Siga o instagram do oGol
bet365
Futebol Internacional
Hoje, meia vive experiência em Israel

Lições de Leão e Tite, encanto pela Alemanha e mágoas em BH: o caminho de Roger Bernardo

E0

O sucesso no futebol quando jovem é um atalho para o deslumbramento. Não são poucos os atletas que se perdem ao longo da trajetória. Roger Bernardo quase se perdeu, mas contou com a ajuda de Émerson Leão para se achar e construir uma carreira sólida. 

O jogador começou a carreira profissional no Palmeiras, após passagem por União São João e Santo André na base. Em 2005, o jogador teve boa sequência no Campeonato Brasileiro. Em um time que contava com nomes tarimbados, como Marcos, Gamarra, Juninho Paulista e Pedrinho, Roger Bernardo quase perdeu a humildade, mas recebeu uma lição de Leão, como revela em conversa franca com a reportagem de oGol

"Leão foi um paizão para mim. Na época, me tornei titular e renovei o contrato e, menino novo, de 17 para 18 anos, a gente começa a deslumbrar. Eu titular, na hora que terminou o campeonato, eu estava já achando que era jogador há muito tempo, mas ele falou: 'Vou te emprestar para um time porque não quero que isso tudo suba para tua cabeça'. Porque eu estava chegando em treino de chinelo, usando bolsa de lado, essas coisas de jogador. Ele acabou que me emprestou para o América de Rio Preto na época. Para mim, foi muito bom. Ele me ensinou a ser uma pessoa mais humilde. Ele me ensinou muitas coisas através desse gesto. Acabei ficando bem mais tranquilo profissionalmente. Agradeço até hoje os puxões de orelha", revela. 

No Palmeiras, o meia foi companheiro ainda de Edmundo, e foi comandado por Tite, hoje técnico da seleção brasileira. O atleta garante que Tite foi outro responsável por seu crescimento na carreira. 

"Foi um prazer ter trabalhado com o Tite. Para mim, foi muito relevante pelo fato de ele estar ainda no começo da carreira. Depois, ele saiu em um tempo para estudar e deu no que deu. Um professor exemplar, que sempre pensa antes de falar as coisas. Me ajudou muito. Joguei muitas partidas com ele, é um treinador que tenho uma admiração muito grande. Me ensinou muito, é uma pessoa incrível, de um coração grande. É um pai para muitos jogadores, um cara íntegro, correto. Quem estava sempre melhor jogava", disse. 

O encanto pela Alemanha

Após rodar emprestado em alguns clubes brasileiros, Roger Bernardo foi para a Alemanha. E não foi a primeira vez do meia no país: quando defendia o União São João, o jovem quase foi negociado com um clube alemão. Então, começou o encanto pelo país. 

"O presidente do União São João fez uma viagem com alguns jogadores para a Alemanha buscando tentar vender alguns atletas para ajudar o clube e os jogadores. Na época, eu fiquei no Arminia Bielefeld, fiquei lá por três meses. Eles gostaram, queriam que eu ficasse, mas não deu certo e voltei ao Brasil. Daí fui ao Palmeiras. Mas fiquei com aquele gostinho de querer voltar a jogar na Alemanha. Batalhei para voltar e acabou que aconteceu, em 2009. Atuava pelo Figueirense e me transferi para o Energie Cottbus". 

©Getty / Alexander Hassenstein

Começou, então, uma longa trajetória no futebol alemão, com oito temporadas no país. Após seis anos na segunda divisão alemã, a Bundesliga 2, o brasileiro realizou o sonho de jogar a divisão principal em 2015/16. 

"Era um sonho de criança atuar nas melhores ligas. Estava ali e pelejei bastante na segunda divisão. Fomos campeões e tive o prazer de disputar duas temporadas seguidas (da Bundesliga). Foi um sonho realizado", confessa. 

Retorno frustrado ao Brasil

Após defender o FC Ingolstadt 04 na Bundesliga, o meia retornou ao Brasil. No Atlético Mineiro, o jogador fez apenas 12 jogos. Em 2018, não jogou nenhuma vez. Roger esperava ter mais espaço no elenco atleticano. 

"Ficamos oito temporadas e falei para minha esposa que queria voltar ao Brasil. Acabei acertando com o Atlético por três temporadas, mas acabei ficando só uma. Infelizmente, o Maluf (diretor) faleceu e acabou que mudou muita coisa... Respeito, cada um tem a sua filosofia. Foi uma experiência boa, mas não foi como eu esperava. Coisas que aconteceram que eu não esperava. Mas respeito, bola para frente. Faz parte do futebol", lamenta. 

©Getty / Pedro Vilela

"Não tive oportunidade de atuar. Foi o que mais me chateou. Não tive nenhuma oportunidade de atuar esse ano, não joguei nenhuma partida em meses. Achei uma falta de respeito, mas, ao mesmo tempo, respeitando os profissionais. Mas queria jogar, pela idade que tenho, preciso atuar, porque acaba ficando mais difícil... Foi o que me fez sair do Atlético", completou. 

Agora, Roger vive o desafio de atuar no futebol de Israel, esperando o início da temporada para estrear pelo Hapoel Tel Aviv, dia 29. O brasileiro vai se adaptando ao novo país e projeta uma boa temporada. 

"Aqui é muito diferente dos lugares que passei. Uma cultura diferente, língua, alimentação... O clima é muito diferente, muito quente, um mormaço diferente, mas já estou me acostumando. Mas, pelo que vi, o campeonato aqui tem jogadores de muita qualidade". explicou. 

Roger projeta voltar ao Brasil após a experiência em Israel. "Vamos ver no futuro, quem sabe, voltar ao Brasil, terminar a carreira, aproveitar a família". 

Confira a conversa completa com Roger Bernardo: 

oGol: O teu início de carreira foi no Palmeiras, e tendo certo destaque em 2005, em boa campanha do time no Brasileiro. Como foi esse início de carreira para ti? 

Roger Bernardo: Meu início de carreira foi em um time grande, como o Palmeiras. Eu, menino, com várias estrelas no Palmeiras... Foi bem legal pelos profissionais que encontrei na minha época, e por poder ser um dos titulares junto com Marcinho Guerreiro e Corrêa também. Naquela ocasião, fomos bem no Brasileiro e, no Brasileiro mesmo, joguei umas cinco partidas e o Émerson Leão renovou meu contrato. Graças a Deus tive profissionais como o professor Émerson Leão, que foram fundamentais na minha carreira. 

Qual foi a importância de Leão para ti?

Leão foi um paizão para mim. Na época, me tornei titular e renovei o contrato e, menino novo, de 17 para 18 anos, a gente começa a deslumbrar. Eu titular, na hora que terminou o campeonato, eu estava já achando que era jogador há muito tempo, mas ele falou: "Vou te emprestar para um time porque não quero que isso tudo suba para tua cabeça'. Porque eu estava chegando em treino de chinelo, usando bolsa de lado, essas coisas de jogador. Ele acabou que me emprestou para o América de Rio Preto na época. Para mim, foi muito bom. Ele me ensinou a ser uma pessoa mais humilde. Ele me ensinou muitas coisas através desse gesto. Acabei ficando bem mais tranquilo profissionalmente. Agradeço até hoje os puxões de orelha. 

Você trabalhou também com Tite, que foi outro grande comandante na tua carreira. Como foi a experiência?

Foi um prazer ter trabalhado com o Tite. Para mim, foi muito relevante pelo fato de ele estar ainda no começo da carreira. Depois, ele saiu em um tempo para estudar e deu no que deu. Um professor exemplar, que sempre pensa antes de falar as coisas. Me ajudou muito. Joguei muitas partidas com ele, é um treinador que tenho uma admiração muito grande. Me ensinou muito, é uma pessoa incrível, de um coração grande. É um pai para muitos jogadores, um cara íntegro, correto. Quem estava sempre melhor jogava.

Como foi teu primeiro contato com a Alemanha?

O presidente do União São João fez uma viagem com alguns jogadores para a Alemanha tentar vender alguns atletas para ajudar o clube e os jogadores. Na época eu fiquei no Arminia Bielefeld, tinha 20 anos e fiquei lá por três meses. Eles gostaram, queriam que eu ficasse, mas não dei certo e voltei ao Brasil. Daí fui ao Palmeiras. Mas fiquei com aquele gostinho de querer voltar a jogar na Alemanha. Batalhei para voltar e acabou que aconteceu, em 2009. Atuava pelo Figueirense e me transferi para o Cottbus. 

O que mais te atraiu no país? 

Gostei muito quando fui novo para lá. Depois assisti um jogo do Arminia, estádio cheio, treinamentos, o futebol em si... A cultura não conhecia, mas o futebol sabia que era um dos melhores do mundo. Fiquei com o gostinho de quero mais, de querer voltar, e acabou que deu certo. Depois que fui aprendendo mais a cultura, tudo sobre a Alemanha. No primeiro momento, eu tinha acabado de me profissionalizar e queria jogar fora do país. Esse querer jogar fora me motivou mais. Fiquei atraído pela Alemanha e depois fui conhecendo os costumes e a cultura. 
Tanto no futebol, como também em segurança, essas coisas, a Alemanha é um país de primeiro mundo. Futebol também é um dos melhores do mundo. É um país muito bom. 

Como foi tua experiência em campo? 

Passei oito temporadas. São seis na segunda divisão e duas na primeira. A segunda divisão é muito pegada, requer muito preparo físico, muita força. Já a primeira é qualidade, uma divisão que não pode errar, porque um erro contra um time como Bayern e Dortmund é fatal. Mas as duas são muito boas, cada uma com sua característica. Mas ambas são muito bem disputadas. 

Não é tão comum um brasileiro ficar tanto tempo na Bundesliga 2. O que te motivou?

Coloquei esse gostinho no Brasileiro de querer jogar na segunda divisão da Alemanha. Quando mudei de equipe, as coisas foram dando mais certo e nós começamos a gostar, uma cidade diferente... Fui ficando e fiquei oito temporadas. Depois, conheci vários brasileiros que atuaram tanto na primeira, como na segunda liga. Na segunda, de uma hora para outra, foi começando a ter muitos brasileiros. Quando você está jogando, sua família está feliz, as coisas fluem naturalmente. 

Foi um sonho chegar na Bundesliga?

Era um sonho de criança, atuar nas melhores ligas. Estava ali e pelejei bastante na segunda divisão. Fomos campeões e tive o prazer de disputar duas temporadas seguidas (da Bundesliga). Foi um sonho realizado. 

Como analisou a Alemanha na Copa?

Muito difícil falar sobre a Alemanha. O que senti foi uma seleção que, normalmente, quando está com um resultado inferior não se abala, mas foi o contrário nessa Copa, talvez pelo título que estava defendendo. Acabou que as coisas não correram do jeito que achavam. Como a seleção brasileira, tem seus altos e baixos, futebol está muito nivelado. Antigamente, saberíamos que ganharia Brasil, Alemanha, de quatro, cinco gols; hoje em dia os resultados tem muito 1 a 0, prorrogação, pênaltis. A maioria dos países que estão na Copa tem muito jogadores que estão na Europa, então o nível fica mais igual. Mas creio que eles vão reformular, têm excelentes jogadores novos que vêm por aí. A Alemanha caiu, mas quando eles caem, trabalham mais ainda para se erguer o mais rápido possível. 

Depois de tanto tempo na Alemanha, você voltou ao Brasil para atuar no Atlético. Como foi essa readaptação e o que mais sentiu para não ter conseguido jogar tanto? 

Ficamos oito temporadas e falei para minha esposa que queria voltar ao Brasil. Acabou que acertando com o Atlético por três temporadas, acabei ficando só uma. Infelizmente, o Maluf faleceu e acabou que mudou muita coisa... Respeito, cada um tem a sua filosofia. Foi uma experiência boa, mas não foi como eu esperava. Coisas que aconteceram que eu não esperava. Mas respeito, bola para frente. Faz parte do futebol. Passei um ano perto da família, mas foi bom para descansar, fiz vários amigos... Mas a gente pretende voltar, talvez no próximo ano. Já estou planejando algumas coisas para o futuro.

O que pesou para sua saída? 

Aconteceu que não tive oportunidade de atuar. Foi o que mais me chateou. Não tive nenhuma oportunidade de atuar esse ano, não joguei nenhuma partida em meses. Achei uma falta de respeito, mas, ao mesmo tempo, respeitando os profissionais. Mas queria jogar, pela idade que tenho, preciso atuar, porque acaba ficando mais difícil... Foi o que me fez sair do Atlético.

Como está sendo a chegada em Israel?

Correria muito grande, estava me mudando agora, estávamos chegando da pré-temporada. Temos jogo dia 29, começa a competição. Minha esposa está chegando amanhã e estou deixando mais arrumado para ela. Mas muito diferente dos lugares que passei. Uma cultura diferente, língua, alimentação... O clima é muito diferente, muito quente, um mormaço diferente, mas acabou já estou me acostumando. Mas, pelo que vi, o campeonato aqui tem jogadores de muita qualidade. 

Qual tua ambição aí? 

A ambição que tenho é deixar meu nome aqui como profissional, não me lesionar, tentar jogar o máximo de partidas. Vamos ver no futuro, quem sabe, voltar ao Brasil, terminar a carreira, aproveitar a família... 

O que projeta para o futuro? 

Pretendo terminar bem aqui primeiro e, me sentindo bem, aí sim a gente vê no Brasil o que meus empresários e Deus vão preparar para gente. Uma cidade boa, para eu poder, com minha família, ficar. Primeiramente, quero terminar bem aqui o campeonato, tanto individualmente, como em grupo também. Daí, as coisas vão fluindo. 

Brasil
Roger Bernardo
NomeRoger de Oliveira Bernardo
Data de Nascimento/Idade1985-08-10(38 anos)
Nacionalidade
Brasil
Brasil
PosiçãoDefensor (Zagueiro) / Defensor (Lateral Direito)

Fotografias(3)

Roger Bernardo, Hernanes
Roger de Oliveira Bernardo, Pascal Gross, Mathew Lecki

Comentários

Quer comentar? Basta registrar-se!
motivo:
EAinda não foram registrados comentários…
Links Relacionados

Futebol Nacional
Curiosidade
Pai e filho em campo
Romário e Romarinho podem atuar juntos na Segunda Divisão do Campeonato Carioca. Inscrito no BID da CBF, Romário não escondeu o desejo de atuar ao lado do filho. Nem que ...

ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

JP_Tricolor 19-04-2024, 08:05
JP_Tricolor 19-04-2024, 08:04
JP_Tricolor 19-04-2024, 08:03
JP_Tricolor 19-04-2024, 08:01
ScPKoHx 18-04-2024, 18:50
Jorjao123 18-04-2024, 10:23
JP_Tricolor 18-04-2024, 07:49
JP_Tricolor 18-04-2024, 07:47
JP_Tricolor 18-04-2024, 07:46