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    Quadro pode estar mudando

    Swirsky vê mudança de cenário e projeta técnicos brasileiros nas principais ligas da Europa

    E1

    Por que os treinadores brasileiros não conseguem aparecer em destaque nas principais ligas da Europa, como fazem os argentinos, por exemplo? No mercado do futebol há 20 anos, nove deles fora do Brasil, o técnico Jairo Swirsky confessa: "Já ouvi essa pergunta dezenas de vezes". 

    Mas a reportagem de oGol não a deixou de fazer. Jairo fez boa parte da sua carreira no exterior e teve experiência na Europa, mas sempre em países com pouca tradição no futebol. O técnico conhece bem o mercado e confessou que, para alguns profissionais do esporte no Brasil, faltou, e falta, interesse por conhecimento. Mas, durante algum tempo, faltou também onde adquirir esse conhecimento no país. Ao contrário da Argentina, que hoje tem técnicos nas principais ligas do continente. 

    "A primeira questão é a seguinte: o treinador brasileiro, até pouco tempo, não tinha permissão para trabalhar na Europa. Não tinha licença. Os treinadores argentinos fizeram, durante algum tempo, na AFA (Federação Argentina de Futebol), um curso reconhecido na Espanha. E da Espanha eles conseguiam sair para o restante da Europa. Nós, no Brasil, não tínhamos um curso desse tamanho. Hoje temos. E hoje o curso da AFA deixou de ser reconhecido na Europa. Hoje, os novos treinadores têm que fazer um curso na Conmebol, que é igual o curso que fazemos no Brasil (na CBF), para conseguirem licença A e PRO para poder ir para a Europa", explicou. 

    Jairo, que já trabalhou em clubes de Malta, em Israel e Mianmar, acredita que o quadro vai mudar e poderemos ver mais treinadores brasileiros nas grandes ligas da Europa. "Tenho certeza que isso vai acontecer, e rapidamente". 

    Exemplo de adaptação

    Swirsky é um exemplo de adaptação fora do Brasil. Com trabalhos na Europa e na Ásia, o treinador palestra sobre o tema. Para Jairo, o idioma pode ser um grande empecilho para o treinador brasileiro fora do país. Mas Jairo não aconselha o uso de intérpretes e tradutores. 

    "Nunca usei nem intérprete e nem tradutor. Não gosto. Tenho a convicção que ele não estará traduzindo exatamente o quê e como queremos falar. Sempre usei inglês, espanhol, aprendi um pouco de outros idiomas... O idioma é sempre a principal barreira. A gente tem que tentar aprender o máximo e mais rápido possível, tentando usar o idioma local. Mesmo que a gente fale de maneira errada. Até por uma questão de respeito as pessoas que estão ali... É uma das formas de se inserir rapidamente", explicou. 

    "Quando o treinador transmite algum tipo de informação, sempre tem algum ponto de emoção. Ou para mais, ou para menos. Aumentar, diminuir o tom... Isso o tradutor não faz. Em determinados momentos, é preferível não utilizar o tradutor", completou. 

    Outro ponto importante para o brasileiro na hora de iniciar um trabalho fora do país é estudar não só o clube para onde vai, mas a cultura local. "É claro que do clube temos de saber tudo, mas também da cultura do país e da região. Parte cultural, alimentação, hábitos religiosos, até porque a religião, em alguns lugares, acaba definindo a maneira como as pessoas vivem e se comportam", explica. 

    "O primeiro passo é sempre estudar o local. E, quando sair do Brasil, deixar o Brasil no aeroporto. Sempre digo para todo mundo. Se tentar chegar em qualquer outra parte do mundo e procurar viver e se comportar como fazemos no Brasil, é o primeiro passo para não ter sucesso. Tentar se inserir o mais rapidamente possível na vida cotidiana do local", emenda. 

    Com passagem por Floriana e Naxxar, de Malta; Bnei Yehuda, Sakhnin e Maccabi Nazareth, de Israel; e pelo Yagon United, onde conquistou a liga de Mianmar; e também pelo futebol coreano, Jairo acredita também na importância de o treinador se atualizar ao longo da carreira, independente da idade. 

    "Eu não gosto de usar o termo 'nova geração', nem 'antiga geração'. Porque temos pessoas com mais experiência que estão muito atualizadas. E tem treinadores mais recentes que não estão tão atualizados. Gosto de usar muito 'atualizado' ou 'desatualizado', independente da idade. E acho que, no Brasil, estamos bem servidos de treinadores. Temos um futebol competitivo", comenta. 

    Histórias não faltam

    É claro que, além de muita experiência profissional, Jairo acumulou, com os anos trabalhando fora do Brasil, muitas histórias. Como quando, após ter excesso de bagagem em Mianmar, se surpreendeu por viajar mesmo assim e chegar no Brasil com sua roupa dobrada e arrumada em duas malas. Ou quando comeu cachorro sem querer... 

    "Eu estava tendo dificuldade de alimentação na Coreia do Sul e me levaram para comer tipo em um churrasco. Estava muito bom. Quando terminei, o manager do clube perguntou: 'Você sabe o que acabou de comer?'. Era cachorro. Foi complicado (risos)", brincou. 

    No Rio Grande do Sul participando de palestras, Jairo analisa propostas para ver o que fazer da carreira em 2019. Com passagens por equipes do interior gaúcho, Jairo não descarta ficar no país. Apesar de saber que ainda há muita história para viver por aí. E de ter certeza que há espaço para o técnico brasileiro fora do país. 

    Brasil
    Jairo Swirsky
    NomeJairo Swirsky
    Data de Nascimento/Idade1968-05-15(55 anos)
    Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    FunçãoCoordenador Técnico

    Fotografias(2)

    Comentários

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    motivo:
    CBF
    2018-12-07 09h06m por Vascaino1898
    Com os novos cursos e licenças facilita a ida de técnicos para a Europa. O problema é o treinador brasileiro aprender a falar inglês, espanhol… quando vejo os técnicos europeus que mudam de país e em pouco tempo já falam a língua local é um belo exemplo. Como pode querer passar uma mensagem ao jogador sem falar a língua, sendo traduzida por outra pessoa, não tem a mesma sintonia. Precisam falar a mesma língua.
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