Tyroane Joe Sandows, ou Ty, fazia parte de um projeto social que trouxe 12 crianças da África do Sul ao Brasil na época da Copa no país africano. Dos 12 meninos, apenas Ty permaneceu no país.
"Eu precisava disso para seguir meu sonho, meus pais me apoiaram. Não olhei como uma grande coisa. Hoje em dia quando eu olho, vejo diferente, mas na época eu olhei e falei que tinha que fazer o máximo para buscar meu sonho", disse o jogador em contato por telefone com a reportagem de ogol.com.br.
Ainda com certo sotaque, que não deixa dúvida que é de outro país, Ty consegue desenvolver bem o português. O jovem revela que a língua foi a principal barreira quando veio para o país.
"A questão da língua eu acho que foi uma barreira, mas o resto acho que foi tranquilo. No futebol é tranquilo. No início o pessoal me ensinou a palavra toca, e eu só falava toca. O resto acho que eu pegava no olho. Observava e fazia", disse, aos risos.A primeira experiência do garoto no Brasil foi em Cotia, nas categorias de base do São Paulo. Ty garantiu que gostou da passagem pelo clube por ter jogado em "uma das melhores bases do mundo e estar competindo com jogadores de alto nível faz com que seu futebol cresça a cada dia".
Depois do São Paulo, Ty foi defender outro tricolor: o Grêmio. Por pouco, o destino do jogador não foi o futebol europeu, onde chegou a trabalhar no PSV.
"Cheguei a ir pra Holanda, fiquei uma semana para ver a adaptação, mas não deu certo. Acabei voltando ao Brasil e escolhi o Grêmio", disse.
A adaptação em Porto Alegre não foi muito diferente da em São Paulo. Ty logo se sentiu á vontade no Sul. Com o Grêmio, o jogador vem disputando competições criadas nos últimos anos pela CBF, como a Copa do Brasil Sub-20 e o Campeonato Brasileiro da categoria. O atleta analisa de forma positiva a criação dos torneios.
"Acho essas competições muito importantes, servem para você avaliar em que nível você está e também serve como um vitrine para mostrar seu futebol", comentou.
Visto em Porto Alegre como uma das promessas do Grêmio, Ty sonha em defender a equipe principal do Tricolor. Jogador de lado de campo, o sul-africano se vê com chances no profissional.
O atacante elogiou o técnico do time principal gremista, Roger, com quem já teve a oportunidade de conversar nos treinos do Sub-20 com a equipe profissional.
"Ele vem realizando um grande trabalho, conseguiu resgatar a raça e a vontade que Grêmio estava precisando para ganhar os jogos. De vez em quando quando a gente faz coletivo contra o time profissional, ele acaba conversando com a gente da base para passar algumas orientações para nos ajudar".
Se o profissional do Grêmio parece ser o futuro certo de Tyroane, o jogador ainda não definiu por qual seleção pretende jogar no futuro. Cotado para ser convocado para a África do Sul para o Pré-Olímpico, o atleta deixa em aberto uma possibilidade de defender a seleção brasileira.
"É uma coisa que preciso realmente pensar. Ainda tenho um sonho de jogar pela seleção brasileira, mas isso é uma decisão que precisa ser tomada com calma. Eu e a minha família vamos discutir isso para tomar a melhor decisão que vai beneficiar a minha carreira", afirmou.
Uma Copa do Mundo está nos planos de qualquer atleta, e com Ty não é diferente. Porém, a camisa que o atacante gremista veste no Mundial dos sonhos ainda é um mistério.
"Eu acho que o primeiro pensamento é subir para o profissional do Grêmio e, depois disso, me firmar com titular da equipe. O meu maior sonho é jogar uma Copa do Mundo, resta saber pelo que país (risos)".