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Zanetti, o Super-Homem nerazzurro

Texto por ogol.com.br
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Javier Zanetti é daqueles atletas que desafiam o tempo. De tal forma que em certo momento pareceu sobre-humano. Gerações de jogadores despontaram, chegaram ao auge e se aposentaram enquanto o capitão da Internazionale seguia referência, como que imune às intempéries. O argentino acabou por imortalizar a camisa 4 do time italiano, e deixou os gramados como uma daquelas raras unanimidades, respeitado mesmo pelos rivais.

A história de Javier Zanetti se confunde com a das últimas décadas da Inter de Milão. Mas os primeiros passos foram na Argentina, e foram duros. Ainda adolescente, Zanetti aprendeu a lidar com a frustração e a seguir em frente, em uma ética de trabalho que o acompanhou pela carreira.

De rejeitado a Trator

Pode parecer curioso hoje, mas o jogador que ficou conhecido entre outras virtudes por seu vigor físico teve sua primeira grande decepção no futebol justamente pela ausência dele. Zanetti tinha tudo para realizar o seu sonho de infância atuando nas categorias de base do Independiente, mas acabou dispensado por conta de seu porte pouco avantajado na época.

De família humilde, Zanetti teve de esquecer a frustração para focar na escola e em pequenos trabalhos com a família. Foi entregador de leite com o primo, ajudante de pedreiro ao lado do pai, e em meio a isso encontrou uma vaga no modesto Talleres de Remedios de Escalada.

A rotina de acordar às 4h para abastecer supermercados e depois correr para os treinos no Talleres durou pouco tempo. Logo ficou claro que o seu lugar não era na segunda divisão argentina. O salto para a elite veio em 93, com a camisa do Banfield, um ano depois de sua estreia profissional. Dois anos depois e daria mais um salto, para a Itália, por 6,5 milhões de dólares, como uma das grandes contratações do início da "Era Massimo Moratti", presidente que trouxe para a outra lateral nada menos que Roberto Carlos.

O menino franzino dispensado pelo seu físico se tornou um jogador de sucesso e recebeu o apelido de Trator. Mas o investimento da Inter em grandes nomes não deu resultado imediato. Por muito tempo Zanetti teve de conviver com a falta de títulos.

O capitão e colecionar de títulos

A primeira conquista foi em 1998, na Copa Uefa. Mas seriam precisos outros sete anos para levantar o segundo troféu. Apesar do tempo de vacas magras, Zanetti logo se tornou ídolo, e passou a usar a braçadeira de capitão a partir de 1998, primeiro em algumas ocasiões, até ser o dono da faixa.

A maré mudou a partir de 2005, e certamente o escândalo que levou à Juventus para a Série B ajudou a Inter a se estabelecer como grande força da Itália nos anos seguintes. Foram cinco títulos do Italiano, quatro da Copa, quatro da Supercopa, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes.

O auge foi mesmo em 2010, quando a Inter conseguiu uma inédita Tríplice Coroa. Foi campeã da Itália, da Copa e da Liga dos Campeões na mesma temporada. Um ano que foi selado ainda com a conquista do Mundial. Foi também o início do fim desta era dourada para o time de Milão.

O versátil "Super-Homem" e seus recordes

Zanetti ainda jogaria por quatro anos na Inter antes de se despedir dos gramados. Foram 861 jogos pela equipe nerazzurri, um recorde. Os seus 619 jogos no Italiano fazem dele o recordista entre jogadores nascidos fora da Itália. Foram 1103 jogos como profissional, o colocando em uma lista seleta de atletas que passaram das mil partidas. Não à toa Moratti o chamou de Super-Homem da Inter.

A longevidade de Zanetti deve muito ao seu físico invejável, superando novatos mesmo perto dos seus 40 anos. Mas o futebol do argentino foi muito além disto. A sua consistência em campo era tamanha que Bergomi, o ex-capitão e recordista anterior de jogos da Inter, chegou a dizer que Zanetti "nunca falha" e que desde o primeiro treino era possível apostar em seu sucesso.

Versátil, embora seja mais lembrado por seu desempenho na lateral direita, atuou boa parte da carreira no meio-campo, como volante ou mesmo ala, e não tinha dificuldades de desempenhar com a mesma eficiência o papel na lateral esquerda. Inteligente, com uma leitura do jogo fora do comum, líder, sério, exemplo de profissional... Um jogador completo. É difícil apontar um defeito em seu jogo.

Na seleção argentina, Zanetti acabou por ser vítima da longa seca de títulos do país. Mesmo assim, o lateral fez 143 jogos com a camisa albiceleste e foi por muito tempo recordista, sendo ultrapassado por Mascherano em 2018.

Zanetti foi uma rara mistura de talento com outras virtudes - vigor físico, perseverança, liderança, lealdade, dedicação, profissionalismo e humildade. Uma combinação que lhe rendeu o merecido reconhecimento ao fim de sua longa carreira como um dos grandes do futebol, ídolo na Inter e um exemplo para as novas gerações.

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Javier Zanetti (ARG)
Javier Zanetti (ARG)

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