder ver que os jogadores podem confiar em você... Eu até brinco e falo que a minha iniciação no profissional foi com o Carlos Alberto. Hoje, é meu melhor amigo, parceiro. Mas tive algumas confusões com ele por causa de treino. Eu tinha que marcar ele, e ele não gostava. O Antônio Lopes ficava louco: 'Calma, Carlos Alberto, ele é um garoto'. Eu dizia: 'Calma nada, não quero saber'. O pessoal foi vendo que eu dava a cara a tapa, mostrava ali que poderia estar ali no profissional. Posso dizer que ali comecei a criar aquela casca. O pessoal fala: 'aquele 87 (ano em que nasceu) que a gente conhecia mostrou que tinha condições'", contou Nilton, que chegou a sair no tapa com Carlos Alberto depois de um treino no Parque São Jorge. 

    "Eu estava marcando ele em um treino no Parque São Jorge, o Antônio Lopes pediu para marcar ele. Quando teve uma pausa para poder tomar água, ele de repente pegou o copo e jogou na minha cara. Eu olhei para a cara dele, com raiva, e aí o Betão, que era parceiro de concentração do Carlitos, falou para o Carlitos: 'Você viu, né?' Aí o Carlitos: 'Pode pegar e falar que tem a minha liberação para ir para cima'. Tudo o que você fazia no Corinthians, você tinha que ter a liberação do Carlitos. Você não podia chegar e ir por conta própria. Se ele soubesse que fizeram algo sem falar com ele... Tinha que ter a liberação dele. Aí eu esperei ele (Carlos Alberto) no vestiário. Ele gritou: 'O que você quer, o ajuda de custo?'. Eu disse: 'O que você quer o quê, rapaz? Tem que ter mais respeito comigo. Você jogou o copo na minha cara. Acha que eu sou moleque?'. Ele: 'Fica quieto, moleque. Você tá começando agora. Seu ajuda de custo'. Aí eu falei: 'Olha, se você não tem mais respeito por mim, vou fazer você ter na marra'. Nessa, ele empurrou meu peito, e eu coloquei minhas duas mãos na cabeça dele e dei uma cabeçada na testa dele. Na hora, ficou um galo na testa dele que parecia um unicórnio. Aí ele: 'Caraca, moleque, você tá maluco? Me deu uma cabeçada!'.  Eu respondi: 'Não vou abaixar a minha bola para você não, cara'. E eu criei raiz no profissional através dessa e outras confusões (risos). O Carlos Alberto era uma das contratações mais badaladas...", lembrou, aos risos. 

    Não foi a única vez que Nilton "saiu no tapa" com Carlos Alberto. Em outro episódio, voltando da comemoração do título brasileiro de 2005, o meia urinou no companheiro no ônibus da delegação, em uma das histórias mais hilárias do futebol brasileiro. 

    "A gente aprontava muito. No jogo do título, contra o Goiás, em Goiânia, no retorno... Quando a gente chegou em Guarulhos. O ônibus foi buscar a gente, a gente estava pilhado pela comemoração. De repente, o Carlos Alberto falou: 'eu estou com vontade de urinar'. Eu estava dois bancos na frente. Todo mundo olhando para trás: o Tevez, Gustavo Nery... Aí o cara começa a urinar na gente... A gente encheu ele de porrada.... Ele já tinha bebido muito, então, não sentia muito as pancadas que a gente dava (risos). Ele diz que não lembra de nada, só dos hematomas no dia seguinte...", disse Nilton. 

    As histórias hilárias com Carlos Alberto foram o início de uma amizade que dura até hoje. Quase seguindo ao pé da letra a canção de Leandro e Leonardo: "Entre tapas e beijos...". Bom para os dois que os tapas já ficaram para trás. 

    Tevez mandava no Timão

    Da época de Corinthians, Nilton guardou também histórias engraçadas com Carlitos Tevez. O volante explicou que o argentino recebeu carta branca de Kia, então principal investidor do clube, para mandar e desmandar no vestiário. Tudo passava pela aprovação de Tevez. 

    "Eu acho que tudo passava nele (Tevez) porque o Kia deu essa carta branca por ele ter uma liderança muito forte. Por mais que ele fosse bem quieto, ele tinha uma liderança forte. Não à toa, era o capitão. Todo mundo tinha que respeitar o espaço dele. Quando você via que ele estava muito de canto, não podia nem chegar perto dele, que ele queria a privacidade dele. Era um cara ao mesmo tempo difícil e fácil de lidar. Teve um dia que dei uma bola fora com ele: a gente estava em pré-temporada em Atibaia e, na hora do almoço, eu cheguei nele e falei: 'Tevez, será que posso sentar?'. Aí ele: 'Não, não, não. Não é Tevez, é Carlitos'. Todo mundo olhando para minha cara, fiquei sem graça. Aí o Betão deu risada e falou: 'Rapaz, ele não gosta que chame de Tevez. Se chamar de Tevez, ele fica bravo. Só torcedor, quem não convive com ele... Quem está ao lado, é Carlitos...", contou. 

    Nilton recorda que Tevez era "bem quieto" e que até entendia o que o argentino falava. O duro era entender Javier Mascherano, outro craque argentino que passou pelo Timão na época em que a MSI investia dinheiro no clube. 

    "O Tevez era muito na dele, ficava muito quieto. O mais difícil, para mim, era o Mascherano. Quando ele falava, ele só falava castelhano. Não tinha como você entender nada. Quem conseguia conversar com a gente um pouco melhor era o Sebá. Ele traduzia o que o Carlitos e o Mascherano falavam (risos)". 

    Nilton só conseguiu jogar mais no Timão quando os argentinos deixaram o clube. Em 2007, voltou a campo para um novo clássico. Dessa vez, anotou o primeiro gol profissional contra o Santos, com uma violenta cobrança de falta. O volante lembra do golaço até hoje. 

    "Foi meu primeiro gol, o gol de falta que considero mais bonito. Pelo momento, se tratando de um clássico contra o Santos, que vinha como favorito. Eu nem ia jogar: O técnico, que era interino, era o Zé Augusto. O titular era o Ricardinho, mas, na véspera, o Ricardinho acabou sentindo uma lesão muscular e o Zé Augusto depositou as fichas em mim. Ele falou: 'Nilton, você vai jogar. E vai dar conta do recado como sempre deu na base'. Eu tinha começado a treinar falta. O Marcelo, goleiro, falou que ia me ajudar. E eu chutava e as bolas iam todas para cima, longe. Ele falou: 'Cara, você tem muita força, coloca mais jeito'. Nisso, eu passei a tirar um pouco da força e fui colocando mais jeito na batida. Aí comecei a fazer os gols. Bati mais de 50 faltas nesse dia. No dia do jogo, o Éverton acabou sofrendo uma falta e o Vampeta pegou a bola e entregou na minha mão: 'Você que vai cobrar a falta. Você treinou, então você vai bater. Você está melhor para bater essa falta'. E você sentir aquele voto de confiança do Vampeta... A falta acabou sendo a 40 metros de distância. O Fábio Costa, que já tinha trabalhado com ele, tinha colocado o Kléber na barreira. Pensei em cobrar no canto que ele tava, mas fui bater no canto que estava o Kléber. Era difícil, pela distância, pela velocidade que tinha que colocar. Tive que colocar por fora da barreira e ela acabou fazendo aquela oscilação e bateu no travessão para fazer aquele gol que ficou marcado na memória. Muitos corintianos, quando vou para São Paulo, falam sobre aquele gol, sobre a minha passagem. Aquele gol ficou na minha memória e no meu DVD (risos)", brincou. 

    2008, porém, foi o último ano de Nilton no Corinthians. Depois de ter feito 15 partidas no ano, o jogador acabou liberado no ano seguinte e acertou ida para o Vasco, apesar do desejo de seguir no Parque São Jorge. 

    "A saída do Corinthians não estava nos planos. Queria que minha história no Corinthians fosse mais longa, com mais títulos... Quando o Mano Menezes chegou, em 2008, na Série B, eu tinha algumas oportunidades, estava indo para os jogos e tudo. Na virada para 2009, um mês depois da chegada do Ronaldo, o Sidnei, auxiliar dele (Mano), falou que eu não iria fazer mais parte dos planos da comissão e que poderia seguir o meu rumo. Eu falei: 'Poxa, mas sem mais nem menos, posso sair?'. Ele disse que já estavam vendo outros jogadores, contrataram o Túlio, que estava no Botafogo e ficou no Corinthians três meses no máximo. Então acabei indo para o Vasco". 

    Brasil
    Nilton
    NomeNilton Ferreira Junior
    Data de Nascimento/Idade1987-04-21(37 anos)
    Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    PosiçãoMeia (Volante)

    Fotografias(13)

    Comentários

    Quer comentar? Basta registrar-se!
    motivo:
    EAinda não foram registrados comentários…
    Links Relacionados

    Libertadores
    Ficou até barato
    Mais de 70% de posse de bola em todo o jogo, quase 700 passes trocados, mas uma atuação muito ruim. Esse foi o Fluminense nesta quinta-feira, 25, que visitou o Cerro Porteño pela ...

    ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

    ScPKoHx 25-04-2024, 20:17
    renato92 25-04-2024, 16:09
    grandejogadoor 25-04-2024, 14:58
    Piranho 25-04-2024, 13:17
    ScPKoHx 24-04-2024, 19:40
    Creed93 24-04-2024, 18:50
    ScPKoHx 24-04-2024, 15:02
    LukyMax_Santiago 24-04-2024, 13:07
    ScPKoHx 24-04-2024, 10:29
    grandejogadoor 24-04-2024, 08:33
    ScPKoHx 24-04-2024, 08:12
    ScPKoHx 24-04-2024, 08:08
    ScPKoHx 24-04-2024, 07:19
    ScPKoHx 24-04-2024, 07:12
    JP_Tricolor 24-04-2024, 05:59
    JP_Tricolor 24-04-2024, 05:58