Brasil pós-Copa não encanta, mas não leva gols e segue 100%

Miranda garantiu nos acréscimos, contra a Argentina, a quarta vitória consecutiva do Brasil pós-Copa do Mundo. Foi dele também a grande oportunidade brasileira no primeiro tempo. Um indício de que Tite tem que trabalhar para melhor o setor ofensivo, que não correspondeu à altura contra a seleção argentina.

Ao menos por suas declarações em coletivas de imprensa, Tite parece satisfeito com sua equipe. O técnico tem os números a seu favor. Afinal, desde que deu início ao novo ciclo, com algumas experiências no caminho, o treinador comandou a seleção em quatro jogos. Venceu todos, com placar agregado de 10 a 0. No entanto, nada que esconda a falta de brilho da equipe, e em especial de alguns de seus principais jogadores.

Neymar, por exemplo, voltou a ser decisivo com a cobrança de escanteio que resultou no gol de Miranda no fim da partida. Antes disso, passou 90 minutos com dribles sem objetividade, passes sem direção e cobranças de falta tortas. A cobrança certamente é maior sobre a grande estrela da equipe, mas o atacante do PSG na verdade foi o melhor do setor ofensivo.

Roberto Firmino pouco produziu no centro do ataque. Gabriel Jesus, em má fase desde a Copa, foi ainda menos efetivo pelo lado do campo. No meio-campo e com pouca aproximação na área, embora não necessariamente por orientação tática, Philippe Coutinho talvez tenha sido o pior do quarteto da frente. Casemiro e Arthur mantiveram a segurança no meio-campo, se bem que descolados de seus companheiros, com pouca produtividade no campo argentino.

Cabe lembrar que a Argentina foi o teste mais duro até o momento neste novo ciclo, e foi uma seleção modificada, com técnico interino, sem Messi e outras estrelas. Já o Brasil vem atuando com a base da Copa, com algumas experiências, e a escalação com mais modificações foi contra a fraca seleção de El Salvador, com goleada brasileira por 5 a 0.

Em um ponto ao menos Tite parece ter acertado: a defesa. Não importa quem foi a campo, o Brasil esteve sempre firme defensivamente. Thiago Silva e Marquinhos formaram a primeira dupla, contra os Estados Unidos, depois foi a vez de Dedé atuar ao lado de Marquinhos, contra El Salvador, o zagueiro do PSG seguiu como titular contra a Arábia Saudita ao lado de Pablo e formou com Miranda a quarta dupla diferente em quatro jogos.

Marquinhos é obviamente a grande aposta de Tite para o novo ciclo e foi o único na defesa a atuar nas quatro partidas. Thiago Silva e Miranda têm a confiança do técnico e poderiam ser titulares, porém a idade justifica cautela em suas escalações, pensando no futuro.

A defesa segue sendo o ponto forte do Brasil, mas certamente o torcedor anseia por mais. Para já, o Brasil de Tite não encanta e dá a impressão de que não atingiu todo o seu potencial ofensivo.