Futebol ajudou Didira a superar morte de irmãos, e hoje meia luta por Série A

Natural de Arapiraca, Cícero dos Santos Bezerra, o Didira, sonhava, desde menino, jogar com os grandes. Em Alagoas, conseguiu: defendeu o ASA de sua cidade, o ABC e o CSA. Para isso, porém, o atleta teve de se superar diversas vezes. Assim como o próprio Azulão, que, em 2016, estava na Série C e hoje luta pelo acesso para a Série A. 

Como muitos meninos, Didira teve dificuldade para começar no futebol. Em Alagoas nada é dado, mas sim conquistado. Primeiro no Universal, depois no ASA, o menino foi superando as dificuldades para sobreviver no mundo do futebol. 

"Foi com muita dificuldade e sofrimento que me tornei jogador. Não desisti em momento algum até conseguir meu objetivo, que foi ser jogador profissional", começou a contar, em conversa com a reportagem de oGol. 

O momento mais delicado para Didira foi quando sofreu com a morte dos irmãos. O jogador estava começando a carreira quando sofreu duas pancadas fortes da vida. Didira caiu, mas levantou. 

"Foi quando perdi meu irmão, e depois perdi ainda outro. Foi o momento mais difícil da vida, onde estava começando a carreira e perdi as pessoas que iam me dar força para ser jogador. Sabia que mesmo eles não estando comigo, eles iam estar torcendo e vendo meu sucesso. Aquilo serviu de motivação para conquistar meu sonho. Deus colocou um treinador que até hoje agradeço, o Leivinha, que me deu oportunidades", contou. 

O meia conta que o futebol o deu força para continuar lutando, e vivendo, em busca dos sonhos que sonhou quando ainda era menino. O futebol ajudou Didira a seguir batalhando na vida. 

"Foi a coisa mais importante (o futebol). Quando você tem um sonho de criança, de ser jogador, de jogar com grandes jogadores... Isso para mim foi importante. Meu pai tinha um time amador, e eu jogava no time dele já com aquele sonho. E depois de tudo que aconteceu, foi quando me motivou mais ainda para ter vontade de lutar e conquistar esse feito de ser um jogador profissional", confessou. 

Depois da queda, o auge

Didira passou pelos grandes de Alagoas: se destacou no ASA, chegou a fazer uma partida no ABC e no CSA participou da grande arrancada da história do clube, que esteve na Série D em 2016 e agora, em 2018, está no G4 lutando pelo acesso para a Série A. 

©Divulgação/CSA

"É um dos momentos mais importantes para mim. Depois de muita coisa que passei, depois de muitos altos e baixos, estou vivendo um momento sensacional. Estadual, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, agora Série B muito bem. Estou vivendo um momento espetacular", disse. 

E Didira, com características defensivas, faz gols como nunca antes na carreira. Na temporada, já são dez tentos anotados, quatro deles na Série B (dois de fora da área, dois dentro dela, ambos com a perna direita). O jogador comenta a fase goleadora. 

"É o momento mais contundente que estou vivendo. Eu sou um cara que marco muito, mas saio para jogar também. Estar vivendo esse momento de fazer gols e ajudar a equipe... É um momento que não havia tido na carreira, sempre fiz poucos gols e hoje estou vivendo uma situação diferente. Tenho de manter os pés no chão para continuar da forma como estou", analisou. 

Luta pelo acesso

Com grande campanha na Série B, o CSA está no G4 e luta pelo acesso. Didira elogia o "grupo muito bom" do Azulão, com a base de atletas campeões da Série C, e pede foco para a campanha seguir forte até o fim. 

"A gente sabe que é difícil, mas cada jogador aqui tem um objetivo, todo mundo pensa do mesmo jeito. A gente está dando o melhor a cada jogo para a gente superar as dificuldades, porque vão ser muitas, são muitos jogos, viagens, desgaste... A gente tem que ter o máximo de concentração para ter uma performance boa dentro da competição". 

O bom desempenho coletivo do CSA e, em especial, o individual de Didira, acaba chamando a atenção de outras equipes. O Botafogo estaria entre os interessados pelo jogador, mas o meia garante foco na Série B. 

"Tem o comentário que têm outras equipes interessadas, mas, até o momento, não me chegou nada. Meu empresário que está em conversa com outras equipes. Eu só estou focado em jogar para que as portas possam se abrir na frente", garantiu. 

"Vejo muito comentário, mas nada de concreto chegou. Não posso dizer que é o Botafogo, porque pode aparecer outra equipe. Não tem nada de concreto. Estou com a cabeça tranquila e pensando em jogar para eu manter o foco. Tenho de me dedicar para continuar da forma que eu estou", completou.