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    Ideias e filosofias do treinador

    Fla foi um erro, no Grêmio faltou tempo e futuro pode ser na Austrália: o Silas como técnico

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    Logo após encerrar vitoriosa carreira como jogador, Paulo Silas iniciou o processo para ser técnico. Foi auxiliar antes de assumir uma equipe como treinador principal. A carreira como técnico ainda não foi tão recheada de títulos como nos tempos de atleta, mas já teve grande trabalho, passagem por grandes equipes e experiência internacional. 

    Em conversa com a reportagem de oGol, Silas contou um pouquinho do que viveu como técnico de futebol. O ponto alto, claro, foi no Avaí, onde conseguiu a melhor campanha da história do clube em Campeonatos Brasileiros. 

    "A gente acabou fazendo a melhor campanha do Avaí na Série A de todos os tempos. A gente, que estava preocupado em ser melhor do que quatro, acabou sendo melhor do que 14 times. O Avaí foi um dos meus melhores trabalhos porque houve a cumplicidade entre diretoria, presidência e a comissão", contou.

    O Leão terminou em sexto no Brasileiro de 2009, após ter sido campeão catarinense. A campanha despertou o interesse de grandes equipes, e o técnico acabou indo para o Grêmio. 

    No Tricolor, foi campeão gaúcho e fez grande campanha na primeira parte do ano em 2010. Depois da volta da Copa na África do Sul, o time caiu de desempenho e Silas acabou demitido. 

    "Terminamos a primeira fase do ano acho que com quase 90% de aproveitamento. Sucesso total. Mas o que aconteceu: na volta da Copa do Mundo, eu tive 14 jogadores machucados. Ocorreu uma queda de rendimento, até natural. Mas o torcedor e diretoria não entenderam assim", lembra. 

    Silas recorda ainda que tinha "a sombra de Renato Gaúcho", treinador que assumiu na sequência do ano, mas também não conseguiu uma grande sequência. 

    "Quando ele entrou no meu lugar, não aconteceu nada. Depois com Felipão, não aconteceu nada. Luxemburgo, nada. Por que? Porque não tem como, você precisa ter jogadores", pondera. 

    "O trabalho que o Renato está fazendo no Grêmio é excepcional. O vestiário do Renato é nota mil, mas ele não é esse treinador todo que às vezes a mídia quer falar", completa.

    O trabalho seguinte de Silas foi no Rio, pelo Flamengo. Também ficando pouco tempo, em um ambiente tumultuado e sem conseguir ter sucesso. 

    "O Flamengo é um caso à parte porque é um erro meu. Não deveria ter ido. Foi o Zico quem me convidou. Na hora, não achei interessante negar um pedido do Zico. Na época, meu procurador era jovem também. Faltou no nosso plano de carreira entender bem que não era momento de ir para o Flamengo. O Flamengo estava vindo da prisão do Bruno. O ambiente estava ruim. Adriano e Vágner Love estavam saindo. Eu cheguei nesse contesto: pós-título, Bruno preso, jogadores indo embora, Petkovic machucado, recebi Renato Abreu do mundo árabe fora de forma. Se eu tivesse analisado isso antes de acertar, diria para o Zico que não ia a teria ido mais para frente. Foi uma escolha errada que serviu de experiência". 

    Reciclagem e chance na Austrália

    Silas vem de uma reciclagem fora do país. Acompanhou jogos, treinos e compartilhou experiências com profissionais em Austrália, Inglaterra e França. O próximo trabalho do treinador brasileiro pode ser na Austrália.

    "Um país maravilhoso para viver e a possibilidade de trabalhar lá em uma escala grande também é muito boa", conta o técnico, que analisa situações ainda do próprio mercado brasileiro e da Ásia. 

    Confira o papo da reportagem de oGol com Silas sobre a carreira como técnico (Clique aqui e leia a entrevista de Silas recordando a carreira como atleta):

    oGol: O quanto o teu início como jogador, em um São Paulo ofensivo, influenciou na tua filosofia como técnico? 

    Quando você está no Avaí jogando o Catarinense, você pode optar por um jogo ofensivo, porque o campeonato permite e você vai jogar para ser campeão. Quando passa para a Série A com o Avaí, como foi nosso caso, depois de 30 anos sem jogar a Série A... Qual era o objetivo? Permanecer na Série A. Para isso, a gente só tinha que ser melhor que quatro. A gente sabia que ser campeão seria impossível. Então a gente tinha que ser melhor do que quatro. Convencer os jogadores que se a gente conseguisse, por exemplo, empatar com o São Paulo no Morumbi e empatar na Ressacada, era céu. Empatar com o Grêmio no Olímpico e empatar na Ressacada, era céu. Já contra os dez que estavam com a gente lutando para não cair, o ideal era ganhar em casa e não perder fora. Foi o que aconteceu naquele ano. Houve um planejamento. Ganhamos do Grêmio e Flamengo em casa. O único time que ganhou da gente com sobra na Ressacada foi o Palmeiras, e mesmo assim a gente empatou com eles no Parque Antártica. Então (a forma de jogar) depende do objetivo traçado. Um Grêmio, por exemplo, que você joga para ser campeão gaúcho e brasileiro, você tem que jogar de forma ofensiva. Logicamente com os devidos momentos de segurança, de trazer o time para traz, ou criar mais espaço. Então dependendo do teu objetivo, você monta teu elenco e também, logicamente, da parte financeira para contratar. Eu gosto de trabalhar mais sistema do que time. É a questão do Guardiola. Quando você trabalha um sistema, dois jogadores com características e de posições diferentes podem fazer a mesma função. Por exemplo: você pode colocar um Fernandinho para fazer lateral, como zagueiro ou até como terceiro homem de meio. Desde que ele entenda o sistema. Agora quando você trabalha um time, você perde um 10 e não tem outro, fica perdido sem ter o que fazer. Trabalhar hoje sistema é o caminho. 

    Teu melhor ano como treinador foi 2009, com uma campanha incrível com o Avaí, que ficou a poucos pontos da Libertadores. Analisa, também, que foi teu grande trabalho como técnico? 

    O legal foi que eu já tinha jogado um Catarinense, onde a gente não foi campeão. Aí a gente subiu na Série B. No ano seguinte, fomos campeões catarinenses antes de entrarmos na Série A. Houve um tempo dado pela diretoria ao treinador. Vejo muito mérito da diretoria e do presidente. A gente teve momentos difíceis. Na Série B, ficamos cinco jogos sem ganhar e saímos do G4. Nessas horas, qualquer time, ainda mais com treinador novo, o diretor já fala: 'Não, vamos trocar. O cara é inexperiente'. Isso aí tem muito hoje. Mas o presidente falou: 'O trabalho está bom, vai continuar'. E a gente acabou fazendo a melhor campanha do Avaí na Série A de todos os tempos. A gente, que estava preocupado em ser melhor do que quatro, acabou sendo melhor do que 14 times. O Avaí foi um dos meus melhores trabalhos porque houve a cumplicidade entre diretoria, presidência e a comissão. No Grêmio, por exemplo, eu já era menor do que o clube. O Renato Gaúcho, por exemplo, é igual ou maior que o clube, porque é o grande ídolo da história. Ele foi para o Grêmio sem ter feito grandes trabalhos antes. Aliás, estava três anos sem trabalhar. Tem muito disso na hora de o trabalho dar certo ou não. 

    Qual o perfil do Silas como técnico?

    Gosto de um sistema que ocupe bem os espaços do campo. 4-4-2, 4-2-3-1, 4-4-1-1 são sistemas que ocupam bem os espaços em campo. Não quer dizer que você não possa mudar de esquema durante o jogo. Isso, para mim, é fundamental. Não gosto de marcar do meio-campo para trás. Gosto de marcar uma zona média ou alta, porque entendo que, quanto mais longe você deixar o adversário do teu gol, você tem maiores chances de sair vitorioso. Prefiro um time que vai tentar fazer primeiro o gol para depois tentar se defender, do que o time vai jogar somente de contra-ataque. Porque jogando em contra-ataque, você tem que marcar muito e quando você marca muito, a chance de cartões aumenta. A chance de você terminar com jogadores a menos também é maior. Prefiro um time que sofra faltas do que faça. Isso eu incremento em qualquer trabalho. E se você ver que um time que luta contra o rebaixamento engrena, foi o que aconteceu com o Avaí... O primeiro objetivo era salvar, e aconteceu isso faltando cinco ou seis rodadas. Falei: 'Agora, vamos arriscar tudo para tentar ir para a Libertadores. Vamos abrir, deixar jogador de mano atrás, arriscar mais'. E por duas posições não fomos para a Libertadores. As coisas vão acontecendo e cabe ao treinador ir assimilando e colocando em prática.  

    Muitos clubes brasileiros não analisam tanto perfil de treinador, mas mais o momento dele na hora da contratação. Também vê assim o mercado de técnicos no país? 

    O que acontece muito hoje: o diretor de futebol contrata o treinador muito pelo momento que está. Às vezes ele nem sabe a história direito do treinador. E às vezes ele quer que o treinador se encaixe em um sistema que deu certo há 30 anos atrás. Um exemplo: o Grêmio tinha sido campeão contra o Hamburgo do Mundial. O Renato arrebentou. Vamos supor que tenha jogado no 4-4-2. Tem diretor que acha que esse esquema, o antigo, com dois volantes e dois meias, é o ideal para o resto da vida. Aí você chega em um clube onde tem um diretor com influência, e você começa a montar um esquema diferente, com três zagueiros, e o cara não entende muito daquilo, ele acha que não serve. Começa a fazer campanha para te tirar. Ainda mais se entrar um resultado negativo. Aí ele acha que tem razão. Então isso tudo é muito complicado. O treinador é refém do lado econômico: o jogador não fica muito tempo no clube. E é muito refém do que o diretor acha que é bom. É até uma falta de respeito o tanto de treinador que é mandado embora já na segunda, terceira, quarta rodada do campeonato. 

    E também há muito técnico que venceu com um esquema e quer seguir usando o mesmo para sempre... 

    Com certeza. 

    Em seguida, você foi para o Grêmio, mas não conseguiu terminar o ano lá. O que acha que faltou para ter sucesso no clube?

    No Grêmio, a gente foi campeão gaúcho e chegou na semifinal da Copa do Brasil, perdendo para o Santos, que foi campeão. Terminamos a primeira fase do ano acho que com quase 90% de aproveitamento. Sucesso total. Mas o que aconteceu: na volta da Copa do Mundo, eu tive 14 jogadores machucados. Ocorreu uma queda de rendimento, até natural. Mas o torcedor e diretoria não entenderam assim. E eu tinha a sombra de Renato Gaúcho, que entrou no meu lugar. Só que ali, quando ele entrou no meu lugar, não aconteceu nada. Depois com Felipão, não aconteceu nada. Luxemburgo, nada. Por que? Porque não tem como, você precisa ter jogadores. O trabalho que o Renato está fazendo no Grêmio é excepcional. O vestiário do Renato é nota mil, mas ele não é esse treinador todo que às vezes a mídia quer falar. Ele tem um cara muito bom do lado dele, deve ter aprendido muito nesses últimos anos porque jogou e ganhou coisas importantes, mas a maior virtude dele é que tem um vestiário muito bom. E só foi contratado por ser um ídolo, não pelo que tinha feito como técnico. Esses fatores são importantes. Eu estava no começo, era meu primeiro clube grande. Fiquei oito meses no Grêmio. Queria ter ficado mais mas é um tempo bom para um treinador que sai de um clube médio como o Avaí para um grande com o Grêmio.

    No Flamengo, a pressão foi enorme e você também não conseguiu ter sequência. A política do clube influenciou muito teu trabalho?

    O Flamengo é um caso à parte porque é um erro meu. Não deveria ter ido. Foi o Zico quem me convidou. Na hora, não achei interessante negar um pedido do Zico. Na época, meu procurador era jovem também. Faltou no nosso plano de carreira entender bem que não era momento de ir para o Flamengo. O Flamengo estava vindo da prisão do Bruno. O ambiente estava ruim. Adriano e Vágner Love estavam saindo. Eu cheguei nesse contesto: pós-título, Bruno preso, jogadores indo embora, Petkovic machucado, recebi Renato Abreu do mundo árabe fora de forma. Se eu tivesse analisado isso antes de acertar, diria para o Zico que não ia a teria ido mais para frente. Foi uma escolha errada que serviu de experiência. 
    Quando eu saí, entrou o Luxemburgo, que trouxe o Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves. Aí, o time acabou sendo campeão carioca. Queria eu ter tido Ronaldinho e Thiago Neves, né? Aí fica fácil... Eu vou jogar pela seleção de craques e a gente tem Careca, Muller, Edu, Jonas, Zenon. Você não precisa nem falar para o cara o que fazer, você só dá o número da camisa. Fica fácil. Se o cara pensar um pouquinho, ele tem que sorrir mesmo. Só tem que ser um modelador de carreira e de vaidade. 

    O Carlo Ancelotti é um exemplo de técnico que sabe bem lidar com o ego dos jogadores...

    Eu joguei com ele no Milan um mês. O Milan me convidou para fazer uma excursão. A gente deu muita risada. Ele falava que ele, Tassotti e eu éramos os três brasileiros do Milan.  

    Você esteve um tempo no Catar e depois rodou algumas equipes brasileiras, passando outras duas vezes pelo Avaí até dirigir o Red Bull em 2017. Desde teu último trabalho, o que fez? 

    A gente não pode nem se lamentar nem aceitar qualquer coisa. Apareceram muitas coisas, mas optei por estudar e cuidar da família. Minha filha forma em medicina. Minha maior preocupação era encaminhar eles, e isso a gente conseguiu. Os três estão muito bem. Essa questão da felicidade ela passa primeiro pelo sucesso da família. 

    E nesse tempo, também, você procurou se reciclar?

    Fui para a Austrália, fui visitar a federação. Eles querem levar treinadores brasileiros para lá, e eu sou uma possibilidade. Estive no Al-Gharafa e tive o Diego Tardelli e o Marck Bresciano, que jogou na seleção australiana. Então a gente esteve na Austrália. Conversei com o Jasper Olssen, que jogava pela seleção dinamarquesa e que é técnico em Melbourborne. Tem um clube que chama Avondale, treinador italiano, e fui dar uma palestra para eles. Depois fui para Paris e Lyon. Visitamos o Claudio Caçapa, auxiliar do Lyon. Eles iam jogar contra o Bordeaux, do Ricardo Gomes. Conversamos com o Ricardo Gomes, ficamos com o Caçapa. Assistimos o jogo, treino, conversamos com o técnico do Lyon para ver tudo o que estão fazendo. Depois fomos para a Inglaterra visitar o Tottenham, do Lucas Moura e do Harry Kane, ver eles contra o PSV. Depois visitamos o Gomes, no Watford, e o Javi García. Trocamos muita figurinha. No outro dia, assistimos o City contra o Shakhtar. Conversamos com o Txiki Begiristain, diretor do City. Joguei a final da Champions League pela Sampdoria contra ele. Depois ele foi para o Japão, para o Urawa Reds, e eu fui para o Kyoto, e continuamos amigos. O Willian e o David chamaram para a gente ir ao restaurante que eles têm e visitar o Chelsea, a gente não conseguiu, mas vamos fazer isso ainda. Ainda estive em Dubai com o Gustavo Quinteros, ex-companheiro meu e ex-técnico do Equador e da Bolívia. Falamos muito de futebol sul-americano.   

    Então você vai para a Austrália em 2019...

    Se pintar (chance na Austrália), vou sim. Um país maravilhoso para viver e a possibilidade de trabalhar lá em uma escala grande também é muito boa. Mas também tem a possibilidade de ir para Dubai, China, Japão... Na Europa ainda não posso trabalhar porque tenho que tirar licença Uefa. Estou correndo atrás disso também. Aqui também têm três clubes que a gente está conversando, de repente a gente abraça um. 
    Sampdoria
    A gente foi campeão da Supercopa italiana da Samp, chegamos na final da Champions League, por um time médio da Itália. Depois disso, não aconteceu muito com a Sampdoria. Mas naquela época tinha Mancini, Vialli, Pagliuca, Toninho Cerezo, Katanec, Attiulio Lombardo, eu estava lá também... Era um time,realmente, muito forte, e por isso chegou. Volto a falar: não basta o treinador ser bom, ele precisa ter um time. 

    Brasil
    Paulo Silas
    NomePaulo Silas do Prado Pereira
    Data de Nascimento/Idade1965-08-27(58 anos)
    Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    FunçãoTécnico

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