Modric e a Bola de Ouro em tempos de Messi e CR7

"Cristiano Ronaldo? Quem me impressionou foi Modric". Lembro-me de escutar mais ou menos este comentário de um amigo após partida do Real Madrid no Mundial de Clubes. Fã de futebol, mas não um fanático, e ainda refém da TV aberta, ele pouco sabia sobre o meia croata. Para quem está acostumado a assistir qualquer pelada na TV, como eu, pode parecer esquisito alguém se surpreender com o talento de Modric, mas a realidade é que somos minoria.

Messi e Cristiano Ronaldo, estes todos conhecem, mesmo que poucos tenham visto jogar. Basta darem o azar de assistirem um raro dia ruim dos craques para cravarem - "amarelões" ou "os craques da minha época eram melhores", para os mais saudosos. Bem, se os dois maiores gênios do futebol atual sofrem, com suas médias monstruosas, beirando um gol por jogo por uma década, sem contar suas assistências, imaginem como deve ser difícil ser um Modric. Os seus lances raramente aparecem nos resumos de melhores momentos das partidas.

©Getty / Shaun Botterill

Modric, de 32 anos, tem quatro Ligas dos Campeões no currículo, entre outros títulos. Faz parte de uma geração que venceu mais no Real Madrid do que a dos "Galáticos". É provavelmente o melhor do mundo em sua função, um meia completo, mas cujo trabalho na maior parte do tempo se dá distante da área. No Brasil muitas vezes reduzimos estes jogadores a "volantes", com um tom até pejorativo, mesmo que seja óbvio que não exerçam em campo o mesmo papel de jogadores como Casemiro (outro grande jogador em sua função), para citar o exemplo do próprio Real. Mesmo assim, o sucesso da Croácia na Copa o eleva a outro patamar no futebol mundial, como uma constatação de que o torneio está longe de perder sua relevância, embora cresça cada vez mais a visibilidade do futebol europeu e de suas principais competições, com clubes milionários que formam verdadeiras seleções multinacionais.

Companheiros de Modric na seleção croata, Rakitic e Mandzukic já fazem campanha pela Bola de Ouro, assim como o artilheiro da Copa de 98, Suker. Certamente seria um reconhecimento honroso para um atleta que há anos entrega um futebol do mais alto nível. Caso faça a diferença contra a França e vença a Copa, existe a possibilidade para isto, embora remota. Mais provável que concorra pela terceira posição com Salah. Em tempos de Messi e Cristiano Ronaldo, é difícil ser apenas um craque.