Brasileiro viu começo de Dembélé de perto; hoje, faz história na Champions

Em alta no Qarabag, conquistando feitos inéditos com a equipe do Azerbaijão que vai fazendo história na Liga dos Campeões, o atacante brasileiro Pedro Henrique viu o nascimento de uma estrela antes de brilhar no meio delas na competição mais importante da Europa. 

Gaúcho de Santa Cruz do Sul, Pedro fez carreira quase que toda na Europa. O atleta saiu do Caxias, em 2012, para defender o Zurich, sua primeira experiência em um novo continente. 

"Depois de me profissionalizar no Caxias eu tive a oportunidade de ir para o futebol europeu. O trampolim aqui na passagem em Zurique, experiência muito bonita em um país muito organizado. Na minha terceira temporada, fui campeão da Copa da Suíça, fui vice-artilheiro da equipe e tive oportunidade de ter proposta na Europa para fazer a segunda parte da minha trajetória no continente", conta. 

Brasileiro acompanhou de perto Dembélé

A segunda passagem de Pedro Henrique na Europa foi na França. O atacante soma 78 partidas e oito gols em duas temporadas e meia no Rennes. 

"Na França, foi o desafio da minha carreira até então. A primeira vez que encarei um campeonato de nível alto, top 5 na Europa. Acredito que minha primeira temporada foi muito interessante, onde aprendi mais, onde joguei mais. Praticamente sempre como titular até a segunda temporada, até ter uma lesão no rosto", recorda. 

©Getty / Jordan Mansfield

Por lá, viu de perto o surgimento da então promessa Ousmane Dembélé, hoje principal contratação da história do Barcelona. O brasileiro recorda o surgimento do francês. 

"Realmente, é um jogador diferenciado. Subiu da base no meio do campeonato e, no final de semana seguinte, já começou jogando e já fez a diferença. Atuei menos de seis meses com ele e todo mundo ficou encantado. Foi muito decisivo para nós e, logo depois, foi vendido para o Dortmund. No Dortmund, foi bem e já esta no Barcelona, provando que é uma joia rara. Infelizmente, machucou em uma lesão meio estranha... Porque ele tem pernas longas e machucou o músculo em uma lesão meio rara, mas torço pela volta. É um menino de cabeça boa, bem humilde", revela. 

Pedro Henrique lembra que o jovem francês, com o qual fez 14 partidas, era chamado, então, de "Pernalonga", por motivos bem óbvios. "Ele era o Pernalonga do desenho animado. Era engraçado. Tinha uma facilidade para dar dribles e bater com as duas pernas. Ele enchia os olhos de todo mundo lá". 

Título na Grécia e desafio no Azerbaijão

Depois da passagem pelo Rennes, Pedro Henrique se mudou para a Grécia. Lá, ficou seis meses, mas guarda com carinho na memória a conquista do título da Copa da Grécia, sendo o autor do gol do título do Paok. 

"Minha passagem na Grécia foi marcante para todo mundo. Foi um recomeço na minha carreira. O clube me comprou no Rennes e fiz seis meses com gols, boas atuações, jogando quase sempre. Na final da Copa, vínhamos de uma maratona de jogos. Aquele jogo, acabei entrando e fazendo o gol do título. Um título que há mais de 12 anos não se ganhava. Foi muito bonito, acabamos a temporada em alta", lembra. 

Apesar do bom final de temporada e da vaga na Liga Europa, Pedro Henrique lamenta o início ruim do Paok em 2017-18, que acabou o fazendo aceitar um desafio no Azerbaijão. 

"Começamos essa nova temporada com uma expectativa grande, novos reforços, mas tropeçamos nos playoffs da Europa League. Ninguém esperava não entrar na Europa League. Nisso, o Qarabag chegou nos últimos dias da janela e me fez uma proposta de empréstimo para jogar a Liga dos Campeões. Já que não tinha competição europeia no Paok e muitos jogadores no grupo, a gente achou uma boa oportunidade. Visibilidade grande. Foi uma surpresa para mim". 

Pedro Henrique faz história na Champions

No Azerbaijão, apesar do pouco tempo, Pedro Henrique já fez história. Contra a Roma, o brasileiro marcou o primeiro gol de uma equipe do país na Liga dos Campeões. 

"Foi um momento especial. Recebi uma homenagem da federação aqui. No momento, a gente não quer ficar pensando nisso mas, com o passar dos anos, com certeza, vai ser uma coisa que ficou na história. Não só para eles, como para mim. gol no momento do jogo que a gente precisava de um gol, para não deixar eles fazerem uma vantagem maior. O estádio explodiu e eu fui para a galera. Foi um momento bem bonito, digno de emoção. Meu primeiro gol em Champions League. Vai ficar marcado", confessa. 

Pedro Henrique destaca o carinho do povo azeri, que comemorou, com o time, nesta semana, o primeiro ponto de uma equipe do país na competição, no empate sem gols contra o Atlético de Madrid. 

"A expectativa era muito grande, até porque o Atlético de Madrid é uma equipe que, nos últimos anos, figurava em finais de Champions League, ganhando Campeonato Espanhol. Sabíamos que ia ser muito difícil, mas a cada jogo a equipe está ganhando confiança e conseguimos fazer um bom jogo. Com grande posse de bola, 50% a 50%. Com chances para eles, mas com chances para nós, com dois pênaltis, um claro que não foi dado. Por pouco, não saiu a vitória. Ficou um gosto de vitória. A felicidade foi muito grande dos torcedores, no vestiário presidente e patrocinadores também... Foi o primeiro ponto na Champions e, quem sabe, não conseguimos ainda uma vitória para dar alegria a esse povo". 

Pedro Henrique tem contrato de empréstimo no Qarabag por uma temporada. O atacante quer fazer uma grande temporada no Azerbaijão para, depois, pensar no futuro. 

"Meu grande objetivo é fazer boas competições nacionais com o clube. Nos últimos anos, o Qarabag vem ganhando e tendo hegemonia. E, com certeza, fazer uma grande Champions League. Posso voltar mais valorizado ao Paok, ser comprado pelo Qarabag ou outras portas também... Quero aproveitar essa oportunidade que não são todos que tem. Estou muito feliz aqui".