A Espanha mostrou sua força, a Argentina sua fragilidade. Faltando muito pouco para a Copa do Mundo da Rússia, a rodada de amistosos teve um clima especial e serviu para observarmos em que estágio se encontram as principais seleções que vão ao Mundial. Confira aqui a nossa análise pós-amistosos em clima de Copa.
Dizer que a Espanha é candidata ao título não chega a ser uma surpresa. Mas enquanto se fala muito na Alemanha, atual campeã, no ressurgimento do Brasil, no talento de França e Bélgica, às vezes podemos esquecer de quão boa é essa seleção espanhola. A Argentina comprovou isso da pior forma.
Antes da humilhante goleada sobre os Hermanos, no entanto, a Fúria já tinha mostrado sua capacidade no empate contra a Alemanha, colocando os campeões mundiais na roda em muitos momentos de partida. A verdade é que a Espanha tem (quase) todo o pacote necessário para vencer a Copa, com jovens talentos acostumados ao alto nível como Isco e Asensio, experiência de atletas como Sergio Ramos e Iniesta, opções no banco... Talvez falte só um centroavante capaz de manter o nível, já que Diego Costa ainda não encantou com a camisa da seleção.
Para muitos, Messi precisa vencer uma Copa para ser elevado ao patamar de maior da história. Bem, pelo que a Argentina mostrou até o momento, isso não vai acontecer.
A seleção argentina já sofreu para se classificar para a Copa do Mundo e só o fez por conta do talento de Messi. Sem seu craque, a Argentina é uma seleção coletivamente desorganizada, com jogadores atuando individualmente muito abaixo das suas possibilidades. Um desastre completo que ficou evidente com a humilhante derrota para a Espanha por 6 a 1.
Hoje, a impressão que a Argentina passa é que nem mesmo se Messi tivesse o apoio de Maradona e Di Stéfano em campo seria possível levar a Albiceleste ao topo do mundo.
De todas as seleções que vão a Copa do Mundo, talvez nenhuma tenha tantos talentos de alto nível como a França de Griezmann, Pogba, Mbappé, Dembélé, Kanté, Lloris, Lemar e etc... Em campo, a seleção francesa ainda é menor que a soma de suas partes.
Contra a Colômbia, a França decepcionou e levou virada dolorosa no fim. Apesar de ter vencido a fraca seleção russa, a equipe francesa não teve atuação convincente e a única boa notícia é que Mbappé a cada dia parece melhor.
A Rússia se esforçou muito para conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo. Há grandes chances de se arrepender disto. O país, que atravessa um dos maiores escândalos de dopping da história do esporte, a ponto de serem banidos das Olimpíadas de Inverno, tem tudo para ser a maior decepção da Copa.
Na realidade, para existir a decepção é preciso termos ao menos alguma expectativa positiva, e no momento ela não existe para a seleção russa. A última vitória importante da Rússia foi em 2015, contra uma seleção portuguesa sem Cristiano Ronaldo. Contra Brasil e França foram seis gols sofridos, apenas um marcado e um futebol sofrível.
Neymar segue sendo a principal estrela da seleção brasileira, mas a boa notícia é que não dependemos tanto do craque do PSG. A seleção se portou bem sem o jogador nos testes contra Rússia e Alemanha.
Tite segue fazendo um trabalho louvável no comando do Brasil. Além da importante vitória sobre a Alemanha em Berlim, outro destaque ficou para a atuação defensiva brasileira, sem sofrer gols nos dois jogos.
Nem tudo foi perfeito, no entanto. Desde que trocou o Liverpool pelo Barcelona, Philippe Coutinho ainda não voltou ao alto nível que apresentava nos Reds e não foi a presença criativa que dele se esperava. Mas a principal preocupação passa por Dani Alves. O lateral direito caminha para o fim de carreira e tem sido um ponto de fragilidade tanto por PSG quanto na seleção, e Fagner definitivamente não é o substituto dos sonhos do torcedor.
Outra conclusão que deveria ser óbvia, mas vale ressaltar: a Inglaterra está longe, muito longe, dos candidatos ao título na Rússia. Dito isso, nem tudo é lamentação para o torcedor inglês.
Embora não tenha tido grandes atuações contra Itália e Holanda, a seleção inglesa conseguiu um empate e uma vitória e ainda tem muita margem para evoluir. Gareth Southgate conta com uma geração de talento ofensivo raro para a Inglaterra, com atletas como Rashford, Sterling, Delle Ali, Lingard e, acima de tudo, Harry Kane, que ainda está fora de combate e agregará mais poder de fogo ao time. Resta saber se o técnico seguirá fazendo a equipe evoluir coletivamente para fazer bom papel na Copa.
6-1 | ||
Diego Costa 12' Isco 27' 52' 74' Thiago Alcântara 55' Iago Aspas 73' | Nicolás Otamendi 39' |