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    Agora, atacante participa da reconstrução da Chape

    Campeão na França, Túlio confessa que 'coração' o levou para Chapecó duas vezes

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    Túlio de Melo ganhou o mundo jogando futebol. Títulos, fama, amigos e histórias. Só que o mundo da bola sempre o levou para Chapecó. Lá, o atacante, hoje com 32 anos, ganhou e perdeu amigos, viveu encontros e reencontros, alguns desencontros e outras cicatrizes, mesmo que não físicas.

    Em 2017, o jogador recebeu a "convocação" para fazer parte da reconstrução da Chapecoense, em sua segunda passagem pelo clube. Recebeu em um telefonema do amigo Neto, e não pôde negar. 

    Antes de Chapecó, o sonho na França 

    Muito antes de desembarcar em Chapecó, Túlio de Melo fez carreira na Europa. Durante mais de uma década, colecionou feitos no continente, como conta em conversa com a reportagem de oGol.

    "Foram 11 anos. Eu trago uma experiência de vida gigante. Aprendi muito. Vivi culturas totalmente diferentes da nossa. Consegui realizar meu sonho, como atleta, que era jogar na Europa, ganhar títulos na Europa. Me tornei cidadão francês, pelo tempo que fiquei lá. Experiência que vou levar para a vida inteira e que guardo com muito carinho", lembrou. 

    ©Getty / Jamie McDonald

    As melhores lembranças de Túlio da Europa são do tempo em que atuou no Lille. Por lá, conseguiu um surpreendente título francês e da Copa da França por uma equipe que fazia muito tempo que não era campeã.  

    "Pelo fato de ter ficado seis temporadas lá, ter sido campeão francês, da Copa da França... É uma geração que marcou. Mais de 50 anos que o time não ganhava um título. Fomos campeões logo dos dois torneios mais importantes da França no mesmo ano. Fiz muitas amizades morando ali, com jogadores que a gente guarda contato até hoje. Esportivamente, foi excelente, muito bom. Participei da grande evolução do Lille, que antes era um time mediano e se tornou top na França", relembrou. 

    "Vários jogadores que atingiram um nível internacional muito alto, jogadores de suas respectivas seleções, jogadores que hoje vários estão em grandes clubes. Prova o valor daquele time naquela época", completou.

    O primeiro encontro com Chapecó e a tragédia

    Depois do Lille, o atacante seguiu na Europa. Defendeu ainda Évien, da França, e Valladolid, da Espanha. Foi então que o coração falou mais alto, e houve seu primeiro encontro com Chapecó. 

    qFiquei chocado. Por alguns dias, não quis contato com ninguém. Muito triste perder vários amigos, todos os familiares também que perderam seus entes queridos... Foi uma tragédia terrível

    "Na minha cabeça, não jogaria mais no futebol brasileiro, não tinha esse desejo. Pelo fato da organização, calendário brasileiro, que é inapropriado, não tinha vontade nenhuma de voltar a jogar no Brasil. Mas foi uma situação pessoal. Meu filho mais velho já vinha há tempos me cobrando de ficar mais perto dele. Foi por isso. Para ficar mais perto dele... Estava sentindo também muita falta, de ter mais contato com ele. Ele nasceu na França, mas depois veio para cá. Já tinha mais de 11 anos lá (Europa), mas, graças a Deus, voltei, fui para a Chape para fazer uma boa temporada sem pensar em grana. Quando você vem para a Chapecoense, no meu caso, que estava na Europa há um tempo... Não vim pelo dinheiro", confessa. 

    Foram seis gols em 17 partidas. A passagem em Chapecó não durou muito, e logo Túlio se mudou para Recife. Mas os amigos seguiram na Chapecoense. 

    Em 2016, o pesadelo. Assim como muitos brasileiros, Túlio não acreditou quando recebeu a notícia do acidente que vitimava grande parte da delegação da Chapecoense na Colômbia. 

    "Foi um dia muito triste. Minha esposa me acordou chorando, gritando, contando o que tinha acontecido. Eu, meio incrédulo, achando que estava sonhando... Fiquei chocado. Por alguns dias, não quis contato com ninguém. Muito triste perder vários amigos, todos os familiares também que perderam seus entes queridos... Foi uma tragédia terrível", lamenta. 

    A convocação para o recomeço

    2017 é o ano do recomeço da Chapecoense. Túlio não poderia deixar de fazer parte disso. Quando recebeu ligações pedindo sua volta para Chapecó, não pensou duas vezes. 

    "Eu fui convidado pelo amigo e vice-presidente do clube aqui, que é o Nei Maidana. Logo depois, o próprio Neto (zagueiro) me mandou mensagem, quando estava no hospital ainda, me convocando para voltar. Naquele momento, não era meu plano. Tinha uma proposta para fora do Brasil interessante. Mas depois de tudo que aconteceu, eu me senti não obrigado, mas senti muito forte em mim que eu tinha que estar aqui. Eu conheço os valores do clube, muita gente que permaneceu. Eu acho que eu tinha que voltar. Foi uma decisão do meu coração de voltar para a Chape". 

    © Sirli Freitas / Chapecoense

    Túlio lembra bem do reencontro com o clube e com antigos companheiros. Ver de perto as marcas que a tragédia deixou provocou fortes emoções no jogador. 

    "Voltar para cá, passar pelos mesmos lugares que passamos com os amigos, ver o Neto, poder ver de perto as marcas, as cicatrizes que a tragédia deixou... Foi algo muito forte para mim. Algo que a gente nunca vai esquecer", revela. 

    O ano da reconstrução 

    A Chapecoense se reconstrói depois da tragédia com um time todo novo. O início foi promissor, com título Catarinense e boa campanha na Libertadores. Túlio vê com bons olhos o trabalho feito pela diretoria.

    "Eu acho que a diretoria foi muito feliz nas contratações. Conseguimos fazer resultados bons, sendo campeões catarinenses, mantendo os títulos que nossos amigos tinham ganhado, e passamos de fase em campo na Libertadores. Fomos tirados por motivos extra campo, mas passamos no campo. Começamos bem o Brasileiro, agora demos uma caída, mas é muito difícil um ano de reconstrução. A gente vai fazer o máximo para que, no final do ano, todo mundo fique feliz com os resultados da Chape", promete.

    O atacante já fez 33 partidas no ano, tendo marcado os mesmos seis gols de 2015. Recentemente, o Verdão do Oeste perdeu Rossi, mas trouxe mais reforços para o ataque, aumentando a concorrência para Túlio. 

    ©Getty / Buda Mendes

    "Mais opção para o treinador, mais concorrência. Nosso elenco é pequeno. É grande se for contar os meninos da base que treinam com a gente, mas nosso elenco é bem enxuto. Então é importante trazer mais jogadores. Se um jogador se machuca, a gente fica sem opção. Então tudo que venha para somar nesse projeto de reconstrução é interessante", analisa.

    Túlio não faz planos para o futuro. O jogador promete, apenas, se entregar em campo pela Chapecoense, ajudando o clube a se reconstruir o mais rápido possível. 

    "Hoje em dia, não faço planos de carreira. 32 anos, 33 em breve. Não faço planos pelas experiências que tive no futebol. Várias vezes você imagina um cenário, e um ano depois acontece completamente diferente. Aparece situações de outros lugares que você não imaginava, e você tem que tomar decisão ali na hora. Então eu procuro viver o presente, desfrutar ao máximo o presente e me doar ao máximo ao time que estou. No momento é a Chape, então vou me doar ao máximo. A reconstrução da Chape foi feita de uma maneira muito boa. O momento mais difícil da reconstrução, já passou. Hoje vejo a Chape como um time já estruturado, com problemas normais. Acho que já está bem encaminhado em termos de evolução. Em relação ao meu futuro, só penso no jogo, dar o meu melhor onde eu estiver". 

    Brasil
    Túlio de Melo
    NomeTúlio Vinícius Fróes de Melo
    Data de Nascimento/Idade1985-01-31(39 anos)
    Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    PosiçãoAtacante (Centroavante)

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