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      Entrevista Willian Farias

      Willian Farias já quis ser lixeiro e 'ladrão', acabou campeão brasileiro e capitão no Vitória

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      Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Com Willian Farias, atleta do Vitória, não foi diferente. Campeão brasileiro com o Cruzeiro e vice da Copa do Brasil pela Raposa e duas vezes com o Coritiba, o volante sonhou, sim, em ser jogador de futebol. Mas antes, teve aspirações de carreira um pouco inusitadas. 

      Em conversa com a reportagem de oGol, Farias lembrou que, quando criança, queria ser lixeiro e pensou até em ser ladrão. Hoje, só rouba a bola de adversários, como volante que é. 

      "A minha mãe costuma brincar comigo que, quando passava o caminhão de lixo, eu achava bacana os caras correndo atrás. Aí a mãe da gente sempre perguntava o que a gente queria ser. 'Eu vou ser lixeiro', eu falava para ela. Eu achava bacana os caras correndo atrás do caminhão. Aí chegou um outro momento que queria ser ladrão. Minha mãe: 'Ladrão?' E acabou dando "certo", porque o lixeiro corre para caramba e hoje sou 'ladrão de bola'. No polícia e ladrão, eu nunca gostava de ser polícia, sempre queria ser ladrão. Aí minha mãe já associou: 'Pô, lixeiro corre para caramba e hoje você é ladrão, ladrão de bola'". 

      Willian, então, foi escrever sua história no futebol. Começou no Coritiba, de sua cidade natal. Lá, foi tetracampeão paranaense, e conquistou também a Série B. A lembrança amarga fica por conta dos vice-campeonatos na Copa do Brasil, em 2011 e 2012. 

      "Inclusive, fiz o gol, o meu primeiro gol como profissional (na decisão contra o Vasco, em 2011). Foi um golaço. O pessoal costuma falar que demora a sair mas, quando sai, é um golaço. Fui eleito o melhor da final mas, infelizmente, o título não veio, perdemos para o Vasco. No ano seguinte, perdemos mais um título para o Palmeiras. Mas para um clube como o Coritiba ir para duas finais seguidas assim é porque o trabalho estava sendo bem feito, pelo Marcelo, diretoria e jogadores", garantiu. 

      A maior conquista da carreira de Willian veio pouco tempo depois: pelo Cruzeiro, de novo com Marcelo Oliveira e Éverton Ribeiro, o volante foi campeão brasileiro. 

      "Ter sido campeão brasileiro, o maior campeonato nacional nosso... Quando você se torna jogador, você tem o sonho de conquistar os títulos maiores. Isso foi um sonho realizado, ter sido campeão brasileiro no Cruzeiro, outro grande clube, acostumado com títulos. Vai ficar marcado na minha carreira, minha memória". 

      Mas a passagem por Belo Horizonte teve também seus dramas. Novamente com Marcelo e Éverton, Willian foi vice da Copa do Brasil, perdendo para o Atlético Mineiro. Após a terceira derrota dos três em uma decisão da Copa do Brasil, será que o volante toparia estar do lado dos companheiros em outra final? 

      "A gente costuma dizer que só conquista quem chega. Quem está chegando toda hora, vai conquistar. Vai que está eu, Éverton Ribeiro e Marcelo Oliveira nas próximas... Quem sabe a gente não conquista, por ter essa experiência de ter perdido e saber o quanto é ruim... Mas eu prefiro estar chegando do que estar morrendo pelo caminho. Só no Brasil que não é valorizado o vice-campeão. A gente não costuma lembrar. Se me perguntar quem foi o vice de 2013, talvez eu não vá lembrar. É até bom a gente não lembrar, porque isso aí motiva, porque só o campeão é lembrado", declarou. 

      Hoje, Willian Farias não luta por títulos, mas contra o rebaixamento pelo Vitória. Após três meses afastado por lesão, o jogador aproveita a parada para jogos de seleções para se colocar em forma para a próxima partida do Leão. 

      ©Maurícia da Matta/Vitória

      "Os médicos têm um pouco de medo de me liberar ainda. Eu me sinto apto, talvez possa me faltar ritmo de jogo, que só adquire jogando. Possa estar faltando fisicamente. Mas a gente só vai saber como vou estar se eu jogar. Eu espero estar, pelo menos, à disposição para a partida contra o Sport. Se vou jogar, ou não, não sei. Deixar qualquer determinação para o Mancini ou para os próprios médicos do clube. O importante é eu estar ali para ajudar", garantiu. 

      Confira mais da conversa de Willian Farias com oGol: 

      Willian, você é paranaense de Curitiba, e começou a carreira no Coxa... Como foi esse teu início de trajetória no futebol?

      Foi bacana, um clube da cidade que eu nasci. Eu sempre tinha o sonho de jogar no Coritiba desde que comecei. Porque era o único time da cidade que tinha as minhas categorias na época, porque eu era bem mais novo. E o Paraná. Mas eu gostava do Coritiba porque a família toda torcia e tudo mais. E ali eu cresci e vivi 12 anos. Disputei títulos paranaenses, perdi da Copa do Brasil. Fui eleito melhor jogador da Copa do Brasil de 2011. Em 2014, fui para o Cruzeiro. 

      Foi complicado ter perdido o título da Copa do Brasil duas vezes, né?

      Inclusive, fiz o gol, o meu primeiro gol como profissional (na decisão contra o Vasco). Foi um golaço. O pessoal costuma falar que demora a sair mas, quando sai, é um golaço. Fui eleito o melhor da final mas, infelizmente, o título não veio, perdemos para o Vasco. No ano seguinte, perdemos mais um título para o Palmeiras. Mas para um clube como o Coritiba ir para duas finais seguidas assim é porque o trabalho estava sendo bem feito, pelo Marcelo, diretoria e jogadores. 

      Você sempre sonhou ser jogador de futebol, quando era menino? 

      Eu praticava muitos esportes. Basquete, vôlei, futebol... Mas chegou um momento que tive que fazer uma escolha. Eu costumo dizer que não fui eu que escolhi o futebol, foi o futebol que me escolheu. Obviamente que, quando você é pequeno, você tem muitas renúncias. Da infância mesmo. De sair com amigos, de ficar até mais tarde na rua... Minha mãe mesmo me 'perturbava'... E eu fui fiel ao futebol, me dediquei. 

      Se não fosse jogador, chegou a pensar em algo? 

      A minha mãe costuma brincar comigo que, quando passava o caminhão de lixo, eu achava bacana os caras correndo atrás. Aí a mãe da gente sempre perguntava o que a gente queria ser. 'Eu ia ser lixeiro', eu falava para ela. Eu achava bacana os caras correndo atrás do caminhão. Aí chegou um outro momento que queria ser ladrão. Minha mãe: 'Ladrão?' E acabou dando "certo", porque o lixeiro corre para caramba e hoje sou "ladrão de bola".  No polícia e ladrão, eu nunca gostava de ser polícia, sempre queria ser ladrão. Aí minha mãe já associou: 'Pô, lixeiro corre para caramba e hoje você é ladrão, ladrão de bola'".

      E o que te fez mudar de ideia e jogar bola? 

      O futebol é aquele sonho que todo mundo tem, você ser reconhecido... Quem nunca teve o sonho de ter jogador de futebol? Primeiro, era só um esporte e depois foi ficando mais sério, ganhando responsabilidade... O que me credenciou nisso não foi eu ter chegado, mas me mantido. Você começa a disputar títulos e o jogador é movido por isso, conquistas, está querendo sempre ganhar. Desde a infância nunca gostei de perder, nem no par ou ímpar. E é isso que nos move. Busca de títulos, vitórias, por você se superar na carreira. Desde pequeno, você vai se superando. A mãe que não tem a passagem para te dar, a alimentação que não é das melhores... É a superação. E a gente vive isso diariamente na carreira. Às vezes uma lesão que tem que se recuperar, às vezes perde posição e tem que recuperar. É essa adrenalina que me credencia estar no futebol até hoje. 

      Você tem uma passagem pelo Cruzeiro e fez 36 partidas em BH. Acredito que aquele ano do título Brasileiro tenha sido bem marcante para você, certo?

      Ter sido campeão brasileiro, o maior campeonato nacional nosso... Quando você se torna jogador, você tem o sonho de conquistar os títulos maiores. Isso foi um sonho realizado, ter sido campeão brasileiro no Cruzeiro, outro grande clube, acostumado com títulos. Vai ficar marcado na minha carreira, minha memória. Não só levantar o troféu, mas todo o ano, as experiências que eu tive... De jogar,  de não jogar e aí de repente você jogar um jogo importante como foi contra o Grêmio, que era o divisor de águas, que estava afunilando o campeonato... Você participar de um vestiário com grandes jogadores, como Fábio, Júlio Baptista, Borges, Dagoberto, Henrique... Isso aí marcou muito. Principalmente porque eu vim do Coritiba, que é de muita expressão, mas não é tão acostumado a brigar por muitos títulos. Aí você chega no vestiário e vê esses caras que venceram tudo na vida, seleção... Então eu levo não só as medalhas, o troféu, mas o dia a dia, que foi muito importante no Cruzeiro. 

      Como foi a chegada em BH? O Marcelo (Oliveira) foi quem te levou?

      Quem me queria era o Alexandre Mattos. Ele já tinha indicado e falado em 2013. Aconteceu que eles me indicaram junto com o Éverton Ribeiro. Na época, o Coritiba acabou não me liberando e liberando o Éverton. Em 2014, como tinha pouco tempo de contrato, o Coritiba acabou fazendo uma certo com o Cruzeiro. E eu já tinha trabalhado com o Marcelo, já sabia a maneira que ele gostava de trabalhar. Um treinador que sabe gerenciar pessoas, algo muito importante no futebol. Estava em casa, porque já conhecia o Èverton Ribeiro e outros jogadores... 

      Já na final da Copa do Brasil, vocês acabaram perdendo para o Atlético. Foi uma decisão bem complicada. Foi difícil para o grupo digerir aquelas derrotas? 

      Foi, porque talvez seria o novo grupo que venceria a tríplice coroa. A gente tinha sido campeão mineiro, o título do Brasileiro tinha acontecido no domingo. E aí, na quarta, a gente poderia ser campeão da Copa do Brasil. A gente ficou chateado por ter perdido, ainda mais para o maior rival do estado. A gente ficou triste pela derrota, a gente que é acostumado a estar disputando e vencendo. 

      Toparia outra decisão com Marcelo e Éverton? 

      (Risos) Mas isso aí faz parte. A gente costuma dizer que só conquista quem chega. Quem está chegando toda hora, vai conquistar. Vai que está eu, Éverton Ribeiro e Marcelo Oliveira nas próximas... Quem sabe a gente não conquista, por ter essa experiência de ter perdido e saber o quanto é ruim... Mas eu prefiro estar chegando do que estar morrendo pelo caminho. Só no Brasil que não é valorizado o vice-campeão. A gente não costuma lembrar. Se me perguntar quem foi o vice de 2013, talvez eu não vá lembrar. É até bom a gente não lembrar, porque isso aí motiva, porque só o campeão é lembrado... 

      Você já está no seu segundo ano de Vitória, sempre titular... Mas teve essa lesão aí que vem te tirando dos gramados nos últimos meses. Foi bem difícil esse período que você ficou fora, né?

      Foi complicado. O Vitória, no momento que eu me machuquei, passava por um momento turbulento, de transição, de mudança de treinador, diretoria, até no roupeiro... Então era um momento de transição e eu senti, porque poderia estar ali para ajudar. Infelizmente, por conta da lesão, fiquei fora por muito tempo. Está indo para o terceiro mês e estou voltando a todo vapor. Que bom que o time melhorou. Costumo dizer que hoje é outro clube, não é o mesmo Vitória. O Mancini tem uma parcela grande nessa mudança, tando dentro, quanto fora de campo. 

      E agora, já está preparado para voltar? 

      Os médicos têm um pouco de medo de me liberar ainda. Eu me sinto apto, talvez possa me faltar ritmo de jogo, que só adquire jogando. Possa estar faltando fisicamente. Mas a gente só vai saber como vou estar se eu jogar. Eu espero estar, pelo menos, à disposição para a partida contra o Sport. Se vou jogar, ou não, não sei. Deixar qualquer determinação para o Mancini ou para os próprios médicos do clube. O importante é eu estar ali para ajudar. Não são nsó os 11 jogadores que fazem a diferença. Desde quem lava a roupa até quem faz o gol, é todo mundo importante. Para as pessoas lembrarem que, por trás de 11 jogadores, existe uma logística muito grande que só funciona através dessas pessoas. 

      Brasil
      Willian Farias
      NomeWillian Roberto de Farias
      Data de Nascimento/Idade1989-06-06(34 anos)
      Nacionalidade
      Brasil
      Brasil
      Dupla Nacionalidade
      Itália
      Itália
      PosiçãoMeia (Volante)

      Fotografias(8)

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