Cech e a despedida à altura para uma carreira de recordes e títulos

Em janeiro, quando anunciou a aposentadoria para o fim da temporada, Petr Cech certamente não imaginava uma despedida como a de hoje. Quis o destino entregar ao goleiro um presente, a chance de dar adeus com um título, em um encontro com o clube pelo qual foi multicampeão e ídolo. Arsenal x Chelsea é a final dos sonhos para o tcheco.

Aos 37 anos, Cech deixou há muito o seu auge para trás, a ponto de uma nova geração não entender exatamente o valor do que fez na história. Mas não se deixe enganar pelo momento: veremos hoje a despedida de uma lenda do futebol, dono de recordes por clubes e seleção, e que já foi considerado o melhor goleiro do planeta em uma época dominada por grandes nomes na posição.

Não é um feito qualquer ser eleito o melhor do mundo em sua posição quando, entre os concorrentes ao posto, estavam Gianluigi Buffon e Iker Casillas, ambos no auge de suas carreiras, entre outros goleiros de renome, como Oliver Kahn,e Dida.

Cech conquistou o respeito e a admiração principalmente por suas atuações por Chelsea. É um dos símbolos do renascimento dos Blues. Conquistou com a equipe quatro vezes a Premier League, quatro vezes a Copa da Inglaterra, uma Liga Europa e uma Liga dos Campeões. Tudo isso por um clube que antes tinha como maior feito uma conquista isolada do Campeonato Inglês em 1955.

Em sua passagem pelo Chelsea, Cech acumulou feitos. Em 2004-05 bateu o recorde de "Clean-sheets" com 24 jogos sem sofrer gol, com outro recorde, superado mais tarde, de 1025 minutos consecutivos sem ser batido. É até hoje o estrangeiro com mais jogos pelo clube. Aliás, o goleiro é também o recordista de jogos pela seleção tcheca.

Foi também no Chelsea que Petr Cech enfrentou o maior desafio de sua carreira, ou melhor, de sua vida. Em choque com Stephen Hunt, em 2006, o goleiro sofreu grave traumatismo craniano e quase perdeu a vida em campo. Acabou por retornar com um capacete de proteção. Tornou-se também em defensor do uso deste tipo de proteção entre jogadores.

Para muitos, a lesão impediu Cech de atingir o total de seu potencial, afastado dos gramados por longo tempo em seu auge, e com o receio natural de novos traumas. Mas o goleiro superou o medo e encarou os riscos para manter uma carreira ainda em alto nível.

Em 2015, já perdendo espaço no Chelsea, Cech convence o clube a liberar sua ida ao rival, Arsenal, em reconhecimento pelos serviços prestados. Os Gunners não viram a melhor versão do goleiro, mas ainda assim se beneficiaram de seu talento na conquista da Copa da Inglaterra, em 2017. Agora, Cech quer o "final perfeito", com um título europeu por seu clube atual, em uma decisão que pareceu preparada para a sua despedida. Um adeus merecido para um dos melhores goleiros da história.