Rogério Ceni deu sua primeira coletiva em seu novo cargo no São Paulo. O técnico se disse motivado pelo desafio de comandar o clube em que fez carreira e explicou que não poderia recusar a oportunidade, mesmo ciente de que ainda precisa aprender muito como treinador.
Ceni passou o segundo semestre de 2016 fazendo cursos na Federação Inglesa e conhecendo o trabalho de técnicos, principalmente da Inglaterra. Ídolo do São Paulo, o ex-goleiro reconheceu que poderia ter tido mais tempo de preparação, porém citou conselho de Slaven Bilic, do West Ham, para justificar sua decisão de começar logo a carreira como técnico.
"Ele falou que às vezes a gente espera uma oportunidade perfeita, e ela é tão perfeita que nunca acontece", disse Ceni, antes de dizer que não conseguiria recusar o chamado do Tricolor.
"Meu coração me disse que se o São Paulo me chama para uma oportunidade como essa, eu jamais poderia recusar. A profissão não se trata só de conhecimento dentro do jogo, mas da gestão de pessoas fora dele. Não só do treinador, mas de uma equipe. Quando tem essa simbiose e união, quando as partes caminham com o mesmo pensamento, tudo pode acontecer de melhor para o clube", argumentou.
Ceni tentou tirar o máximo de seus dias na Europa para aprender estilos de trabalho diferentes. O técnico tricolor avaliou como proveitosa sua experiência, e elogiou principalmente os dias com Jorge Sampaoli, no Sevilla.
"Foi um ano de muito aprendizado. Pude estar no Liverpool, Chelsea, no Southampton, com um técnico com história parecida com a minha. O Slaven Bilic, do West Ham, do nosso ex-jogador Calleri. No Watford, onde fui muito bem recebido, com o Walter Mazzarri, dentre outros clubes. Por último com o Sampaoli, no Sevilla. Foi muito proveitoso. Uma semana de preparação. Foram experiências importantes. Assisti muitos jogos e pude tentar tirar e extrair o máximo de conhecimento da Inglaterra, que para mim é o supra-sumo em termos de organização e competitividade", disse.
Por fim, Ceni disse ser movido a desafios e explicou que pretende exercer um comando com lealdade e sinceridade, mesmo que isso possa desagradar a alguns.
"O que me move são os grandes desafios. Vejo o São Paulo como um grande desafio. Onde tive uma carreira completa, da base até ser capitão, o último jogo da carreira. Meu pai dizia que só erra quem decide. Tentei montar uma equipe de trabalho muito boa para isso. Vamos fazer o máximo para ter um elenco forte", garantiu, para depois citar Mário Sérgio, morto na tragédia da Chapecoense, para explicar que tipo de relação pretende ter com o grupo.
"Objetividade, lealdade, honestidade (são fundamentais). Te dou o exemplo do Mário Sérgio, que infelizmente faleceu. Me chamou em 1998 e disse que não gostaria que eu batesse faltas. Entendi a colocação dele, respeitei. No tempo que ele trabalhou aqui, não bati falta. Mas ele foi sincero. Nem sempre vamos agradar a todos os atletas", disse.